Capítulo 6 - Margant

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Após a "morte" de Surtr Muspelheim entrou em crise, Margant filho primogênito de Surtr reclamou o trono, porém Ballbesto, um demônio de fogo, também príncipe contestou o fato por acreditar ser mais capaz que o dragão, isso gerou uma grave crise em Muspelheim, após um confronto que acabou culminando na derrota de Margant, Ballbesto pode finalmente assumir o governo por algum tempo.

A crise perdurou e fez com que dissidentes acreditassem que Ballbesto não servia mais para ser o governante daquele mundo, sua lealdade a Odin era vista como humilhante submissão foi em meio a esse clima que Margant o dragão-demônio reuniu rebeldes contrários a Ballbesto e orquestrou um golpe para tomar o poder em Muspelheim, contudo as forças de seu oponente eram superiores, isso originou uma guerra que dividiu aquele mundo. Após décadas de embates, Ballbesto recorreu a Odin e seu exército para que o ajudasse, e assim aconteceu Odin enviou seus melhores para a batalha que culminou na derrota de Margant e seus aliados. No dia do julgamento, Margant ardilosamente conseguiu fugir e jurou vingança contra os deuses.
Décadas depois, Margant se associou a criminosos e aos gigantes de gelo, que invadiram a Midgard, Jord fez o que pode, mas seu inimigo era mais forte, ela rogou a Odin que enviou Thor como líder de seu exército. As batalhas foram violentas e sangrentas, mas pouco a pouco Margant e seus aliados foram sendo derrotados até restar somente à ferra, na última batalha travada Margant percebendo que a derrota se aproximava, resolveu fugir, porém Thor o perseguiu, eles se confrontaram e Margant obteve a vantagem, o deus do trovão para evitar a fuga do dragão destruiu suas asas com o poderoso Miollnir, mesmo assim a besta se lançou em um portal dimensional e nunca mais foi vista.
- Por que você está lendo isso Emilie? - Ernst caminhou até a janela
- Depois que Loki apareceu, percebi que papai tem muitos inimigos que não conhecemos, estou estudando um pouco sobre alguns deles, para caso de aparecerem - respondeu a jovem folheado um velho livro de capa vermelha.
- Isso é bobagem, deveríamos estar procurando Alfred - o rapaz loiro fitava o celular.
- São oito horas ainda, vai ver que ele saiu e esqueceu-se de avisar.
Ernst pegou o casaco, chaves e caminhou até a porta antes de fechá-la instruiu Emilie.
- Ligue outra vez pra Marcela e ligue pra ele, vou dar mais uma volta pra ver se o encontro, se as nove ele não aparecer, chamarei Heindall.
Emilie olhou para o livro e balbucio:
- Onde será que está esse Margant?
.......
Alfred não conseguiu esconder a mistura de medo e fúria que sentiu ao ouvir a saudação entre Margant e Loki. A criatura tratava Loki de maneira descontraída, logo se notava que eles eram íntimos.
- E quem é esse garoto?- perguntou Margant, trazendo Alfred que estava imerso e seus pensamentos.
- E-eu s-s...
- Este é meu sobrinho Alfred! - interrompeu Loki.
Margant caminhou ao redor de Alfred analisando-o, a fera era repugnante e assustadora, seu tamanho e sua expressão contribuíam muito para isso. Ele soltou uma barulhenta gargalhada e disse:
- E desde quando você banca a babá Loki?
- Não estou de babá, ele veio a meu convite - respondeu o Jotun com aquele tenebroso sorriso que não saia de seus lábios.
- Entendo você o sequestrou - Margant aproximou o rosto de Alfred e o fuçou - Curioso ele não cheira como os Aesir...
- Isso deve ser por causa da mãe dele, Catharina...
- CATHARINA! - interrompeu o Dragão furioso - A elfa, esposa de Thor?
Ao Sinal de positivo dado por Loki, a besta pôs-se em posição de ataque, abriu sua boca repleta por fileiras incontáveis de enormes e afiados dentes, seu bafo de carne putrefa encheu o salão, Loki rapidamente se pôs entre a besta e o rapaz e com um ar conciliador disse:
- Calma amigo, vim aqui para negociar e não lutar
O dragão ainda em posição de ataque respondeu:
- Como ousa trazer um filho de Thor aqui? - a fúria expressa em sua face era aterrorizante.
