Capítulo 9 Lua Sangrenta.

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  A aula estava muito cansativa, e Jensen fingia estar acordado quando não dormiu nenhum pouco na noite passada. Alyssa não parecia cansada, pelo contrário, fingia estudar quando na verdade examinava o Grimório .

No intervalo Jensen lia detalhadamente cada página do livro. Alyssa tentava decifrar as imagens que lá estavam, e escrevia as palavras que Jensen traduzia.

-Olhe esta parte! - Disse Jensen. - Aqui diz detalhadamente o porquê de estarmos vendo e ouvindo tantas coisas, mais ainda tenho algumas dúvidas...

-Quais por exemplo?

-Aqui diz que os chamados "filhos do pacto" tem ligação direta com o inferno, e podem se conectar através de sonhos e pensamentos atravessando assim o limbo.

-Limbo?

-Sim, Limbo, parece que fica antes do purgatório, é lá onde estão vagando almas de crianças pagãs...

-Isso é muito bizarro...

-Achei que não ficaria surpresa Alyssa, foi você que começou a falar e fazer esquisitices sem explicação nenhuma.

-Sei, mais tudo isso tem sim uma explicação!

-E por que não me fala agora?

-Ainda não está na hora de você saber...

-Que idiotice da sua parte... - Disse Jensen suspirando. - Continuando, parece que temos ligações diretas com o inferno quando dormimos, por algum motivo... Precisamos usar isso à nosso favor!

-E como pretende?

-Vamos dormir muito, o bastante para buscarmos respostas em nossas perguntas.

Alyssa ficou em silêncio por algum tempo, mais logo concordou.

Depois da aula Jensen e Alyssa foram para casa o mais rápido possível.

-Esses são os remédios que geralmente meu pai usa para dormir quando não consegue, se a gente tomar talvez possamos dormir mais rápido e por mais tempo! - Disse Jensen entregando um comprimido para Alyssa.

Os dois tomaram o remédio ao mesmo tempo, e depois de alguns minutos começaram à ficar sonolentos. Alyssa dormiu primeiro, e Jensen demorou alguns minutos para começar à dormir.

Uma visão tomou de conta totalmente, estava óbvio que Jensen estava sonhando. No sonho ele caminhava por um lugar frio e cheio de árvores, o chão quase todo coberto por folhas, e um cheiro de cadáver fazia tudo ficar mais real e insuportável. A cada vez que Jensen avançava o cheiro ficava pior. Ele podia escutar vozes lhe dizendo para voltar, outras para avançar. Jensen caminhou até onde o cheiro se concentrava, em um lago imenso e sujo. Muitas pessoas flutuava nele, e membros também, como pernas e braços estavam separados do corpo.

-O que é isso? - Perguntou Jensen silenciosamente.

Uma imensa figura negra se levantou imediatamente da água turva. Ela tinha o rosto desfigurado, cheiro podre, dentes afiados que saiam da sua boca, mãos finas e com unhas imensas, ela parecia se alimentar dos corpos que lá estavam apodrecendo, pois escolhia somente os que ainda estavam inteiros, e à medida que ela mastigava os corpos uma substância negra, talvez sangue descia do lado de sua boca que mais parecia um buraco. Jensen não suportou a cena e botou para fora tudo que tinha comido mais cedo. O monstro não parou por nem um momento de mastigar os corpos, que faziam um barulho irritante quando seus ossos eram triturados pelos dentes da besta.

-Você acha que eu não percebi que estava aí? - Perguntou o monstro, sua voz era suave e bela, mais mesmo assim ainda causava calafrios.

Jensen não conseguia responder, tudo que ele achava daquele momento é que era uma completa insanidade.

-Fale comigo bela espécie, sei mundo bem de onde saiu e eu estava esperando a sua visita, filho de Asmodeus!

O monstro se moveu para próximo de Jensen que parecia paralisado. Devido à proximidade Jensen conseguia sentir o hálito de cadáver que saia da boca do monstro.

-Não me veja como algo aterrorizante, seu pai é muito pior, o homem que cospe fogo e suas três cabeças, você deveria rever suas visões e ter realmente o dom de escolher o que causa medo e o que causa horror.

Jensen tentava se afastar, mais suas pernas não o obedeciam.

-Ouça, pequeno Asmodeus, pergunte o que tem para perguntar, estou aqui pata responder, não porque desejo, mais porque espero sair daqui, deste lugar podre, desejo parar de me alimentar de corpos, isso é o pior castigo que se pode existir. Por isso faça seu melhor enquanto está vivo, ou vai acabar como eu.

Jensen tentou juntar forças para perguntar algo.

-Você... Você não é um demônio? - Perguntou Jensen.

-Oh não! Sou uma alma desesperada, sem rumo acabamos aqui no Limbo, enquanto não recebemos salvação.

-E o que você fez para vir parar aqui?

-Incontáveis, na verdade nem eu mesmo sei, e sinto que ficarei aqui até me lembrar de todas.

-Você por acaso poderia me dizer o que realmente está acontecendo aqui?

-Isso eu não poderei, mais direi à você que está recebendo ajuda tanto do lado bom quanto do ruim, ao mesmo tempo em que Deus bate à sua porta muitos Demônios também procuram entrar.

-Quem? Quem está me ajudando? - Perguntou Jensen.

-Isso já não cabe mais à mim, mais te darei uma dica, procure as respostas na noite de Lua Sangrenta.

-Lua Sangrenta?

-Não te direi mais nada filho de Asmodeus, somente escolha seus caminhos.

A figura assustadora retornou ao fundo do lago podre levando alguns corpos consigo.

  Jensen ficou parado no mesmo lugar, pensando e repensando várias vezes no que acabara de acontecer. No mesmo instante exatamente onde ele estava em pé, o chão começou a ferver. Um imenso buraco se fez no, fazendo jogar um espécie de líquido que mais parecia piche. A temperatura era muito alta, e todo aquilo cobria o corpo de Jensen que parecia se debater por tamanha temperatura. O piche entrou na boca, no nariz e nos olhos de Jensen e queimou seu corpo inteiro por dentro. Quando ele finalmente parou de se debater ele acordou em seu quarto. O sonho tinha acabado, e ele estava de volta.

Depois de alguns minutos que Jensen passou examinando tudo com o olhar para ter certeza de que realmente estava acordado reparou que Alyssa ainda dormia. Ele resolveu não acordar a garota.

"Lua Sangrenta" Repetiu Jensen mentalmente enquanto se recuperava do susto.

 

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