"Dos resistentes"

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Ponto de vista do Zain

A noite caiu e quando esta hora se aproxima já fico nervoso. Deitei-me na cama, mas sem esperanças de dormir. Passou a meia noite e nada de Nate... passou a meia noite e meia... a uma da manhã e nada. Eventualmente acabei por adormecer, convencido de que ele não vai aparecer hoje. 

Saí de casa de manhã, com a primeira noite bem dormida em três dias. Ela demorou mais um pouco a sair e eu esperei entre as nossas portas. Saiu de casa, com um sorriso ainda mais aberto do que nos outros dias.

"Bom dia." Cumprimentei. 

"Bom dia." Respondeu com um sorriso que pode iluminar o prédio inteiro. 

"Estás bem disposta hoje..." Comentei. 

"Estou sempre bem disposta." Mentirosa... mas dou-lhe os créditos por ser boa atriz.

"Como está a tua mão?"

"Está melhor... obrigada por ontem."

"Não foi nada." Encolhi os ombros.

"A sério... tu tens sido mesmo cinco estrelas desde que cheguei."

"Não é nada... a sério. Não me custa nada. Acho que sou mesmo assim." Deixei escapar uma risada de nervosismo. 

Deixei no mesmo lugar de sempre e ela saiu. Ia arrancar mas vi-a voltar atrás. 

"Não me queres dar o teu número para eu avisar se ficar até mais tarde no trabalho?" Falou com a cabeça a entrar pela janela aberta do lado do pendura. 

"Claro..." Até é um favor que me faz para eu não começar a fazer filmes se ela chegar mais tarde. Entregou-me o seu telemóvel e eu digitei o meu número. 

"Até logo." Sorriu. O sorriso falso dela já é bom, mas o verdadeiro... meu deus. 

"Até logo..." 

~*~

O meu telemóvel tocou quando estava prestes a sair do trabalho. É um número que não conheço. 

"Estou?"

"Zain?" Reconheci a sua voz e quase automaticamente um sorriso nasceu nos meus lábios. 

"Sim, sou eu." 

"É a Abi..." E novidades? "Eu vou sair ligeiramente mais tarde... a filha da minha patroa veio de férias a casa e está a dar-me cabo dos nervos sobre uma porcaria qualquer que não encontra."

"Tudo bem... eu espero por ti."

"Não precisas de esperar... Não te quero ocupar tempo e fazer-te esperar."

"Não tem problema... a sério. É sexta-feira... eu até estava a pensar que podíamos ir beber alguma coisa antes de ir para casa... eu recebi hoje."

"Eu também vou receber quando sair."

"Então... isso quer dizer que vamos?"

"Sim, podemos ir... eu tenho de desligar agora."

"Eu espero por ti no sitío do costume."

"Obrigada. Beijinhos."

"Beijinhos..."

Esperei por mais ou menos de vinte minutos. Entrou no carro, novamente ofegante. 

"Desculpa a demora." 

"Não precisavas de ter vindo a correr..." Soltei uma risada. 

"Eu não gosto de deixar as pessoas a esperar." Encolheu os ombros. "Então, onde é que vamos?" 

VizinhançaWhere stories live. Discover now