Point of view Dayane
Última linha e um único acorde para finalizar minha nova música. Música essa que nunca será divulgada ou escutada por alguém. Todas as minhas composições estão guardadas em um diário trancado a sete chaves. 1) por causa da minha timidez. 2) pela minha esposa, que não gostaria nadinha de ler a história que meu coração transformou em melodias.
Aparentemente minha relação com a Dani é muito boa. Somos casadas há quase dois anos e temos um filho lindo. Ela é uma pessoa esforçada e muito inteligente, advogada e mãe mais rígida, do tipo que não deixa a criança comer doce antes do almoço, que impõe hora para estudar e voltar para casa depois de uma partida de futebol na rua com os amiguinhos. Eu, por outro lado, não quis saber de faculdade. Quer dizer, comecei música, mas tranquei para cuidar do Miguel, já que ele exigiu de cuidados especiais. Sabe aquela mãe mais liberal? Então! Não ligo se meu pequeno come doces antes do almoço, contanto que coma toda a comida depois, gosto de jogar bola com ele, encher a casa de espuma para escorregar e minha única exigência é com o estudo e educação dele.
Ao lado de quem está de fora, somos a família perfeita, as mães perfeitas, mantendo a relação perfeita. Porém, não é bem assim que as coisas funcionam. De uns tempos para cá, nosso relacionamento começou a se desgastar. Daniela já não conversava mais comigo, apenas o essencial. Já não rolava mais beijo. Sexo? Fora de cogitação! Era do trabalho para casa e de casa para o trabalho. Vi meu relacionamento, da forma mais dolorosa, virar rotina. Faz uns bons meses que venho tentando terminar, mas toda vez que o assunto surge ela dá um jeito de inverter a situação ou joga o Miguel no meio.
— Mamãe! — fui retirada dos meus pensamentos com o grito do meu filho e o pulo no meu colo. — Cheguei.
— Oi, Mimi. Que saudade! — beijei sua bochecha e o apertei nos meus braços. — Cadê a mamãe?
— Ela...
— Estou aqui. — ela entrou segurando algumas sacolas que deduzi ser algo para o almoço. — Miguel, suba. Você precisa tomar banho antes de ir para o colégio.
— Oi, amor. Boa tarde para você também. — falei e ela sorriu. — E pode deixar o Miguel descansar um pouquinho. Não tem problema se atrasar hoje.
— Você que sabe, Dayane. — falou de maneira fria, mas resolvi ignorar.
— Então, filhão! Como foi o primeiro dia de aula?
— Foi massa. — respondeu e eu franzi o cenho.
— Massa?
— Sim.
— E o que seria massa? — sorri.
— Ah, mamãe. Massa quer dizer legal.
— É mesmo? E com quem você aprendeu essa palavra?
— Com o Luiz. Meu novo amiguinho.
— Já fez amiguinhos novos? Isso é ótimo, filho. — apertei seu nariz.
— Conversou com a professora dele? — me dirigi a Dani.
— Conversei.
— E aí?
— E aí o que? — perguntou da cozinha.
— O que achou dela? Ela é boa?
— Sei lá. Conversamos pouco. — voltou para a sala comendo uma maçã. — Ela é bem bonita, mas o que tem de bonita tem de louca.
— Como assim?
— Ah, ela se assustou quando cheguei e estava com a blusa cheia de café. — riu. — Fala demais e é bem pequena, parece uma criança apavorada. — sorri. — Mas conseguiu levar o Miguel para a sala, mesmo ele fazendo birra.
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Um Bebê Entre Nós
RomanceO que você faria se de repente o passado batesse a sua porta? E o que você faria se esse passado viesse com uma criança? Dayane e Caroline se conheceram de uma maneira inusitada, o destino tratou de separa-las, mas a vida é uma caixinha de surpresa...