Capítulo 4~

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Christian

Tudo estava saindo perfeitamente como eu planejei. No dia seguinte à nossa conversa, Ellie me deu sua resposta. E não poderia ser outra, se não concordar. Tenho certeza que quando ela viu Ceci ser tratada muito melhor que antes, jamais diria não. Nos casaremos amanhã. Desde então não consegui mais esconder sorrisos de satisfação.

Mesmo com tudo dando certo, também tive que lidar com as consequências negativas. Não conseguia mentir para Charlotte e ela achou uma loucura o que eu estava fazendo com a pobre Ellie, como ela mesmo disse.
Tenho que aguentar seu tratamento de choque, ela prometeu não me dirigir mais a palavra. Vamos ver quantos minutos seu silêncio irá durar.

-Seu primo Derek ligou. -disse Charlotte quando entrei em casa. Ela mantinha sua postura fria.

-Deve ser sobre o casamento. Vou ligar para ele do escritório. -andei até o lugar e senti Charlotte me seguindo.

-Quando você vai desistir desta loucura Christian? -ela entrou junto comigo no escritório. Tirei o terno e joguei em uma poltrona.

-Quando você vai entender que não vou voltar atrás? -sentei em minha cadeira esperando que ela saísse.

-Christian você precisa entender que assim só vai fazê-la odiá-lo não amá-lo. -lhe lancei um olhar severo.

-Não quero que ela se apaixone. Quero que pague por ter me abandonado. -destilei minha amargura sobre Charlotte. Á mim pouco importava como Ellie ficaria quando tudo acabasse.

-AH tá bom! -Charlotte deu uma rabissaca e saiu resmungando.

É claro que Ellie despertava meu desejo e minha fúria ao mesmo tempo, mas desta vez eu não agiria com o coração ou teria a menor piedade. Não voltaria atrás. Não agora.


Ellie

E lá estava eu. Ao quarto dia, vestida de noiva. Pronta para entrar naquela pequena capela e me tornar a esposa de Christian. Não tive que me preocupar com nada. É claro que o dinheiro dele deu um jeitinho em tudo.
Tinha que entrar ali e fingir ser a noiva mais feliz do mundo e mentir para a família de Christian, que ficaram felizes com a nossa volta, mas assustados com um casamento repentino. Ele apenas lhes deu a desculpa que nos encontramos depois de tanto tempo e que percebemos que não poderíamos mais viver um sem o outro, e como eu já conhecia quase todos da época em que namorávamos foi mais fácil convencê-los que estávamos perdidamente apaixonados depois de nosso passado.

Questionei seus termos, mas assinei um contrato sob algumas condições minhas, quando lhe dei a resposta sim. Claro que ele não concordou nem com metade de minhas palavras, mas me garantiu que tentaria ser flexível com algumas coisas. Ao menos ele nos poupou de uma enxurrada de convidados e havia apenas sua família na igreja.

Quando fiz a entrada triunfal da noiva na igreja, a família de Christian me sorriu. Amy, a mulher de Derek e Susan, a esposa de Michel, enxugavam as lágrimas emocionadas. Vi Charlotte e ela também chorava, mas lançou um olhar de reprovação para Christian, que lindo e em seu terno impecável me esperava no altar. Se não fosse pelas circunstâncias, este seria sem dúvidas o dia mais feliz da minha vida. Eu não seria hipócrita. Eu ainda amava Christian.

Christian nem se quer tentou disfarçar o sorriso vitorioso quando o pastor nos declarou marido e mulher.

-Pode beijar a noiva. -disse o pastor sorridente.

Tentei disfarçar o meu desgosto com aquela situação. Por um momento nos encaramos sem saber o que fazer. Era como se ele tivesse esperando meu consentimento. Christian me encarou de uma forma séria e indecifrável. Pousou sua mão em meu rosto e eu continuei sem qualquer reação, quando senti seus lábios sobre os meus. Não foi um beijo profundo, foi apenas um selinho demorado, mas a onda de eletricidade que percorreu meu corpo foi assustadora. Quando ele me soltou e sorriu para sua família, ainda fiquei imóvel sentindo ainda a sensação de sua boca queimando na minha. Tentei sorrir e fingir que o beijo não me causará nenhum impacto.

