Mudança

7.3K 645 90
                                    

O amor é algo que nos transforma. Posto que a função do amor é levar a perfeição ao ser humano, curá-lo de amarguras passadas e tirá-lo de águas turbulentas, afogando-o em calmaria constante. O amor te faz crescer e te sacia de pureza e gratidão, gratidão à vida por te permitir vivenciar algo tão mágico, mesmo que para isso você tenha tido que passar por momentos difíceis, tenha tido seu coração estraçalhado e acreditado que não vale a pena. Ser derrubado por ondas violentas dói, machuca, mas depois passa e quando passa você percebe o quão forte foi por aguentar. A felicidade se encontra no amor e não se engane quando digo isso, porque não se trata de uma pessoa, não se trata de entregá-la nas mãos de alguém, trata-se de se amar e dividir tal feito com quem esteve ao seu lado estendendo a mão ou até mesmo para aquele que torceu para você se deteriorar. A felicidade e o amor estão nas coisas mais simples do dia a dia. No canto de uma mãe para o filho, no cheirinho de café da manhã, no riso das crianças, no abraço do irmão, na escola quando alguém que mal te conhece se dispõe a compartilhar o conhecimento para te ver crescer e tornar um adulto de bem, em casa, com a família. Simples, não é? E muitas vezes reclamamos de barriga cheia, pois somos errantes e egoístas, mas que tal abrirmos os olhos e começarmos a enxergar tudo isso? Porque, ah... pobre daquele que realmente carece de amor!

Day e eu tivemos uma noite linda, com direito a jantar romântico regado a vinho e uma dança com passos nada sincronizados, mas ainda assim sem perder a beleza, pois a sincronia perfeita estava entre duas almas que vez ou outra batalhavam para ver qual estava mais feliz, mas que no final das contas se envolveram majestosas em uma felicidade única.

No dia seguinte, estava sentada no sofá tomando minha habitual xícara de café preto e sem açúcar, havia me recusado a ir trabalhar e como um bom amigo, Josh me cobriu. Estava me sentindo triste, Miguel e Day iriam embora, mas não queria demonstrar que aquilo estava acabando comigo. Eles precisavam da privacidade deles e em partes eu entendia.

Ouvi passos se aproximarem e sorri espontaneamente ao ver a figurinha ruiva de bochechas coradas ao meu lado. Ele estava segurando um bichinho de pelúcia em uma mão e na outra tinha sua mamadeira. Sem falar nada, sentou-se no meu colo e aconchegou a cabeça no meu peito, fiz carinho em seus cabelos e o cheiro de xampu e sabonete de bebê se espalharam pelo ambiente.

— Bom dia, campeão.

— Bom dia. — falou embolado com a mamadeira na boca e eu soltei uma risada nasalada.

— Dormiu bem? — assentiu. — Eu também dormi bem, obrigada por se interessar.

— Por que a senhora e a mamãe demoraram ir para a cama?

— Nós jantamos e depois ficamos... conversando.

— Acordei duas vezes, mas a porta estava fechada então não quis incomodar. — tirou a mamadeira da boca, deixando um pouco de leite respingar em mim. — Desculpa, tia. — levou a mãozinha para onde sujou e tentou limpar.

— Onde está sua mãe?

— Tomando banho. — franziu o cenho. — Ela não está com a cara muito boa, não acho que esteja feliz, parece brava.

— Brava?

— Não sei. Ela não sorriu para mim hoje, está com a cara igual a sua, mas sem sorrir.

— Oh! — sorri. — Ela não está brava, está triste.

— Por que vamos embora? — perguntou tristemente.

— Sim, amor.

— Eu não quero ir. — suspirei. — Não quero deixar você aqui sozinha.

— Eu sei e não quero que vão.

Um Bebê Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora