O que será de mim?

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12° capítulo
- Você achou a escola legal, filho?
- Achei, mamãe! -falou animado- Fiz vários amiguinhos, eles são muito legais!
- Que bom, pequeno. -sorri, acariciando sua bochecha.
- Mas o que é mais legal, é quando eu vou pro trabalho do papai!
- Você gosta, Samuca? -Eduardo perguntou, sorrindo.
- Gosto muito papai!
- Que bom. -olhou para mim, como se dissesse: "o herdeiro nós já temos".
Chegamos em casa e eu fui dar um banho no meu filhinho. Tirando o fato de que eu caí dentro do box do chuveiro, e que Samuel me jogou mais ainda para debaixo d'água, tudo correu bem. Logo, jantamos e eu fui para a faculdade. Gravei todas as aulas, porque o sono já tomava conta de mim por completo e eu nem sabia mais o que era prestar atenção no último horário.
Assim que pisei em casa, arranquei a blusa e o sutiã, correndo para o meu quarto e deitando na cama, assustando Eduardo, que via corrida.
- Quer ajuda para tirar a calça?
Assenti e virei de barriga para cima, escondendo meus seios com as mãos e rindo, porque a expressão de Eduardo não era nada angelical. Ele tirou o botão de sua casa e abriu o fechecler, rindo enquanto eu sentia seu toque cheio de malícia. Ele puxou a calça lentamente para baixo e me deixou de calçinha.
Subiu beijando minhas pernas, depois minha barriga, dando uma mordiscadinha no meu dedo e beijando a minha boca.
- Agora durma, você está exausta.
- Sim, senhor... -falei baixinho, deitando a cabeça em seu peito e fechando os olhos.
Eduardo ficou fazendo carinho em mim, pelos meus braços, barriga, lateral da coxa, e alternava essas regiões.
- Assim eu não consigo dormir... -falei, meio rindo, meio séria.
- Eu sei. -ele riu baixinho- É que você é tão bonitinha tentando dormir...
- Bonitinha? -indaguei e ele soltou uma gargalhada- Nossa, obrigada pelo elogio. -virei de costas para ele, que virou meu corpo para si novamente.
- É que eu queria te contar uma coisa... queria que você estivesse acordada e eu vou acabar falando até com você dormindo, então não faz tanta diferença mas...
- Conta logo.
- Amo você. -Soltei um sorrisinho bobo e ele riu, me dando um selinho- Já passou de meia noite... -beijou meu pescoço.
- Isso só confirma que eu preciso dormir.
Recostei em seu peito e apaguei, com o meu cd favorito, que dizia "amo você" o tempo todo. E não é que eu gostava?!
Amar Eduardo passou de um joguinho entre nós dois. Ele só cresceu desde que Samuel entrou nas nossas vidas, e olha só, agora eu amava ter um filho. Um filho.
- Mamãe! Acorda mamãe!
- Só mais cinco minutinhos... -reclamei, virando de barriga para baixo e escondendo meu rosto com o travesseiro.
- Mamãe! -Samuel insistiu, mas eu queria dormir!- Mamãe! -ouvi ele subindo na minha cama e vindo me cutucar- Acorda! -pulou em cima de mim- Papai vai levar a gente para praia!
- O Eduardo vai o quê? -sentei na cama correndo e Samuel riu.
- Praiaaaaaa!
Levantei da cama e puta que pariu! Meu sutiã! Escondi os seios com as mãos, enquanto fazia minhas higienes e tentava me arrumar o mais rápido possível. Depois, vesti um biquíni e com o shortinho jeans por cima, e corri para a sala, onde eles me esperavam. Ali estava: meu marido, lindo naquele dia, despojado e vestindo sua marca. Samuel estava igual, e eu, bem, de biquíni. E lá fomos nós. Eu estava feliz. Livre. Ou eu me sentia assim, com a liberdade batendo na minha janela.
- Amor, comprei a nossa casa.
- Você o quê? Eduardo!
- É aquela que a gente mora. Contratei uma empresa de decoração, eles vão montar nossa casa, e finalmente um quarto para a idade do Samuel.
- Você... -Meus olhos se encheram de lágrimas- Ah... -abraçei ele, que riu nos meus braços e me pegou no colo, me levando para o mar. Samuel foi junto, mas ele sabia nadar, diferente de mim. Sorri comigo mesma ao sentir o mar e perceber que finalmente minha vida começou a dar certo. Aos dezoito anos de idade.
Ah, e sobre a nossa diferença... Não me importo. São dez anos e onze meses, mas que não fazem diferença para nós dois. Ele me ama, e eu o amo. Isso que importa.
- Eduardo, aqui não, as pessoas vão ver! Sem contar o Samu... ahn...
- Não geme então! -falou baixinho- Fica conversando e deixa o resto comigo.
Aos poucos eu fui relaxando e deixando acontecer. Porém numa praia! Meus Deus, numa praia! Chegamos ao nosso ápice e eu começei a rir, indo até Samuel, que pediu colo e comida. Sequei meu corpo, vesti o short e os acompanhei até o restaurante.
Aquele dorzinha parecida com cólica tinha voltado, que era resultante do soco que recebi do Louis. Mas o médico disse que só doeria novamente no dia que meu útero estivesse pronto para receber um filho novamente. Então isso significava que eu estava pronta de novo. Mas Eduardo não deixaria isso acontecer, imagina, um filho agora! Fora de questão.
- Liliana, meu amor, você está bem?
- Sim, só pensando.
- Eu conheço você. -piscou o olho esquerdo.
Revirei os olhos e reclamei por ele me conhecer tão bem nesses momentos que eu queria que ninguém soubesse quem eu era. (...)
