Yoongi estava vestido para a sua primeira entrevista de emprego. Havia alguém que torcia para que desse tudo errado; ele mesmo.
Mas ele também torcia muito para conseguir o emprego e ganhar o seu próprio dinheiro.
Noite passada, de maneira muito informal, ele conversou com a mãe de Jungkook e marcou uma sessão para conversarem mais, conversarem direito. Preliminarmente ela o fez algumas perguntas, todas elas muito abstratas, mas simples de responder. Objetivamente.
Você é feliz?
... Sim.
Você está feliz?
Não muito.
Você quer iniciar um tratamento pessoal? Sem qualquer designação. Nós vamos apenas e tão somente conversar.
...
Sim.
E pronto. Ele ia finalmente explicar para alguém todas as suas angustias, mesmo sem saber como podia fazer isso, e de certa maneira era libertador. Era libertador saber que ele podia falar sem medo do julgamento, porque parte da sua vida era julgamento.
Ele não tinha mãe e a que tinha gostava de sofrer.
Ele provia para a casa, desde muito novinho.
Depois seu irmão, que fazia coisas horríveis por dinheiro.
Eles caíram em vícios, foram negados pelo pai. Foram negados de vê-lo também.
Rejeitados pela sociedade.
Sem estudo, sem oportunidades, vivendo com medo.
Tanto julgamento que não cabia numa folha de caderno. Ele podia passar horas escrevendo as palavras que definiam sua vida, e nenhuma era boa.
Algumas já surgiam, sem que ele quisesse listar.
Suja.
Vergonhosa.
Falsa.
Triste.
Violenta.
Miserável.
...
Parecia uma ideia idiota trabalhar com algo tão... oposto, e ele não queria ir. Mas Jimin disse que o buscaria na volta, e Taehyung ficou tão feliz que por um minuto inteiro se comportou como o menino feliz e inocente que já foi um dia.
"Vão te expor. E eu vou rir."
Ele passou perfume com pouco entusiasmo, depois entrou num casaco de frio grande porque o tempo só tendia a ficar pior.
— É um emprego digno. - Respirou fundo. - Sua chance. - Vociferou baixinho para o espelho, depois olhou através dele para o quarto dele e de seu irmão.
"Quando alguém te deu chance sem pisar em cima das suas bolas? Sem destroçar a sua auto estima?"
Um cômodo limpo, sem nenhum resquício do chiqueiro em que viviam antes. Não importava o quanto Yoongi limpasse, Taehyung e Kia destruíam tudo. Mas agora... Agora parecia um quarto.
Mas e Hoseok?
"A mensagem ainda está lá. Você deveria voltar para o Hoseok, falar com ele antes de fazer essas coisas. Olha o risco em que está se colocando. Todo mundo vai saber.
Todo.
Mundo."
— Yoon?
"Vai
saber."
— Yoongi. - Taehyung sacudiu seus ombros gentilmente. - Você vai se atrasar se não sair agora. Ou você pode aceitar uma carona do pai.
"Pai... haha. Agora ele fala isso o tempo todo. Parece até que não se lembra das coisas que-"
— Eu tô saindo, então. - Yoongi tentou dar a volta no irmão, mas Tae o segurou pelo braço.
— Vai dar tudo certo. - O abraçou. - Você vai voltar pra casa empregado.
~
Yoongi não sabia se ia voltar pra casa, para começar.
Ele não conhecia outro lugar que não fosse lá, e tomar ônibus para outra localidade foi difícil, mas ele chegou exatamente no horário.
A entrevista foi esquisita.
Nome, endereço, escolaridade, disponibilidade...
Perguntas toscas.
Que terminaram numa resposta tão surpreendente, que Yoongi não deixou a explosão de felicidade acontecer.
~
Ele bateu em casa quase seis da tarde. Sua cabeça muda o assustava, então ele ouviu música nos seus fones de um dólar.
Taehyung abriu a porta, olhos derretendo em preocupação. Jimin, no entanto, quem externou esse sentimento.
— Eu não disse que te buscaria?
— Estou empregado.
— Verdade, filho?! - Hiza levantou do sofá, um sorriso que deixava todos os dentes de fora. - Estou tão orgulhoso de vocês! Entra, entra! Vamos pedir umas pizzas!
...Você é feliz?
Um pouco.
...Você está feliz?
Um pouco.
N/A: é curto porque está no fim. Tenho mais um pronto. hehe
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Sick love ◈ myg+pjm {slow updates}
Fiksi PenggemarYoongi e Taehyung eram irmãos problemáticos. Abandonados pela mãe, foram dados à vizinha Kia quando pequenos. Han Ki-Ae os dizia sobre o pai absuivo que Hiza foi, e o homem nunca apareceu para dizer o contrário. Ou assim eles pensavam. Cresceram no...