QUANDO O AMOR CHEGA

Capítulo 1

CLARISSA

Clarissa olhou para aquela imensidão de pastos com lindas elevações que deixava a imagem mais bonita, ela se descobriu amando isso tudo com 21 anos nunca tinha saído da cidade grande Cuiabá para o interior ate receber o convite de sua nova amiga Aída que conheceu a dois anos quando foi trabalhar na mesma escola que ela como professora do ensino fundamental.

Uma amizade que foi construída devagar por sentirem que tem opiniões iguais começando pela mesma profissão e seguindo por uma necessidade de ter a companhia uma da outra já que as duas moravam sozinhas e estavam longe de suas famílias ela resolveu sair de casa para morar no bairro onde ficava a escola em que trabalha e Aída por ter sua família que morra em Sorriso interior do Mato Grosso.

Quando Aída falou que ia passar as férias de julho na casa de sua família porque estava com muita saudade de sua mãe e de seu irmão Adrian, me fez o convite não pensei duas vezes e aceitei com a perspectiva de conhecer a fazenda que Aída me descrevia com grande orgulho, nascido e criada no interior do estado e falar que eles tinha uma fazenda a 80 kl, que foi construída por seu pai que começou do nada quando chegou em 1081 vindo do Rio Grande do Sul enfrentando muitas dificuldades por falta de estradas, falta de logística onde so tinha área degradada e hoje era uma das fazendas de gado mais prospera da região.

Segundo ela estávamos chegando faltava 20 km, vi no semblante de minha amiga que ela estava com uma aparência melhor agora que estava perto de ver seus parentes, na noite anterior quando chegamos na sua casa na cidade vi a decepção no rosto dela quando uma funcionária da casa falou que sua mãe tinha indo para a fazendo para fazer companhia para seu irmão que decidiu que não ia mais voltar para a cidade e ia ficar morando de vez na fazenda. Na hora vi minha amiga que estava tão contente mudar e demonstrar para um semblante triste, por mais que senti uma curiosidade em perguntar o que estava acontecendo não quis fazer nenhuma pergunta deixei ela a vontade para ela falar na hora que tivesse vontade.

- Clarissa vou te explicar o que esta acontecendo porque se chegar la em casa e não for bem recebida pelo meu irmão e porque ele esta deixando a depressão tomar conta dele.

- Como assim Aída?

- Vou ter contar tudo.... meu irmão hoje esta com 36 anos, quando ele tinha 25 estava no auge de sua juventude tinha se formado e já trabalhava em uma firma de advocacia, saia cada dia com uma mulher diferente uma mais bonita que a outra, em uma noite de farra com os amigos ele estava bêbado e não queria dirigir e sua acompanhante como não tinha ingerido bebida alcoólica pediu as chaves para levar ele para casa, mas o destino e tão cruel que eles se depararam com outro motorista inconsequente que estava alcoolizado e atrás do volante e vinha na contramão e para não bater de frente a amiga de meu irmão desviou e perdeu o controle do carro que capotou várias vezes até parar às margens da pista, o corpo do meu irmão foi lançado para fora do carro, que ficou completamente destruído.

Fiquei arrepiada com essa historia que parecia ser muito dolorosa para minha amiga, ter que relembrar para me contar e não quis comentar nada para deixar ela finalizar seu relato.

- A amiga de meu irmão so sofreu escoriações, mas ele sofreu inúmeros traumatismos, fraturas ósseas e problemas em órgãos vitais, como cérebro, coração e pulmões e ficou em coma por 7 meses na UTI, com sua alimentação sendo feita pela veia chamada de nutrição parenteral, uma solução que contém proteínas e aminoácidos e para hidratar o corpo, recebeu um soro com sódio, potássio e glicose.

Como deve ter sido difícil minha amiga e sua família passar por tudo isso.

- Recebemos do medico orientações de que se ele conseguisse sobreviver poderia ficar varias seqüelas...

Notei que ela tirou a mão do volante para limpar uma lagrima que caia em sua face, comecei a me sentir melancólica com toda essa historia triste.

