Capítulo 12

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– Essa eu não entendi – Jillian disse, dobrando as pernas embaixo de si. – Talvez seja aquela coisa do estresse pós-traumático.

– Ele simplesmente me botou para fora de casa – Elissa continuou. – De uma hora para outra, ele disse que eu tinha que sair.

Impressionada com a história que sua amiga lhe contava, Jillian tomou o último gole de sua soda diet, fazendo barulho com o canudo.

– Se eu fosse você, desencanava desse cara por uns dias. Dava um gelo nele. Não tem conversa.

Elissa apertou o braço do violão, olhando para fora do celeiro. Robbie e Jake estavam se aquecendo e a melodia de uma música – uma música sua – preenchia o ar.

– Ainda não falei com ele. Só queria saber o que foi que aconteceu – Elissa desabafou, chateada. – Parecia que estava tudo bem, que a gente estava se divertindo. Mas então, de uma hora para outra, ele simplesmente pirou.

Assim que Elissa terminou a frase, seu celular tocou. O nome de Ryan apareceu na tela. Ela abriu o telefone devagar, se perguntando se era possível que, de algum jeito, ele tivesse sentido que as duas estavam falando a seu respeito. Quando atendeu a chamada, não disse nada.

– Elissa? Você está aí? Sou eu – Ryan falou, do outro lado. Queria muito ver você.

O que foi que aconteceu na outra noite? – Elissa se levantou e foi para um canto do celeiro, apertando o dedo no ouvido para abafar a música ao fundo.

– Me perdoe por aquilo... Eu... – Ryan estava falando de um jeito estranho, como se não tivesse muita certeza do que queria dizer.

– Tudo bem com você? – Elissa perguntou.

Atrás dela, Jake tocou as últimas notas no baixo, terminando seu aquecimento.

– Ei! A gente vai fazer um som logo ou o quê? – Robbie estava logo atrás dele, regulando os amplificadores.

– Eu preciso ver você – Ryan respondeu. – Tem umas coisas que eu tenho que te contar.

Elissa olhou para o outro lado do celeiro, onde Jake andava em círculos, tocando algumas notas aleatórias. Uma pausa de dez minutos tinha se transformado em uma pausa de trinta, e mesmo esse tempo não tinha sido suficiente para Elissa contar a Jillian o que tinha acontecido na casa de Ryan, duas noites atrás. Jake mais parecia que ia dar com o baixo no chão a qualquer momento se Elissa não desligasse o telefone e voltasse para o ensaio.

– Também quero ver você – ela respondeu. – Mas agora eu vou ter que desligar. Hoje à noite, vou tocar no festival de bandas na escola. Por que você não aparece por lá?

Um logo silêncio se fez, antes que Ryan conseguisse dizer algo que se parecesse como um “tudo bem”. Elissa desligou o telefone sentindo um milhão de coisas ao mesmo tempo – alívio, euforia, nervosismo, confusão. O que afinal ele queria contar? Será que tinha percebido como ela estava magoada por causa do outro dia? Por que diabos ele tinha pirado daquele jeito?

Jillian apareceu, de repente, ao lado dela.

– Eu ia perguntar quem era no telefone, mas pelo sorriso no seu rosto já dá para imaginar.

Elissa fez que sim com a cabeça, enfiando de vota o telefone no bolso.

– Ele vai aparecer no festival hoje à noite. Disse que quer me ver.

Se dependesse dela, teria ficado ali mesmo, conversando com Jillian, mas Robbie deu um grito do outro lado do celeiro.

– Será que as duas comadres podiam parar de conversar um pouco? Nós só temos mais duas horas antes do show. Vem logo, Lissa! O rock’n’roll precisa de você.

A última casa da ruaOnde histórias criam vida. Descubra agora