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xvi. pai e filho

Yoongi sabia que não tinha como escapar daquilo. 

Cedo ou tarde, ele e Hiza teriam que conversar, fosse para se desentender de vez, fosse para encontrar uma solução para os últimos acontecimentos. Especialmente quando ele mandava sinais tão claros para o pai de que estava passando por problemas severos.

O último sinal, como não podia deixar de ser, foi a gota d'água.

Então Yoongi se viu enrolando, postergando a conversa o máximo possível. Inesperadamente, a pessoa que o ajudou na distração fora Jimin. Ele comprou tintas de cabelo pretas e trouxe um pirulito de maçã verde, sabor que Yoongi odiava, mas chupou mesmo assim para não desapontá-lo. Eles estabeleceram uma relação por olhares, e vez ou outra estavam se encarando. Jimin era mais demorado, sempre sorrindo com os olhos.

Yoongi quase sempre desconfiava que era algo magnético. Quando um encarava, o outro também.

Agora, quase sete da noite, ele estava ali no quintal, numa mesa perto da churrasqueira pequena de tijolos. Seu pai estava em sua frente, parecendo suar para formar uma frase.

- Filho, eu sei que você não quer estar aqui.

"Ele é inteligente, o seu pai."

- Mas nós precisamos falar sobre o que houve.

Hiza estava com os cabelos longos e completamente brancos. Ele não era tão velho, então só podia significar que ele também pintava o cabelo.

As mãos de seu pai, mais parecidas com as de Taehyung, estavam juntas em cima da mesa de madeira, dedos unidos.

Ele suava muito nas têmporas. Era tão difícil assim ser pai para ele?

Então Yoongi assentiu. Eles realmente precisavam falar sobre aquilo. Porque de alguma maneira, Yoon sabia que seu pai tinha as respostas para o que houve, sendo que ele mesmo estava perdido. Ele queria ouvir alguém dizer em voz alta. Alguém que não fosse sua consciência doentia.

- Seja sincero comigo, filho. - Seu pai suspirou. Ele o olhava nos olhos, e aquilo era surpreendentemente bom. Hiza parecia sincero quando fazia aquilo, quando permitia que seus olhos fossem estudados sem medo. - Você usa alguma droga alucinógena?

Yoongi franziu o cenho. Não era o que ele esperava, e a situação "pai e filho" era tão reconfortante que pela primeira vez, numa situação tão péssima, ele sentiu que podia conversar com Hiza sem se sentir desconfortável ao ponto de ignorá-lo, como todos os dias.

- Não. - Respondeu. Depois mordeu os lábios. - Não com frequência.

Seu pai abaixou o olhar por alguns segundos, provavelmente decepcionado.

O que Yoongi não sabia, é que o sentimento de decepção de Hiza era para consigo mesmo, para sua própria conduta com seus meninos.

- Defina frequência.

Yoongi não se importou de responder.

- Neste mês, usei cocaína duas vezes. Mês passado uma só. Antes e depois dessas vezes, não usei mais.

- Só?

Yoon se perguntava porque isso era importante ou relevante. Assentiu. Coçou atrás da orelha, um tique nervoso que tinha, um pouco nervoso com a interação.

- Filho, você sabe o que aconteceu? Ou nunca aconteceu antes?

Um barulhinho na maçaneta da porta os fez virar os rostos, como se alguém acidentalmente tivesse esbarrado ali. Pai e filho encararam Park Jimin vermelho de vergonha, assistindo à conversa escondido.