-quando ele saiu do coma, descobrimos que ele estava com cegueira cortical, e desde então ele esta cada dia mais se afundando nessa depressão, e isso faz com que todos nos soframos muito, minha mãe principalmente fico muito triste de ver ela nessa situação porque ele nao quer ajuda de ninguém se acha um inútil e com o tratamento na psicologa ele tinha demonstrado uma melhora mas com essa noticia dele esta na fazendo acho que a depressão voltou.

- Mas porque você acha isso?

- Porque ele queria se isolar do mundo indo para a fazenda e nos o tempo todo conversávamos e falávamos que nos gostaríamos que ele ficasse na cidade com nos, para que assim pudéssemos ajudá-lo nessa nova face da vida dele que não foi fácil, tivemos que adaptar tudo para facilitar sua vida dentro de casa, mas o tempo todo com muito amor não sentido como uma obrigação.

-Mas ele achava que so estava dando trabalho e cada dia mais fomos percebendo sua diminuição de interesse ou prazer em quase todas as atividades ele tem muito Insônia alegando que tem muitos pesadelos, sentimentos de desvalorização e culpa excessiva quase todos os dias por estar nessa situação, e meu medo maior são os pensamentos recorrentes acerca da morte, por isso temos medo dele querer morar sozinho.

Como eu não tinha o que dizer para minha amiga ficamos em silencio cada um com seu próprio pensamento.

Me deu um frio na barriga pensar na possibilidade dele comete suicídio porque de acordo com a organização mundial de saúde, todo ano, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio, enquanto muitas outra tentam, em vão tirar a própria vida. No Brasil, estima se que 40% dos casos não sejam notificados. Mesmo assim, acontece um suicídio a cada 40 minutos

Eu entendi a situação do irmão da minha amiga porque sou uma pessoa que sempre sofreu com baixa autoestima por me sentir inferior que os outros me levando a um tratamento por muitos anos com psicóloga. Baixa autoestima essa que aprendi a ter dentro da minha própria casa, desde criança minha mãe me tratava com imensa diferença em relação a minha irmã. A todo momento ela tentava me colocar para baixo, eu tenho a auto-estima destruída, pois tudo que partia de mim, minha mãe criticava, a minha cor, meu cabelo, meu corpo. E sempre me compara com minha irmã, sempre a colocando em posição de vantagem, é claro que minha Irma sempre estava ela e loira do olho azul e eu morena e de cabelo encaracolados e um pouco fora de peso para uma menina de 10 anos. Ate hoje me sinto muito abalada, as vezes estou num dia super bem, e minha mãe aparece na minha casa e com suas conversas me deixa completamente desestabilizada, ela consegue sugar todas as minha energias.

- Olha Clarissa la esta a sede da fazenda! Falou Aída apontando para uma casa linda fiquei maravilhada com visão de um alugar lindo parecendo uma pintura de uma tela que sempre observava na recepção do consultório da minha antiga psicóloga.

Aída estacionou na entrada da casa com um gramado lindo e muitas rosas de todas a cores que ia ate a entrada principal da casa.

-Aída...

Vi uma mulher loira bem alta aparentando ter uns 50 anos vir em nossa direção com um sorriso largo no rosto.

-Mae Aída fala e corre em direção a sua mãe dando a ela um abraço bem apertado,  elas ria e chorava ao mesmo tempo, fiquei ate com inveja no amor das duas nunca ganhei um abraço assim de minha mãe.

- Mãe essa e Clarissa aquela minha amiga e colega de trabalho! Clarissa essa e minha mãe Norma.

-Prazer em conhecer a senhora! e estiquei minha ao mão pra cumprimentar ela ignorou e me puxou para um abraço apertado.

- O prazer e meu Clarissa e seja bem vinda minha filha.

-Obrigado! Disse me surpreendendo com esse gesto de carinho dela.

-Vamos entrar vocês devem estar cansadas da viagem.

Pegamos a mala e entramos me deparando com uma sala enorme com decoração típica do interior com todos os moveis feito de madeira.

- E por aqui Clarissa vc fica nesse quarto o da Aída e o do frente, fica a vontade. Ela sai fechando a porta e fico observando como o quarto de visitas e lindo e enorme imagina os quartos deles dever ser o dobro, me jogo na cama e fico olhando para o teto e analisando como e bom estar nesse lugar.