porque isso ainda me machuca?

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*no dia seguinte*

- bom dia Lisa. - disse me sentando no sofá da sala.

- bom dia Michael.

- Paris já acordou?

- já. Está no zoológico.

Supirei fundo e comecei.

- você ainda não me explicou.

- não expliquei o que?

- onde Paris estava? Como a encontrou? - ela abre um enorme sorriso.

- você foi tão bobo que nem percebeu.

- qual é a graça? E como assim eu fui bobo?

- lembra-se de que eu estava com um papel aquele dia e escondi quando você chegou?

- sim.

- aquilo era uma carta. Eu a enviei a outro oficial de policia, ele avaliou o caso e entrou com um processo com as provas de Sneddon acusando ele de ter as forjado.

- e tudo isso sem eu saber?

- exatamente. - disse rindo da minha cara que agora sim, era de bobo.

*uma semana depois*

Ah, que saudade eu estava disso. Uma divertida guerra de balões d'agua com Paris. Claro que Lisa iria dar a desculpa de que não queria estragar o seu cabelo, então nem fizemos questão de chamá-la.

Algum tempo depois, eu estando completamente seco e Paris exatamente o oposto de mim, entramos com ela batendo os dentes de frio e foi se trocar para ela e Lisa passearem pelo parque.

- tem certeza que não quer ir junto Michael?

- tenho sim Lisa. Eu estou com um pouco de dor de cabeça, vou ficar aqui.

- então eu fico com você.

- não precisa Lisa. Paris está te esperando.

- está bem. Descanse. - diz beijando minha testa.

Ela saiu e eu me levantei indo até a mesa pegar o jornal para lê-lo. Não ligo pra nenhum dos tábloides, leio as noticias simplismente por ler.

Procurei em minha mesa e não encontrei. Debaixo dela, na estante de livros, nas gavetas e nada.

Sentei na cadeira suspirando derrotado quando vejo-o no lixo. Provavelmente Lisa se confundiu com um antigo e jogou fora.
Peguei-o e desembolei para ler.

"Mais uma acusação!

Jacko é novamente acusado de abuso por dois garotos que supostamente visitaram a casa do cantor"

Depois que chegou a primeira acusação, chegaram umas outras mil que eram simplismente uma bobagem que logo foram desmentidas. Então eu não liguei pra isso.

Soltei o papel de minhas mãos e sentei na cama.

- como ele puderam achar que eu faria algo tão repulsivo assim? - pensei em voz alta com lágrimas nos olhos.

Você deve estar imaginando o porque de eu chorar tanto.
Na verdade, até que tem sido uma coisa bem comum pra mim. Uma rotina que começou já a alguns anos.

Levantei-me e fui até a comôda. Abri a gaveta e vi um frasco de anti-depressivos.
Peguei o pote, abri e peguei um dos comprimidos.

Espera, o que eu tô fazendo? Isso só está me matando aos poucos. Não posso fazer isso comigo, me entregar assim.

Tenho amigos que sabem que eu tomava essas coisas, e foram unânimes em me aconselhar a não fazer mais uso disso.

Joguei o frasco de vidro no chão que se quebrou com o impacto. Volto minha atenção ao enorme espelho da comôda. Na minha cabeça só passava "POR QUE?".

Em um momento fora de mim, dei um soco no espelho e fechei os olhos esperando não ouvir mais barulho.

Quando dei por mim e me toquei do que tinha feito, olho rapidamente para os cacos no chão e para meu punho cheio de cortes.

- AI! QUE DROGA!- disse me sentando no chão e fechando a mão com força para aplacar a dor.

Fiquei lá caido com a dor de cabeça a mil e com meus pensamentos longe de mim.

- Michael o que houve aqui? - Lisa disse entrando se aproximando de mim e eu fiquei quieto.

Ela olha pro chão e viu o jornal e os comprimidos jogados no chão. Pegou um deles e olhou pra mim.

- a quanto tempo tem isso Michael?

Não disse nada. Apenas fiquei de cabeça baixa tentando esconder atrás de mim a minha mão cheia de cortes.

- vem. - diz segurando meu braço esquerdo tentando me levantar.

Ponho a mão direira, que seria a mão cortada me apoiando na cama e depois de me sentar a coloco sobre meu rosto.

- o que é isso? - diz pegando minha mão.

- Lisa, eu só...

Continua ...

Blood On The Dance FloorOnde histórias criam vida. Descubra agora