Capítulo 10

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No dia seguinte, Elissa chegou da escola perto das quatro horas da tarde. Assim que desceu do carro de Jillian, na entrada de casa, avistou Ryan. Ele estava sentado no alto de um pedregulho, nos limites do parque estadual, olhando para as árvores. Elissa deu um longo suspiro, esperando o carro de Jillian desaparecer rua acima. Não tinha falado com Sarah a manhã toda e planejava continuar em silêncio por tanto tempo quanto fosse possível. A noite passada tinha sido um desastre. Sua mãe tinha sido tão agressiva com Ryan, sentada à mesa como se tivesse o controle da situação, tomando vinho como se fosse água. Se alguém naquele jantar parecia com algum tipo de maníaco, esse alguém era Sarah.

Elissa caminhou pelo gramado e cruzou os limites do terreno da casa de Ryan, sabendo que Sarah iria odiar que ela estivesse fazendo aquilo. Quando estava a poucos metros de distância, Ryan se virou, dando um sorriso discreto.

– Ryan, eu não sei nem o que falar a você. Me desculpe pela cena horrorosa que a minha mãe fez ontem – Elissa disse, envergonhada.

Ryan olhou para o chão.

– Não tem problema – respondeu calmamente, cutucando as unhas das mãos.

– Tem problema sim. – Elissa escalou a pedra, se apoiando nas saliências naturais para se erguer até onde ele estava. – Espero que você não tenha levado muito a sério. Foi só um caso clássico de paranoia materna.

Ryan olhou para o espaço entre eles e balançou a cabeça.

– Nós não devíamos estar sozinhos – disse. – Lembra?

Elissa deu de ombros. Quem era sua mãe para dizer a Ryan Jacobsen o que ele devia ou não devia fazer? Eles eram vizinhos, nada além disso – ele não devia nada a ela. Só então ela escutou o telefone tocando dentro de sua casa, do outro lado do gramado. Na sequência, seu celular vibrou. Ela queria ignorar, mas sabia que sua mãe ficaria muito mais desconfiada se não atendesse. Do outro lado da linha, a voz de Sarah era suave.

– Oi, querida. Eles me deram o turno da noite hoje de novo. Não vou voltar para casa antes das onze. Você vai ficar bem?

Elissa olhou para Ryan, sentindo uma leve ponta de culpa.

– Vou sim. Sem problemas.

– E você se lembra do que nós combinamos? – Sarah acrescentou.

– Claro que sim. Como poderia me esquecer da noite passada? – Elissa disparou de volta. – Mais tarde a gente se fala, então. Tchau. – Ao desligar o telefone, sentiu um frio na barriga, seu estômago se revirando todo. Mentir não era algo fácil para ela, nunca foi. Mas ela também não estava disposta a ceder assim às ordens de Sarah. Não era porque sua mãe tinha estragado tudo na escola, que ela faria o mesmo.

Quando Elissa colocou o celular de volta no bolso, Ryan estava olhando para ela, com uma expressão séria.

– Eu sou obrigado a insistir que nós dois não devíamos estar juntos.

– Pode confiar em mim. Se a Sarah queria me fazer obedecer a alguma regra, ela devia ter começado uns cinco anos atrás. Agora é tarde demais para isso. – Elissa apontou para a sua casa. – Eu programei o telefone de casa para passar as ligações para o meu celular.

Ryan deu risada.

– Isso é meio que desonesto da sua parte.

– Sou eu quem está tentando protegê-la.

– Tá certo... – ele riu de novo. – Bom, tecnicamente, não estamos em nenhuma casa. O acordo está sendo cumprido.

Elissa se aproximou dele, olhando para o parque, tentando ver o que ele via.

A última casa da ruaOnde histórias criam vida. Descubra agora