Capítulo 13

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Depois do enterro da minha mãe, me vi sozinha, em todos os sentidos, fisicamente e principalmente emocionalmente.

Passei precisamente três dias trancada dentro de casa, celular desligado, casa trancada, não pensava em nada só chorava, ouvia a campainha algumas vezes, mas ignorava, ate ouvir alguém chamar, dizendo que era a policia caso não abrisse iram arrombar.

_Sou Renato do conselho tutelar, diretora da sua escola informou o que aconteceu, e provavelmente estaria só, você falou com alguém da sua família?

_Não, minha família era minha mãe.

_Entendi, sentimos muito pelo que aconteceu, mas você tem como entrar em contato com seu pai ou alguma tia?

_Não conheço meu pai, tampouco a família dele.

_Algum familiar onde você possa ficar?

Balancei a cabeça negativamente.

Com isso tive que ir para um abrigo ate encontrarem alguém da minha família. Na verdade menti, minha mãe tinha uma tia insuportáveis e com ela eu não queria ficar, e primos, mas não tinha o contato mesmo, nem minha mãe.

Contestei, mas tinha que ir, não queria ser arrastada pela policia.

Lugar horrível, com pessoas estranhas, todas problemáticas, por um momento me via perguntando o porquê de tudo aquilo. O pior foi saber que eu não poderia parar de estudar, de ter que voltar para aquela escola, afinal já passava do meio de ano.

Já me via reprovada, pelo menos em português eu tinha certeza. rsrs

Depois de ter faltado tanto, tinha que encarar a escola novamente, dessa vez os olhares eram de pena, ninguém falava nada, e eu também não fiz questão de falar com ninguém, sentei fiquei de cabeça baixa, ate a professora Cristina entrar, depois de dias sem ver lá, apesar dos pesares queria dar um abraço nela, na verdade receber um abraço, definitivamente eu ainda estava completamente apaixonada por ela.

Não ousei falar com ela, mas notei que ela ficou surpresa em me ver ali.

Infelizmente as coisas no abrigo andava péssima, na escola também, eu pensei que depois de tudo que eu tinha passado e ainda estava passando, ela seria pelo menos, menos rude comigo, mas nada mudou.

Aguentei duas semanas, e fugi apos o diretor do abrigo descobrir minhas fotos e tentar me comer.

A principio fiquei dormindo na rua, acabei tendo que me prostituir, roubar, pedir, passei exatamente um ano assim, ate conhecer uma senhora muito religiosa, sempre conversava com ela, viramos amigas, com o tempo contei toda minha historia para ela, ela me convidou para morar em um quartinho no fundo do lado de fora da mercearia do seu esposo e trabalhasse lá.

Sentia-me grata por ela ter me acolhido, sempre dava o meu melhor na mercearia, o tempo foi passando e certas feridas foram cicatrizando. Com 20 anos decidi que iria voltar a estudar, terminar o ensino médio e cursar faculdade, estabeleci metas.

Primeiro passo era repatriar a casa que era da minha mãe, e todos os outros direito que tinha, com ajuda dos filhos da dona Lurdes a senhora que me acolheu, consegui.

Então vamos lá, ir naquela maldita escola novamente, depois de 4 anos, mas dessa vez era somente para pegar a matricula, quero estudar em uma escola bem longe dali.

Outra diretora, outros coordenadores, algumas coisas mudaram ali, ainda bem que não vi a professora Cristina. Preferi me matricular em uma escola longe apesar de me matricular para a noite pensava eu que com certeza não encontraria ninguém, professor ou ninguém da escola que estudei antes, esse era meu alivio.

Fiz o trajeto longo de volta para casa, aquela casa enorme, senti tão só, lembrança boa e triste veio em minha mente, saudade da minha mãe, mas agora eu tinha virado mulher, era obrigada a conviver e saber lidar com tudo, apanhei muito da vida, vivi em 4 anos o inferno e consegui de certa forma me reerguer, nunca me senti tão determinada em terminar os estudos, isso inclui faculdade, me relacionar? De forma alguma, talvez ter sido obrigada pela a vida a me prostituir, me fez perder a libido, o interesse em outras pessoas, jamais deixaria algum sentimento florescer em mim! Primeiro eu, sempre.

*******************Algumas semanas depois**********************

Aqui estou! Na parada de ônibus, depois de um dia cheio de trabalho, sentindo aquela ansiedade pelo primeiro dia de aula, depois de alguns anos longe da escola, me lembrei do meu ultimo primeiro dia de aula, já não me importava se o professor ou a professora ia gostar de mim, o que me importava era terminar os estudos, me matriculei no EJA terminaria tudo em um ano e meio, o ponto ruim era que é somente um professor para todas as matérias, mas o importante era terminar.

Enfim depois do longo trajeto cheguei à escola, direto para minha sala, ao entrar, respirei fundo e vamos lá.

Fui uma das primeiras a chegar, assisti todos os outros alunos que aos poucos iam chegando, muita gente de idade bem mais avançada, e quando o sinal tocou alguns minutinhos depois me vi num Déjà vu quando vejo a professora entrar dando boa noite com um sorriso estampado no rosto, meu estomago embrulhou, só poderia ser brincadeira do acaso, uma escola tão longe, como ela poderia da aula ali?

Sim, a minha mais nova professora seria a professora Cristina por um ano e meio. Meu Deus como pode ser? Só queria me levantar e ir embora dali, ao fazer isso quando ia saindo sala sinto uma pessoa me segurando pelo braço, meu coração acelerou porque eu sabia quem era, ao me virar ela me encarou por um longo tempo, percebi que seus olhos marejaram, enfim o silencio se quebrou:

_Larissa?

_Já estou indo embora, se soubesse que você trabalhava nessa escola jamais teria me matriculado, fic...

_Eu te procurei tanto, vamos conversar.

_Com um tom bem decidido disse olhando nos olhos dela que não tinha nada para falar com ela, de forma brusca mandei ela me larga e sai dali.



Se vocês gostaram comentem, prometo forte emoções.




Minha querida e odiada professoraOnde histórias criam vida. Descubra agora