Jensen não sabia mais o que fazer, estava enlouquecendo aos poucos, e não podia fazer absolutamente nada para mudar sua situação. As vozes em sua mente diziam as piores coisas que ele já ouvira na vida, uma lamúria eterna, gritos e ódio. O telefone toca, Jensen corre para atender. Era seu pai.
-Oi pai. - Disse Jensen ainda com a voz vacilante.
-Preciso falar com você, me ligaram da escola, e parece que você não comparece às aulas, desde minha última ida para casa. - Jensen sabia que estava encrencado com a história, e que seu pai acabaria indo mais cedo para casa, e desta vez ele não sabia onde poderia esconder Leana que estava altamente ferida. - Já falamos sobre isso, a confiança é tudo, ou será que devo parar de confiar em você?
-Ah, não, é que...
-Nada disso, esta é a última vez que isso acontece, ou você começa a fazer as coisas da maneira certa ou então te levarei para a casa de seu tio como no último verão.
Jensen nem mesmo estava prestando atenção no que seu pai dizia, a única coisa que tomava sua atenção eram as vozes que não cessavam.
-Me entendeu? - Perguntou o pai de Jensen em um tom autoritário.
-Sim, nos falamos depois então. - Disse Jensen desligando o telefone rapidamente, talvez seu pai ainda tivesse algo à dizer, mas ele não estava disposto à escutar, sua mente estava cada vez mais cheia.
Longe dali, uma sombra negra era levada pelo vento em direção ao norte da cidade. Um grupo de pessoas se divertiam ali perto, quando a fumaça negra invadiu um dos corpos presentes no local, a roda de jovens se desfez imediatamente, alguns deles gritava enlouquecidamente, pois um de seus amigos estava se debatendo no chão, seus olhos ficaram negros assim como a fumaça, ele se contorcia de um jeito completamente anormal. E depois de alguns segundos ele se levantou como se nada tivesse acontecido. Mamom tomara um novo corpo, e desta vez estava furioso. Seu novo corpo era de um jovem de dezenove anos, cabelos loiros e curtos, parecia ser um atleta. Mamom caminhou furiosamente até um dos jovens ali presentes que se escondia atrás de uma lata de lixo.
-Está tudo bem com você Tony? - Perguntou o jovem saindo de seu esconderijo e indo em direção à Mamom.
-Sim, mais do que nunca! - Mamom jogou o jovem contra a parede e o matou, retirando parte de seu sangue. - Humanos tolos! - Sussurrou Mamom deixando o local.
O parque da cidade ficava próximo dali, estava quase anoitecendo, Mamom então sentou em um dos bancos da cidade em um lugar bem reservado, e mesmo que as pessoas passassem próximo dali não notavam o que ele estava fazendo. Mamom derramou o sangue do jovem no chão do parque fazendo um tipo de selo, e depois cortando seu próprio dedo ele citava algumas palavras em voz baixa. Depois de alguns segundos ouvia-se o soar de asas batendo. Um canto assustador, corvos negros cobriram o local. As penas negras voavam em ambas as direções. Algumas pessoas correram assustadas, outras observaram o acontecimento totalmente surpresas.
-Eu invoco Krähe, o senhor dos corvos! - Gritou Mamom, em um tom que não fosse tão perceptível para as pessoas que rodeavam o local. Imediatamente um dos corvos se aproximou de Mamom, que o agarrou e o levou até um beco que se encontrava ali perto. Usando seu sangue, Mamom alimentou o corvo que imediatamente começou a se debater no chão. Uma monstruosidade saía daquela invocação, o corvo ficara várias vezes maior, até conseguir uma forma assustadoramente humana, suas penas caiam e gritos de dor eram ouvidos. Um homem se levantou do chão, ele ri tinha cabelos completamente negros, assim como seus olhos, barba média, estava nu.
-Krähe! - Gritou Mamom com certo ar de superioridade.