- Não se preocupe ele não sabe de nada, e como eu já disse nem ele nem o pai são ameaças para nós, viemos apenas negociar.

O dragão ainda fitou por alguns instantes tentando analisar melhor Alfred, esse estava visivelmente assustado, Margant era uma peculiaridade para o Jovem, que mesmo tendo origem divina tinha pouco conhecimento das feras do universo, Loki começou a argumentar com o companheiro, depois de alguns minutos Margant parecia mais calmo, virou de costas para seus visitantes e caminhou de volta na direção das enormes cortinas.
- Você disse que queria negociar, o que exatamente?
- Bom na verdade vim buscar algo que deixei aqui a alguns séculos - o dragão parou.
- Por acaso seria o...
- Olho das eras - disseram em uníssono.
Um sorriso encheu os lábios de Margant ele sussurrou quase inaudível "agora".
Loki segurou firme se cajado e disse a Alfred:
- Se proteja!
Um centena de soldados elfos negros entraram no salão vindo de várias direções, as insônias avançaram com os elfos para um super ataque contra Loki e Alfred. O deus trapaceiro girou seu bastão e o bateu no chão criando uma onda mágica que derrubou seus inimigos.
Loki virou-se para Alfred e apontando na direção da cortina e ordenou:
- Atrás da cortina tem um salão com uma porta, atrás dessa porta há em uma sala espelhada e no centro dela está uma esfera azul brilhante, o olho das eras, pegue-o...
Margant se voltou e pulou sobre os dois, Loki empurrou Alfred o mais longe possível, mas não teve tempo para fugir da colisão com o dragão. O impacto causou uma enorme destruição, levantando poeira por toda a sala. Alfred ainda atônito, sem saber se Loki teria sobrevivido ao ataque, mas decidiu obedecer ao Deus e subiu a escadaria que dava acesso à cortina (ou o que restou dela).
O tecido era grosso e pesado, mesmo usando sua força sobre-humana teve dificuldade para movê-lo. Dentro tochas com chamas azuis iluminavam o local, no centro havia uma enorme almofada, cercada de vários panos, além de alimentos e algumas carcaças de animais. Alfred podia sentir a magia negra forte daquele lugar, a presença de inimigos vinha de toda parte certamente estavam escondidos esperando a melhor oportunidade para atacar, ele tentou caminhar, mas a presença negativa naquele lugar parecia paralisa-lo.
Do outro lado Margant se levantava em meio ao chão destruído, ele passou suas garras na cratera que ele havia aberto e rugiu:
- APAREÇA MALDITO!
Loki estava no telhado do palácio, na parte externa ele bateu com força seu cajado no telhado.
- Boa noite... Amigo - disse dando um salto.
O impacto fez o telhado e as paredes do primeiro salão desabarem sobre Margant, o barulho e a poeira levantada poderiam ser apreciada de toda a cidade. Do lado de dentro o choque da destruição empurrou poeira e grandes blocos de concreto para o salão onde Alfred estava forçando o jovem a se mover desorientado ele deu alguns passos até perceber que estava próxima a porta que Loki havia lhe falado, ele caminhou ainda temeroso, a magia negra lhe entorpecia os super sentidos, a incerteza da localização dos inimigos logo se mostrou racional ao ser parado por várias lanças de titânio no seu pescoço, estava cercado por seis elfos negros e duas insônias que o cercava pelo alto.
Loki limpava sua capa ainda flutuando sobre a enorme nuvem de poeira que ocupava agora o lugar onde antes havia a entrada do palácio de Margant quando viu uma gigantesca rajada de fogo vindo em sua direção, o deus desviou-se em uma velocidade incrível e brincou:
- Quase visito Hel antes do tempo...
A voz estrondosa de Margant vindo da nuvem de poeira que começa a sentar confrontou o Jotun.
- Não se preocupe antes do fim deste dia verá sua filha Loki, eu prometo.
