— Não, não e não! Se você não for hoje, a mamãe vai sozinha e eu fico aqui. — pelo jeito, o pequeno era a cópia fiel do pacote de birra que era a mãe. Permaneci em silêncio, não sabia o que falar e muito menos como sair da saia justa que Miguel havia me colocado. Até Day quebrar o silêncio.
— Então, Carol, você vem ou não vem?
Olhei para Dayane por alguns minutos, não sabia o que dizer. Queria dizer sim, mas ao mesmo tempo estava sem graça e sabia que aquele convite era apenas porque não viu outra escolha.
— E então? — insistiu, arqueando uma sobrancelha.
— Fala que sim, tia.
— Tudo bem. Deixa eu só avisar o Josh. — falei e Miguel comemorou.
***
Durante todo o caminho, Miguel não saiu do meu colo e muito menos parou de me contar coisas sobre sua vida, seus jogos preferidos, suas brincadeiras, filmes e até mesmo histórias constrangedoras que crianças não se importam em contar, o que me fazia rir descontroladamente. Vez ou outra, via Day nos olhar através do retrovisor do carro e não sei se foi impressão minha, mas ela sorriu ao ver o menino beijar minha testa e eu apertar seu nariz em resposta.
Quando chegamos no shopping, Miguel pediu para que eu o colocasse no chão e correu até a loja de brinquedos, deixando sua mãe e eu a sós, juntamente com o clima estranho que se instalou. A verdade era que não sabíamos o que falar e muito menos como reagir uma perto da outra, sequer nos olhávamos nos olhos.
— Então.
— Então. — falamos ao mesmo tempo. — Pode falar.
— Não, Day. Fala primeiro.
— Eu ia perguntar se você está com fome, se quer comer ou beber alguma coisa.
— Não, estou bem. — coloquei as mãos nos bolsos da calça e olhei para os pés.
— Tem certeza? O Miguel vai demorar. — olhou para dentro da loja. — Quando ele entra ali só Deus para tirá-lo.
— Tudo bem. Eu aceito um café.
— Preto e sem açúcar. — falou me olhando. Assenti, sorrindo.
— Você se lembra.
— Impossível esquecer. — falou e acredito que foi sem sentir, pois continuou neutra, andando ao meu lado. Assim que chegamos à "cafeteria", sentamos em uma mesa mais afastada. Rapidamente o garçom veio anotar nossos pedidos, pedimos um café preto sem açúcar.
— Por que disse para o Miguel que não está tendo aula? — perguntei cinicamente, como se já não soubesse a resposta.
— Jura, Carol? — colocou as mãos sobre a mesa.
— O que? Ele me contou e eu não soube o que falar, disse que estamos reformando a escola, comprando novos instrumentos e eu odeio mentir para ele.
— Eu não podia dizer a verdade, Carol. Ele não entenderia, não aceitaria.
— E a justificativa mais cabível foi mentir para o menino?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Bebê Entre Nós
RomanceO que você faria se de repente o passado batesse a sua porta? E o que você faria se esse passado viesse com uma criança? Dayane e Caroline se conheceram de uma maneira inusitada, o destino tratou de separa-las, mas a vida é uma caixinha de surpresa...