Depois que todos nos felicitaram seguimos para a casa do tio de Christian, o senhor Smith, o mesmo que me deu seu número. A casa era tão ou mais luxuosa do que a de Christian. O jardim estava lindamente decorado com luzes e uma enorme mesa com um generoso banquete.

Amy e Susan estavam em uma animação só. Tentei fugir delas por um momento para não estragar tudo. Aparentemente ninguém sabia de nosso acordo, somente Charlotte, que não concordava com o que Christian estava fazendo, isso era bom, ao menos teria uma aliada. Subi para um dos quartos de hóspedes com a desculpa de trocar de vestido. Me livrei do vestido de noiva e vesti algo branco, porém mais simples. Soltei meus cabelos do penteado e me senti melhor.

Quando voltei ao jardim, Christian ficou me encarando de uma forma diferente. Ele já tinha se livrado do terno preto e de sua gravata. A camisa social branca tinha alguns botões abertos dando um breve deslumbre de seu peitoral. Ele caminhou até mim sem perder meu olhar por um segundo. Ele conseguia me intimidar com o mínimo de seu esforço.

-Dança dos recém casados? -me estendeu a mão. Ponderei um pouco, mas acabei aceitando quando vi que nos observavam.

Christian me levou até o improvisado salão de dança. Seus primos e suas mulheres se divertiam dançando agarrados. Quando paramos, Christian me puxou de uma forma dominadora para seus braços. Segurei em seus ombros e ele apertou minha cintura. Olhei para a mesa do jantar e Charlotte dava algumas instruções aos funcionários do buffet. O tio de Christian conversava ao telefone, me parecia uma ligação de negócios. Foi então que percebi que buscava desculpas para me distrair de suas mãos possessivas sobre mim.

Uma música lenta começou a nos embalar. Senti sua respiração próxima demais no meu pescoço. Me condenei quando meu corpo começou a reagir. Senti sua respiração um pouco descompassada em meu ouvido, seu perfume não estava me ajudando. Fechei os olhos por um momento quando senti seu toque me apertando mais próxima ainda, se era possível.

-Não vejo a hora de ficar a sós com minha linda esposa. -foi o suficiente para voltar a realidade. Tudo veio a minha mente novamente. Abri os olhos. Tentei me soltar de seus braços, mas ele não permitiu.
-Você não tem para onde fugir Ellie. -sussurrou.

Me afastei o suficiente para olhar em seus olhos. Christian encostou sua testa na minha, nossa respiração estava se misturando. Eu jogaria seu jogo. Ele fechou os olhos. Estava difícil pensar assim. Continuamos dançando lentamente. Mas eu recuperaria um pouco da minha dignidade.

-Christian? -ele estava tão inebriado quanto eu. Apenas assentiu como se me pedisse para prosseguir. -Eu sinto muito querido... -as palavras saíram com ironia. -Mas você não vai conseguir o que tanto quer. -ele saiu do seu estado de transe e me olhou desafiador.

-Não preciso lembrá-la de nosso acordo. -me disse friamente com sempre.

-Se você ousar tocar em mim, sem minha permissão, eu farei um escândalo. -sorri provocadora enquanto alisava o colarinho se sua camisa. Meus dedos tocaram a pele de seu peito e tive que me manter sã.

-Você sabe quem sairá perdendo. -ele entrou no jogo e respondeu sedutor.

-Você conseguiu o que queria.
-fechei os braços em seu pescoço fazendo um carinho em seu cabelo. Percebi que ele reprimiu a satisfação com o toque. -Estamos casados, mas você jamais me terá em sua cama, ou melhor, em seus braços. -desta vez seu desgosto foi perceptível. Ele não suportava perder. -Parabéns! Esse é seu presente de casamento amor. -forcei um sorriso de vitória e o deixei com uma expressão furiosa.

Sentei a mesa e o senhor Smith iniciou uma conversa. Christian sentou-se distante com um copo de bebida em mãos. Ele me encarava enquanto tomava o líquido. Com certeza estava maquinando sua vingança. Tentei mostrar a ele que eu não estava nenhum pouco me importando com sua represaria. Apenas tentei relaxar um pouco, enquanto eu temporariamente estava no controle.

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