O Resgate

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Aviso: Esse capítulo contém partes um pouco pesadas. Se isso for incômodo, por favor, não leiam!

Point of view Dayane

De acordo com o Google, a adrenalina é um hormônio secretado pela medula das glândulas suprarrenais e fundamental no mecanismo da elevação da pressão sanguínea; importante na produção de respostas fisiológicas rápidas do organismo aos estímulos externos, é usada como estimulante cardíaco, como vasoconstritor nas hemorragias da pele, para prolongar os efeitos de anestésicos locais, e como relaxante muscular na asma brônquica; epinefrina, adnefrina.

Ouvi dizer por aí, que o corpo tende a liberar mais adrenalina em situações de perigo e estresse como um mecanismo de defesa. Ou mesmo quando você se machuca feio e não sente dor.
Eu sabia que era exatamente isso que estava acontecendo comigo, pois estava "tranquila" demais para quem estava em uma situação tão complicada. Meu coração batia rápido em meu peito, mas a sensação que tinha era do meu corpo completamente anestesiado, como se estivesse presente e não estivesse ao mesmo tempo.
Confuso? Muito!

Quase duas horas depois e quase três e meia da manhã, estacionei o carro em frente ao local que Daniela havia me passado. A polícia, sem ligar as sirenes, cercou a pequena casa de madeira branca, de dois andares, que ficava no meio do mato. Só de olhar, sentia arrepios. Parecia aquelas cenas de filmes de terror. Um dos policiais olhou para mim e pediu silenciosamente para eu permanecer onde estava, apenas assenti.

— Vai dar tudo certo, amor. — Carol falou me abraçando e eu a abracei de volta. Os policiais tentaram se aproximar da casa, mas de repente, o que era para ser feito com calma começou a se transformar em um verdadeiro inferno, permitindo o desespero cair sobre mim ao ponto de me fazer gritar, colocando as mãos sobre a boca e o policial parar.

Na janela do segundo andar, Daniela apareceu segurando Miguel. Ela estava descabelada e com a roupa suja de sangue. Ele chorava e tinha as bochechas vermelhas, e seus pequenos olhos azuis brilhavam em um pedido mudo de socorro, enquanto olhava para baixo. Aparentemente, não estava machucado, mas ela segurava uma faca na garganta dele.

— Meu Deus do céu. — Carol falou baixinho e com a voz fraca. Engoli em seco.

— Doutora Daniela Costa, saia da casa com a criança! Está tudo cercado. — o policial gritou e Dani nem sem moveu. — Saia da casa agora e a gente resolve na conversa. Não precisaremos invadir. — tentou negociar e Dani abriu a janela.

— Você me enganou, Dayane. Filha da puta, ingrata! — gritou. — Você me enganou.

— Dani, vamos conversar...

— Você prometeu vir sozinha. Você prometeu que não iria trazer policiais. — riu. — Só mais uma promessa em meio a milhões quebradas.

— Doutora, a senhora está com a cabeça quente, pensa bem o que está fazendo. A senhora é advogada, está ciente que o que está fazendo é crime! — o policial tentou mais uma vez, mas ela não parecia escutar. — Desça com o menino em segurança, vamos resolver, sim?

— O que me impede de cortar a garganta dele, uh? — o pendurou do lado de fora da janela. — Ou arremessa-lo daqui? Já imaginou? Não vai sobrar nada. — Miguel gritou e tentou agarrar a blusa dela, na tentativa de se proteger.

— NÃO! — gritei. Carol tentou avançar um passo, mas foi impedida pelo policial. Ela estava branca feito papel.

— Nós vamos ser obrigados a entrar. — o policial de pele negra falou para o mais baixinho.

Point of view Caroline

Por que tentar fazer acordo com quem não está apresentando interesse algum em colaborar com a polícia? Eu estava nervosa e não ia esperar que algo acontecesse com o meu campeão, não podia deixar ele nas mãos daquela maluca. Quando percebi que os policiais estavam distraídos demais planejando entrar, corri até a entrada da casa e chutei a porta, que para a minha sorte estava tão velha que caiu no chão. Subi as escadas sem olhar para trás e o mais rápido possível para não ser impedida pelos policiais. A porta do quarto onde Daniela estava com o Miguel estava destrancada e assim que entrei, ela se assustou e virou para me encarar.