-Pode me chamar de Brendon, creio que esses nomes sejam somente para invocação. - A voz do rapaz parecia completamente sombria assim como a de Aída. - Vejo que não sabe resolver seus assuntos sozinho não é mesmo caro Mamom. - Disse Brendon rodeando Mamom.
-Conversaremos sobre isso em um lugar mais reservado, as pessoas daqui são muito idiotas, fiz o ritual de invocação no centro da cidade e ninguém se quer notou, mesmo assim seria bom se precaver.
Mamom arranjou algumas roupas para Brendon, as que o jovem usava quando foi morto. E depois de caminharem até um lugar afastado da cidade, Mamom se virou para Brendon e o falou.
-Alyssa, a filha de Lúcifer, está dando bem mais trabalho do que deveria.
-Aída, lembro de quando a treinava, eu já esperava isso dela, o que a garota fez agora? - Disse Brendon com um sorriso desdenhoso no rosto.
-Aliou-se à Asmodeus.
Brendon deu uma longa risada.
-Vejo que agora ela foi longe demais.
-Não deveria rir disso, se Lúcifer souber que você à ajudou a escapar da jaula matará você. - Disse Mamom quase sussurrando.
-Pensei que isso ficaria somente entre mim e você.
-É ficará, se tratar de capturar a maldita Aída novamente.
Brendon ficou em silêncio até perceber que algo se aproximava.
-O que é isso? - Perguntou Mamom.
Por entre as árvores se via no horizonte, um anjo.
-Maldito Gabriel! - Gritou Brendon. - Veio acertar as contas.
Gabriel pousou em frente à Mamom que se afastou.
-Vim em busca de Mamom, em nome do mestre Miguel e Barzilai. - Disse Gabriel se aproximando de Mamom.
-Vejo que ainda serve de capacho para Miguel e Barzilai, o que eles disseram agora? - Perguntou Brendon se colocando entre Mamom e Gabriel.
-Soube que Mamom tentou assassinar Barzilai, mesmo sabendo que ele é protegido por nós.
Brendon sorriu.
-Barzilai é um velho que não sabe se defender sozinho. - Disse Brendon se aproximando de Gabriel.
-Sugiro que mantenha distância. - Disse Gabriel erguendo sua adaga.
-E o que você faria contra mim? O senhor dos corvos. Não tenho medo de suas ameaças, vocês anjos são todos iguais.
Gabriel ergueu sua adaga imediatamente, e em um movimento rápido fez um pequeno arranhão na bochecha de Brendon.
-Só isso? Sugiro uma coisa, lute comigo, se eu perder, te darei Mamom de bandeja. - Disse Brendon.
-Não aceito sugestões de demônios como você, saía da frente imediatamente! -Brendon ergueu uma das mãos e acertou Gabriel que quase caiu no chão, seu nariz sangrava. O mesmo ergueu a adaga e acertou Brendon no braço. O sangue negro flutuava, uma fumaça negra. Brendon então contra atacou, a luta não se via à olho nu. Gabriel não havia sido atingido mais nenhuma vez, quando Brendon arrancou a adaga de sua mão e usou para matar o mesmo.
-Vamos ver quem é que vence princesa! - Disse Brendon segurando a adaga enquanto Gabriel agonizava. Somente depois de todo o sangue ser esvaziado do corpo do anjo, que Brendon soltou a adaga de seu pescoço.
-Você deveria ser um pouco mais rápido, não deveria brincar com a presa.-Disse Mamom.
-Não foi isso que Barzilai fez com você. - Disse Brendon rindo.
Nota>>>Krähe - significa exatamente CORVO em Alemão. Assim como o personagem que pode ser tratado como agourento, é um dos poucos demônios capaz de matar anjos à sangue frio.
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Viribus
FantasiaJensen é um garoto do ensino médio que sofre de sérias visões com seres demoníacos após a morte misteriosa de sua mãe à semanas atrás. Ele tenta de todos os modos entender o que suas visões querem dizer, mais falha miseravelmente em descobrir o enig...