Um Bebê Entre Nós

Beautiful Boy

Point of view Dayane

Carol estava concentrada em escrever algo num bloquinho de papel, eu apenas observava escorada no batente da porta do meu quarto, completamente curiosa. Aparentemente ela não tinha dificuldades no que escrevia, pois não parava para pensar.
Pigarreei e ela se virou para me olhar, porém escondeu o bloquinho debaixo de alguns livros.

— O que é isso? — perguntei, tentando enxergar. Ela sorriu sem mostrar os dentes e levantou.

— Nada.

— Como nada?

— Nada, tipo nada.

— Ah, ok. Você estava fingindo escrever algo. — debochei.

— Não é nada importante. Você é bem curiosa! — beijou meus lábios de maneira rápida e carinhosa. Afaguei seus cabelos. — O Miguel já foi?

— Há um bom tempo. Josh veio pega-lo. — ajeitei a touca na minha cabeça. — Não entendi o porquê já que falta um tempo considerável para a apresentação.

— As crianças vão ajudar com a organização e quem vai arruma-los é o Josh. — riu. — Você não faz ideia do quão difícil é dar conta de tanta criança junta.

— Eu imagino. — falei apavorada. — O Mimi vale por cinco.

— Ah, o Miguel é bonzinho.

— Porque você convive há pouco tempo com ele. Cada coisa que essa criança já aprontou!

— Normal. Criança faz arte.

— Isso, defende o seu filho que as asinhas dele vão ficar enormes! — brinquei e ela riu.

***

Carol e eu caminhávamos de mãos dadas. Vocês têm noção do que é andar de mãos dadas com Caroline Biazin? Para mim é a melhor coisa do mundo ter aquelas mãos tão pequenas e macias entrelaçadas às minhas, ou talvez eu só fosse muito apaixonada pela mulher mais linda do mundo.

Viu só? O sorriso bobo brincava novamente em meus lábios apenas com os pensamentos e a certeza de que Carol era minha. Espero que todas as pessoas apaixonadas fiquem assim ou me jogo da ponte por ser trouxa.

— Chegamos. — Carol falou animada.

— Estou ansiosa para ver o que vocês aprontaram.

— Você precisa ver como essa turminha é boa. — falou convencida.

— Até que enfim, salário mínimo. As crianças já estão prontas, os pais também.

— Primeiro que salário mínimo é a senhora sua mãe, Joshua. Segundo que estou ansiosa. Tem muitos pais?

— Tem.

Assim que entramos, Carol me levou para uma das cadeiras na frente e me sentei. Ela se dirigiu ao palco, se apresentou e falou algumas coisas para em seguida apresentar as crianças. Logo os aplausos invadiram o ambiente e avistei Miguel olhar assustado. As crianças eram de idades diferentes, as pequenas estavam mais à frente, porém todas estavam vestidas de branco, olhei para o meu filho.

— A mamãe te ama. — sussurrei e seus olhinhos brilharam em resposta. Carol conversou com uma garotinha e de repente, a música começou.

[Play na música]

Sorri quando uma garotinha começou a cantar e foi seguida por Flávia. Aquela música era linda, mas o mais lindo foi ver o quanto Josh se dedicava ao piano e o quanto Carol se entregava de corpo e alma a música, eu tinha certeza que ela amava o que fazia e o resultado não podia ser outro a não ser o que estava presenciando e sentindo meu corpo inteiro se arrepiar. Parecia um coral de anjos!