Margant saltou na direção de Loki e desferiu uma arranhada com suas letais garras, porém ao tocar o deus esse se desfez como poeira, revelando ser uma ilusão, o verdadeiro apareceu atrás de Margant e o afrontou dizendo:
- Deve ser terrível, ser um dragão e não poder voar - o atingido pelas costas com uma rajada vinda de seu cajado.
O corpo da besta outra vez encontrou o chão voltando e criar nova destruição. Loki sentiu seu corpo enrijecer, já não tinha mais controle de seus movimentos, ele olhou em volta e viu um grupo de elfos negros que usavam magia para controlá-lo, ele apenas balbucio:
- Dökkar!
Dökkar era a magia praticada pelos elfos negros, diziam que era a mais negra de todas as magias, porque vinha da escuridão antes da escuridão, era praticada desde antes da criação, oriunda do caos, por isso sempre que usada causava destruição, após o fim da guerra de Alfheim ficou proibida a prática de Dökkar fora de Svaltafheim.
- Nem mesmo o poderoso Loki pode com a mais forte das magias - falava um dos elfos.
Eles fizeram um movimento em sincronia, e o corpo de Loki veio ao chão em alta velocidade chocando-se contra a escadaria que restava na entrada destruída do palácio.
Alfred não conseguiu imaginar como se livrar daquela situação, seus poderes telepáticos pareciam inúteis Contra os guardas e mesmo sua força não seria o suficiente para derrubar tantos. As insônias conversavam entre si algo em sua língua, ambas viraram-se e aproximam do rosto de Alfred, apesar da bela aparência feminina, trajando vestidos em cores suaves e levitando como se não pesasse nada o jovem sabia da periculosidade que aqueles seres representavam, uma vez preso por uma insônia a morte era quase certa.
Elas tocaram seu rosto, pareciam querer entrar em sua mente, Alfred se concentrou e esforçou-se ao máximo para resistir às investidas.
- Não resista - sussurra uma enquanto suas mãos passavam pelo seu rosto.
- Cedo ou tarde você cederá, para que prolongar? - questionava outra enquanto em seu cabelo.
Alfred aguentou bravamente, mas as criaturas eram muito fortes, ele resistia, porém não sabia por quanto tempo.
Loki tentava se mover, aparentemente estava liberto da magia élfica, e apesar de sua armadura tê-lo protegido de maiores estragos ele sentia dores por causa do impacto.
- Malditos elfos negros degolarei todos... - murmurava tentando se levantar.
De repente algo vem em sua direção destruída tudo e o prende, era a mão de Margant, o Jotun estava preso e sentia a pressão de seu oponente esmagar seu corpo.
- Sabe Loki, em nome dos velhos tempos deixarei você escolher como quer morrer, queimado ou esmagado? - ofertava o Dragão com um sorriso vitorioso nos Lábios.
- Vai se ferrar seu dragão aleijado! - cuspiu Loki sorridente.
O dragão riu e então começou a espremer o deus em sua mão.
- Vou te espremer até seus olhos saltarem e você perder esse sorrisinho tosco que eu odeio.
Margant começou a apertá-lo, a força da fera era colossal mesmo a poderosa armadura de Loki uma das mais resistentes do universo dava sinais de que não resistiria muito, o primeiro impacto veio o Loki pode sentir seu peito sendo esmagado, de sua boca escapou um grito de dor acompanhado de uma generosa quantidade de sangue, era impossível escapar de Margant, Loki estava morrendo.
Alfred resistiu até onde pode, mas sentia a cada instante o cansaço vencendo-o, a voz das insônias parecia mais alto, isso era um claro sinal de que elas estavam vencendo. O jovem tentou abrir os olhos, porém tudo que via era escuridão, nenhum ruído, nenhum objeto, ninguém apenas escuridão.
- NÃÃÃO - Gritou em um vácuo onde só existia ele e sua voz.
No salão seu corpo caiu vencido no chão os guardas elfos ao seu redor, as insônias flutuando sobre seu corpo alimentando-se de sua energia vital. Um dos guardas questionou:
- o que ele está vendo?
Uma das insônias respondeu:
- Seus piores pesadelos.

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