— Tia Carol, que bom que você chegou! — Miguel falou com certo medo e dificuldade devido a faca na sua garganta.

— Ora, ora, se não chegou a atração principal da nossa festa.

— Daniela...

— SE MAIS ALGUÉM SUBIR, EU MATO O GAROTO. — ela gritou, acredito eu quando percebeu a movimentação da polícia. — Tranca a porta.

— O que?

— Tranca a porra da porta e se aproxima. — hesitei. — Agora! — apertou a faca e Miguel gritou.

— NÃO! Tudo bem, tudo bem. — levantei as mãos em rendição e fechei a porta com o pé e em seguida girei a chave.

— Se aproxima. — mandou e eu obedeci, me aproximando devagar. Quando eu estava próximo o suficiente, ela soltou Miguel que correu para o outro lado do quarto.

— O que você quer de mim?

— Sujar minhas mãos com o seu sangue imundo. — olhava para a faca com admiração. Engoli em seco, não podia evitar o medo.

— Então me mata. Só... só deixa o Miguel ir embora. Deixa ele em paz.

— Tudo isso é culpa dele. Ele está no meio de tudo.

— Ele não fez nada. É só uma criança. — alterei meu tom de voz. — Seu verdadeiro problema é comigo.

— Ele é meu filho. — sorriu para a faca. — Ele é meu filho.

— Eu sei, eu sei. Deixa ele ir. Você pode me tirar do caminho e ir ser feliz com ele e sua esposa. — falei. — Pode me matar, mas não precisa manter o Miguel como refém. — aproveitei que ela estava distraída admirando a faca e olhei para o Miguel e cochichei um "corra" para ele que entendeu e agilmente abriu a porta e saiu correndo. Impulsivamente e sem pensar duas vezes, agarrei o braço de Daniela o puxando para trás em uma chave de braço e a virei de costas para mim, tomando a faca de sua mão e colocando em seu pescoço. A raiva me consumiu e precisei me controlar para não cortar sua garganta. — Me dê uma única razão para não cortar sua garganta ou te jogar janela a baixo.

— Você não teria coragem. — debochou.

— Não me subestime. — apertei a faca e ela gemeu.

— Então faça. Me mata! Mostra para a Dayane que é uma assassina.

— Não vai ser a primeira vez. — o que houve a seguir foi tão rápido que não sei explicar como aconteceu. Daniela conseguiu se livrar de mim, tomando a faca e me empurrando em direção a janela.

— Isso se eu não te matar primeiro. — tentei empurra-la, mas tudo virou uma luta perigosa e injusta entre uma mulher armada e outra sem chances de defesa. E de repente e no primeiro instante, tudo que senti foi dor, como se estivessem me abrindo, sem anestesia e com grande crueldade. Depois, algo quente escorrendo pelo meu corpo. Levei as mãos até a minha barriga e só então percebi que era sangue. Olhei para Daniela e tentei falar algo, mas não consegui, podia sentir meu corpo perder as forças e o ar me faltar. Tentei ao máximo ficar de pé, mas minhas vistas escureceram e tudo que vi antes de cair e perder a consciência, foi Daniela deixar a faca encontrar o chão, arregalar os olhos e levar as mãos ensanguentadas para os cabelos.

~••~

Oi, galerinha do bem, tudo bom com vocês?
Gente, não me matem! Desculpa, desculpa mesmo por esse capítulo. Mas se eu não fizesse isso, não teria como revelar algumas coisas que planejei para os dois próximos capítulos (assim espero).

PS: é muito importante que prestem atenção em cada frase dos capítulos. As respostas estão nas entrelinhas e talvez bem debaixo do nariz, hihi.

Até o próximo!

Beijox da Manu. Manu, não Eduarda (😹😹😹😹).

Um Bebê Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora