Capítulo 19~

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NÃO revisado!

Ellie

Tive uma noite terrível. Não consegui dormir, não conseguia parar de chorar. Eu vi nos olhos de Christian o quanto ele ficou magoado por eu ter estragado sua surpresa. O quarto estava tão lindo, cheio de rosas, mas o clima do lugar era de vazio, tristeza. O pior de tudo é que ele já estava decepcionado, e eu nem mesmo o contei a verdade. Minha cabeça está doendo e estou com uma ânsia de vômito terrível.

Esperei o dia amanhecer para tomar um banho e falar com Christian. Ele precisa me ouvir, não estou suportando mais o peso da minha covardia. Depois que me troquei saí direto em busca dele. Assim que cheguei a porta respirei fundo e pedi por controle das minhas emoções. Bati na porta e esperei por seu consentimento para entrar, mas não obtive respostas. Bati novamente.

-Bom dia filha. -virei-me e vi Charlote subindo as escadas.

-Bom dia. -respondi apenas por educação, pois hoje é um dos dias mais difíceis da minha vida. Ontem não consegui contar para Tom o porquê estava chorando daquela forma, pedi por paciência e prometi que hoje lhe contaria tudo. -Preciso falar com Christian.

-Ele saiu mais cedo hoje. -Charlotte começou a me olhar de forma desconfiada. -Nem mesmo quis tomar café. -senti uma frustração. Até mesmo quando criava coragem para falar, tudo dava errado.

-Tudo bem. Mais tarde conversamos. 

-Algum problema? -perguntou ela preocupada.

-Algum não. Muitos. -virei-me e fui para meu quarto pegar minha bolsa. Iria para o hospital ficar com Ceci até a hora do almoço, que foi o horário que combinei de conversar com Tom. Passei por Charlotte. -Não voltarei para o almoço. -avisei.

-Se eu puder ajudar... -quando Charlotte disse isto, eu voltei e lhe dei um abraço.

-Você já me ajuda muito. -beijei seu rosto. -Obrigada. -ela me deu um sorriso em troca, mas Charlotte entendeu que havia algo errado e seu semblante preocupado era visível.

As horas se arrastavam. Eu estava muito ansiosa para conversar com Tom, claro que com muito medo também, mas o que realmente importava agora era lhe contar a verdade. Darla me ligou algumas horas mais tarde e tentou me tranquilizar, me assegurou que Tom entenderia e que daria tudo certo. É pelo o que estou pedindo neste momento. Levantei e comecei andar de um lado para o outro no quarto de hospital.

-O que vai acontecer comigo Ceci? -perguntei olhando para ela. -Espero que Tom não me julgue, ao menos não tanto. Preciso que ele entenda que faria tudo por você, por nossa família. 

Cheguei no restaurante que combinamos quase meia hora antes. Meus pés batiam no chão ansiosamente. Bebi um pouco da água que pedi. Olhei para o lado e vi uma família, sentados á mesa comendo. A mãe dava algumas colheres na boca de um menininho que me parecia ter uns cinco anos, o pai tratou de limpar sua boca com um guardanapo. Eles agiam em plena harmonia. Meus olhos arderam quando senti que as lágrimas estavam   por vir. Como eu gostaria de viver algo assim, Christian, eu e o nosso filho, brincando, felizes. Desviei meus olhos daquela cena perfeita. 

-Olá. -Tom chegou e me despertou dos pensamentos. Deu-me um beijo na cabeça e depois sentou á minha frente.

-Oi. -tentei limpar as lágrimas sem que ele percebesse, mas foi em vão. -Quer almoçar?

-Quero saber  a verdade. -seu olhar sério me intimidou e desviei meu olhar. -O que está acontecendo com você Ellie? -olhei para ele com toda a determinação que uni.

Contei tudo para Tom. Toda a verdade. Cada detalhe sobre os termos de casamento, minha história com Christian no passado, e sobre a minha gravidez. Por um momento ele ficou paralisado. Seu rosto foi ficando vermelho e sua expressão continuou indecifrável. Depois de longos segundos que esperei, sua única reação foi levantar-se e caminhar em direção á saída. Fiquei confusa, peguei minha bolsa, joguei algum dinheiro sobre a mesa e saí quase correndo para a rua em sua busca. Quando o vi, corri, até que consegui acompanhá-lo.

-Aonde você vai? -o puxei pelo braço.

-Vou matar aquele canalha! -ele se desvencilhou e continuou andando depressa. Demorei para assimilar sua palavras. Corri novamente e parei em sua frente.

-Você não vai á nenhum lugar. -o agarrei com um abraço para impedi-lo de andar. -Não vai machucá-lo. -quando finalmente consegui detê-lo, Tom me olhou incrédulo.

-Você ama àquele aproveitador? -perguntou em descrença.

-Com todo o meu coração, com toda a minha alma. -Tom pareceu revoltado com minha resposta. 

Esperei que ele se acalmasse um pouco e o segurei pelo braço lhe direcionando ao Central Park que já ficava do outro lado da rua em frente ao restaurante. Em silêncio sentamos em um banco e ficamos ali. Tom baixou a cabeça e ficou encarando o chão.

-Não sei mais o que pensar. -ele quebrou o silêncio. 

-Aceitei a proposta de Christian em primeiro lugar, por Ceci. -olhei para algumas pessoas que caminhavam por ali. -Mas também porquê o amo, nunca deixei de amar. Meus sentimentos estavam adormecidos e quando o vi novamente, tudo veio á tona. -Tom e eu nos encaramos. -A culpa é minha Tom, minha omissão se acumulou como uma bola de neve e agora se tornou em uma avalanche furiosa.

-O que pensa em fazer Ellie?

-Enfrentar as consequências. -engoli em seco. Fechei os olhos por um momento. -Não me odeie! -quase implorei.

-Eu amo você. -meus olhos encheram de lágrimas. Tom tocou meu rosto gentilmente e então nossos olhares se encontraram. -Você me ouviu? -apenas assenti. -Eu nunca poderia odiar você. -seu sorriso me deu um certo alívio. -Não concordo com o que fez, mas tenho certeza que fez o melhor que pôde por nossa irmã. -tentei sorrir. -Vamos resolver isso juntos, tudo bem? -assenti novamente quando ele segurou meu rosto com suas mãos. -Você não está mais sozinha Ellie.

Desabei nos braços de meu irmão. Senti alegria, por ele estar ao meu lado, com uma mistura de ansiosidade e medo por ser apenas o começo. Eu ainda teria que fazer o pior de tudo, olhar Christian nos olhos e lhe contar tudo.
Me despedi de Tom e fui direto para casa, esperaria Christian chegar e terminaria com essa tortura de uma vez por todas. Ainda era bem cedo quando cheguei. Havia um grande silêncio na casa. Caminhei até a cozinha á procura de Charlotte. Avistei-a conversando com a senhora Trudy, a cozinheira.

-Atrapalho? -as duas olharam na minha direção.

-Claro que não filha. -Trudy me sorriu e nos deixou a sós. Charlotte veio até mim. -Você quer almoçar?

-Não, obrigada. -ela estava tão séria. -Só preciso de um favor. -ela assentiu. -Assim que Christian chegar, poderia me avisar? -nunca vi Charlotte tão inexpressiva assim, isso me preocupou.

-Christian está esperando por você no escritório. -desta vez seu semblante ficou triste.

-Vou até lá.

Antes de sair da cozinha olhei para Charlotte mais uma vez e ela já estava de costas, passou a mão no rosto e deu um longo suspiro. Será que havia acontecido algo?
Continuei meu caminho até o escritório de Christian e um tremor tomou conta do meu corpo. Eu lhe contaria toda a verdade e isso acabou instalando um pânico sobre mim. Dei algumas batidas na porta para avisar sobre a minha chegada. Esperei alguns segundos e então a abri.

Christian estava sentado em seu trono. Sua expressão encarando alguns papéis sobre a mesa era fria como uma geleira e indecifrável. Me aproximei, mas não sentei. Ele empurrou os papéis para mim, e os peguei trêmula. Meu coração largou em batidas frenéticas. 

-O que é isso? -passei os olhos rapidamente pelas letras, e voltei a encará-lo.

-Sua carta de alforria. -sua voz saiu sem emoção alguma e seu olhar ainda estava sobre sua mesa.

-E o que isto significa?

-Acabou. -ele finalmente levantou a cabeça e me lançou seu olhar de gelo.


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