Vaso Ruim Não Quebra

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Point of view Dayane

Miguel dormia tranquilamente no quarto do hospital. Ele havia tido um ataque de pânico logo após Carol ser retirada da casa, mas já estava bem. Daniela foi levada pela polícia para ser interrogada e logo após encaminhada para uma clínica psicológica, pois os policiais alegaram que ela não se encontrava em sua sanidade mental. Eu queria sentir ódio dela, mas a minha bondade e compaixão não permitiam e no meu âmago, rezei para que ela ficasse bem.

Meu coração estava apertado, pois não sabia ao certo qual era o estado de saúde da Carol. Respirei fundo na tentativa falha de me acalmar. Minha mãe entrou no quarto e ficou por alguns minutos calada, me olhando.

— Ele ainda não acordou?

— Não. Mas parece tranquilo. — concordou com a cabeça e se aproximou.

— A doutora Eduarda veio falar comigo. — arregalei os olhos. — A Carol já saiu da cirurgia.

— Que? Como ela está? — levantei.

— A médica disse que está esperando ela acordar. Mas você pode vê-la. — respondeu e eu olhei para o Miguel. — Eu fico com ele, filha. — comecei a me apressar, mas ela me puxou pelo braço e me abraçou. — Vai ficar tudo bem.

— Espero, mamãe. Espero. — suspirei.

— Reza, meu amor. — saí correndo em direção ao quarto de Carol e precisei respirar fundo três vezes antes de girar a maçaneta. Assim que entrei, levei a mão até a boca para abafar o choro. Um choro de angústia e ao mesmo tempo de alívio. Angústia por vê-la tão pequena e machucada e alívio por ela estar viva. Fechei a porta cuidadosamente atrás de mim e me aproximei da cama, sentando no banquinho ao lado.

— Oi, meu amor. — afaguei seus cabelos e busquei sua mão, enlaçando a minha. — Que susto você me deu.

- Flashback on -

Minhas pernas ficaram bambas quando vi Carol correr em direção à casa. Tentei me mexer, mas meus pés pareciam estar colados no chão e a mão firme da minha mãe me impediu. Em questão de segundos, notei que ela havia chegado no segundo andar da casa, pois Daniela gritou para que ninguém mais ousasse subir e para mantê-los em segurança, a polícia obedeceu.

Talvez eu aparentasse estar calma, mas por dentro um turbilhão de sentimentos me consumiam com tanta crueldade que desejei por vários e curtos intervalos de tempo ter uma arma e tirar minha própria vida. Eu não suportaria perder o Miguel. Eu não suportaria perder a Carol. Eu não suportaria perder o Miguel e a Carol.
Senti meu estômago revirar e minha garganta queimar, me curvei para vomitar, mas nada saiu. Podia sentir minhas mãos geladas e o coração palpitar no peito, as lágrimas caíam livremente e eu não tinha nenhum controle, eu estava sufocando. Era como se o ambiente onde estava tivesse se tornado um círculo minúsculo e cada vez diminuísse mais, me apavorando, me engolindo.

Eu só queria respirar. Eu só queria respirar. Eu só queria respirar. Mas não podia, não conseguia.

De repente, a figura de estatura baixa e cabelos ruivos atravessou a porta correndo em minha direção. Precisei enxugar os olhos com a manga da blusa para clarear minha visão. O pequeno corpo se chocou contra o meu e por alguns instantes acreditei que tudo ficaria bem. Meu menino, meu Miguel estava ali, a salvo e nos meus braços. Mas a minha alegria foi momentânea e senti minha pele arder, como se eu estivesse vivenciando a veracidade de um inferno quando olhei para o andar de cima e percebi o que estava acontecendo.

Carol imobilizou Daniela e colocou a faca em seu pescoço. Eu não queria que ela fizesse aquilo, por algum motivo eu não queria, então rezei baixinho para que ela não fizesse. Fechei os olhos e os abri rapidamente quando Miguel gritou.

— TIA CAROL! — cobri os olhos dele e enfiei sua cabeça no meu ombro para que não visse nada. De alguma forma, Daniela se livrou dos braços de Carol e agora elas lutavam de forma violenta, luta essa que durou menos de dez segundos, pois Carol pareceu perder as forças e para o meu desespero, caiu no chão.

— NÃO! — gritei. — NÃO, AMOR! NÃO. — gritei ainda mais alto, como se meu grito fosse, de alguma maneira, salvá-la.

- Flashback off -

— Achei que fosse te perder e isso doeu para um caralho. — mordi o lábio. — E se eu já sabia que te amo, tive ainda mais certeza. Você é tão linda, sabia? Linda e muito corajosa. — falei baixinho. — Mais uma vez você salvou a vida do Miguel. Sabe de uma coisa? Ele é como você, ele é exatamente como você. Lindo, corajoso e tem um coração imenso. Me orgulho muito de vocês. — parei por alguns segundos e fiquei a observando. — Você já pode acordar, ok? O Mimi precisa da mãe dele acordada. — beijei a bochecha dela e continuei segurando sua mão com firmeza. — Vou confessar uma coisa. Quando vi você lá dentro com a Daniela, mil coisas passaram pela minha cabeça. Eu tive tanto medo! Mas de uma coisa eu tive certeza, você é a mulher mais forte que conheço. Passou por uma cirurgia para doar o rim, apanhou de um canalha, levou uma facada para salvar outra pessoa e continua aqui, mesmo dormindo, mas viva. Se fosse qualquer outra pessoa duvido que conseguiria passar por tudo isso. Você é muito forte e eu já disse que é meu orgulho e que eu te amo? — suspirei. — Obrigada por não me deixar sozinha nesse mundo louco, obrigada por não partir. Só... obrigada por estar viva.

— E quem disse que vaso ruim quebra? — aquela voz que me acalmava soou baixinha e rouca, seguida por uma risada fraca. Arregalei os olhos e sorri abertamente ao vê-la acordada, sorrindo para mim.

— Céus! Graças a Deus.

~••~

Oi, galerinha do bem, tudo bom com vocês?
Desculpa por esse capítulo bosta e pequeno,
mas hoje eu sou um saco de puro ódio, sério, estou muito irritada e muito cansada, porém vocês não têm culpa e não podiam ficar sem capítulo. Do jeitinho que escrevi vou postar, então relevem se tiver algum erro. É isto.

Um Bebê Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora