A aula estava muito cansativa, e Jensen fingia estar acordado quando não dormiu nenhum pouco na noite passada. Alyssa não parecia cansada, pelo contrário, fingia estudar quando na verdade examinava o Grimório .
No intervalo Jensen lia detalhadamente cada página do livro. Alyssa tentava decifrar as imagens que lá estavam, e escrevia as palavras que Jensen traduzia.
-Olhe esta parte! - Disse Jensen. - Aqui diz detalhadamente o porquê de estarmos vendo e ouvindo tantas coisas, mais ainda tenho algumas dúvidas...
-Quais por exemplo?
-Aqui diz que os chamados "filhos do pacto" tem ligação direta com o inferno, e podem se conectar através de sonhos e pensamentos atravessando assim o limbo.
-Limbo?
-Sim, Limbo, parece que fica antes do purgatório, é lá onde estão vagando almas de crianças pagãs...
-Isso é muito bizarro...
-Achei que não ficaria surpresa Alyssa, foi você que começou a falar e fazer esquisitices sem explicação nenhuma.
-Sei, mais tudo isso tem sim uma explicação!
-E por que não me fala agora?
-Ainda não está na hora de você saber...
-Que idiotice da sua parte... - Disse Jensen suspirando. - Continuando, parece que temos ligações diretas com o inferno quando dormimos, por algum motivo... Precisamos usar isso à nosso favor!
-E como pretende?
-Vamos dormir muito, o bastante para buscarmos respostas em nossas perguntas.
Alyssa ficou em silêncio por algum tempo, mais logo concordou.
Depois da aula Jensen e Alyssa foram para casa o mais rápido possível.
-Esses são os remédios que geralmente meu pai usa para dormir quando não consegue, se a gente tomar talvez possamos dormir mais rápido e por mais tempo! - Disse Jensen entregando um comprimido para Alyssa.
Os dois tomaram o remédio ao mesmo tempo, e depois de alguns minutos começaram à ficar sonolentos. Alyssa dormiu primeiro, e Jensen demorou alguns minutos para começar à dormir.
Uma visão tomou de conta totalmente, estava óbvio que Jensen estava sonhando. No sonho ele caminhava por um lugar frio e cheio de árvores, o chão quase todo coberto por folhas, e um cheiro de cadáver fazia tudo ficar mais real e insuportável. A cada vez que Jensen avançava o cheiro ficava pior. Ele podia escutar vozes lhe dizendo para voltar, outras para avançar. Jensen caminhou até onde o cheiro se concentrava, em um lago imenso e sujo. Muitas pessoas flutuava nele, e membros também, como pernas e braços estavam separados do corpo.
-O que é isso? - Perguntou Jensen silenciosamente.
Uma imensa figura negra se levantou imediatamente da água turva. Ela tinha o rosto desfigurado, cheiro podre, dentes afiados que saiam da sua boca, mãos finas e com unhas imensas, ela parecia se alimentar dos corpos que lá estavam apodrecendo, pois escolhia somente os que ainda estavam inteiros, e à medida que ela mastigava os corpos uma substância negra, talvez sangue descia do lado de sua boca que mais parecia um buraco. Jensen não suportou a cena e botou para fora tudo que tinha comido mais cedo. O monstro não parou por nem um momento de mastigar os corpos, que faziam um barulho irritante quando seus ossos eram triturados pelos dentes da besta.
-Você acha que eu não percebi que estava aí? - Perguntou o monstro, sua voz era suave e bela, mais mesmo assim ainda causava calafrios.
Jensen não conseguia responder, tudo que ele achava daquele momento é que era uma completa insanidade.
-Fale comigo bela espécie, sei mundo bem de onde saiu e eu estava esperando a sua visita, filho de Asmodeus!
O monstro se moveu para próximo de Jensen que parecia paralisado. Devido à proximidade Jensen conseguia sentir o hálito de cadáver que saia da boca do monstro.
-Não me veja como algo aterrorizante, seu pai é muito pior, o homem que cospe fogo e suas três cabeças, você deveria rever suas visões e ter realmente o dom de escolher o que causa medo e o que causa horror.
Jensen tentava se afastar, mais suas pernas não o obedeciam.
-Ouça, pequeno Asmodeus, pergunte o que tem para perguntar, estou aqui pata responder, não porque desejo, mais porque espero sair daqui, deste lugar podre, desejo parar de me alimentar de corpos, isso é o pior castigo que se pode existir. Por isso faça seu melhor enquanto está vivo, ou vai acabar como eu.
Jensen tentou juntar forças para perguntar algo.
-Você... Você não é um demônio? - Perguntou Jensen.
-Oh não! Sou uma alma desesperada, sem rumo acabamos aqui no Limbo, enquanto não recebemos salvação.
-E o que você fez para vir parar aqui?
-Incontáveis, na verdade nem eu mesmo sei, e sinto que ficarei aqui até me lembrar de todas.
-Você por acaso poderia me dizer o que realmente está acontecendo aqui?
-Isso eu não poderei, mais direi à você que está recebendo ajuda tanto do lado bom quanto do ruim, ao mesmo tempo em que Deus bate à sua porta muitos Demônios também procuram entrar.
-Quem? Quem está me ajudando? - Perguntou Jensen.
-Isso já não cabe mais à mim, mais te darei uma dica, procure as respostas na noite de Lua Sangrenta.
-Lua Sangrenta?
-Não te direi mais nada filho de Asmodeus, somente escolha seus caminhos.
A figura assustadora retornou ao fundo do lago podre levando alguns corpos consigo.
Jensen ficou parado no mesmo lugar, pensando e repensando várias vezes no que acabara de acontecer. No mesmo instante exatamente onde ele estava em pé, o chão começou a ferver. Um imenso buraco se fez no, fazendo jogar um espécie de líquido que mais parecia piche. A temperatura era muito alta, e todo aquilo cobria o corpo de Jensen que parecia se debater por tamanha temperatura. O piche entrou na boca, no nariz e nos olhos de Jensen e queimou seu corpo inteiro por dentro. Quando ele finalmente parou de se debater ele acordou em seu quarto. O sonho tinha acabado, e ele estava de volta.
Depois de alguns minutos que Jensen passou examinando tudo com o olhar para ter certeza de que realmente estava acordado reparou que Alyssa ainda dormia. Ele resolveu não acordar a garota.
"Lua Sangrenta" Repetiu Jensen mentalmente enquanto se recuperava do susto.
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Viribus
FantasyJensen é um garoto do ensino médio que sofre de sérias visões com seres demoníacos após a morte misteriosa de sua mãe à semanas atrás. Ele tenta de todos os modos entender o que suas visões querem dizer, mais falha miseravelmente em descobrir o enig...