- Não era para tanto. -cruzei os braços, encarando Eduardo, que me levou para o hospital assim que percebeu minhas cólicas.
- Senhor Eduardo e senhora Liliana, estão vendo esse pontinho aqui? -ele apontou no monitor e meu coração acelerou, errando batidas, e acho que fiquei pálida demais para falar algima coisa, portanto, apenas assenti- Esse pontinho aqui, futuramente vai ser um bebê lindo! -ai meu Deus!- Como ela teve essa deslocação de útero, conseguiu descobrir mais cedo do que o normal uma gravidez. Os enjôos vão passar a vir e muita sonolência.
Eduardo sorria de orelha à orelha. Eu estava em choque, olhando para o meu pequeno serzinho na ultrassom, que era apenas uma bolinha de gude grudada no meu útero. Meu Deus, era um bebê.
- Vai para casa descansar, vou comprar os remédios para vocês. -sorri, apertando a minha mão- Eu sei que não foi na hora que nós queríamos mas... -sorri de lado- É um filho. E eu já amo muito essa criança.
Peguei na mãozinha de Samuel e o trouxe para perto de mim. Eu amava aquele menino, que nem saído de mim tinha. Imagina aquele bebê! E se eu não o amasse tanto assim? E se eu deixasse Samuel de lado? Isso é estranho, não é confortante e eu odeio sentir que um pode se sentir magoado com o outro. E Eduardo está tão feliz, que vou manter o sorriso no rosto.
Cheguei em casa, tomei os remédios e me escondi num canto que ninguem me acharia. Eu queria chorar, por tudo que eu estava sentindo para fora, mas Eduardo iria ouvir. Droga! Nem chorar eu posso mais! E o pior de tudo, eu não estava pronta. Como eu iria cuidar de um bebê? Eu mal sabia cuidar de mim! Eu precisaria de calma.
Peguei meu celular e liguei para Alana, e ela logo atendeu.
- Qual a bomba?
- Tô grávida. -um silêncio que só nós duas sabíamos o significado tomou conta durante alguns minutos- Fala alguma coisa!
- Ai Lili... -sua voz era melosa- Não é de todo mal assim, poxa, um filho, você está casada, com um homem babado, um filhinho lindo, estabilizados num emprego... esse bebê só vai acrescentar na sua vida.
- Eu sei, Alana, mas eu tenho só dezoito anos, fazendo faculdade, e o Eduardo trabalha o dia inteiro. Não quero abandonar meus filhos com uma babá, principalmente o pequeno, que vai precisar de atenção...
- É... tem razão. Foi bem surpresa. Mas você toma injeção, como esse filho brotou?
- Eu precisei parar, por causa do soco que o Louis me deu, aí na lua de mel... Você já sabe. Agora tem um baby dentro de mim!
- Amiga, é isso, não fica nervosa, faz mal para o bebê, e aproveita! Depois você pensa em como vai cuidar desse bebê, agora curte a sua gravidez! Dessa vez vai ser diferente, Lili. Dessa vez você tem quem te dê a mão. Qualquer coisa, coloca tudo para fora para ele, o Eduardo com certeza vai te ajudar.
- Eu amo você.
- Eu também te amo. Beijo.
- Beijo. -desliguei o telefone, indo ao encontro do meu marido, que fazia alguma coisa na cozinha.
- Olá mamãe do ano. -sorriu. Meu Deus, ele estava feliz.
- Oi. -soltei um sorrisinho de lado- Tá fazendo o que de bom aí?
- Assando pão de queijo, e fazendo brigadeiro. Comida típica de brasileiro.
- Hmmm... -finalmente um sorriso escapou dos meus lábios- Quer ajuda?
- Não precisa, senta aí no balcão e fica conversando comigo.
- Do que você quer saber? -apoiei minhas mãos no balcão de mármore e tentei subir no móvel, mas Eduardo foi mais rápido em me dar um "colo".
- O que está se passando nessa sua cabeçinha, principalmente sobre... nós.
- A única coisa que está passando pela minha cabeça é como eu vou criar essa criança. -Eduardo deixou o brigadeiro esfriando num canto e caminhou até mim- Não vou deixá-la com mil babás.
- Nem eu quero babá cuidando do meu filho ou filha. -levantou a minha blusa e enfiou a cabeça dentro dela, beijando minha barriga e fingindo ser o futuro do bebê e o meu, com uma barriga imensa- Você foi feito com muito amor, bebê do papai, muito muito muito mesmo!
- Muito amor e muita safadeza, isso sim. -ri- Como pode ser tão safado esse seu pai? -ele saiu de dentro da minha blusa e colou o rosto no meu.
- Uma pitadinha de seduzência. -piscou e gargalhou alto- Vai ser bom, meu amor, você vai ver. (...)
- Amor, olha para mim. -eu olhei, desesperada por uma resposta, ou alguém, como a minha mãe, pudesse me fazer ficar calma- Diz o que... -acariciou minha barriga, olhando para mim, nos meus olhos.
- Medo, muito medo. -ele suspirou, me puxando para seu peito- Você sabe do que eu estou falando.
- Agora você não está sozinha, você não fez esse filho sozinha, nem os seus outros dois. E o Samuel vai adorar saber que ele vai ganhar um irmãozinho ou irmãzinha! Liliana... Eu vou amar ser pai. Vou trocar fralda de madrugada, vou dar banho... amamentar eu não posso... -nós rimos- Mas eu vou fazer tudo que eu puder pelo nosso filho.
- Então me promete que se eu perder esse bebê...
- Liliana, você não vai abortar esse filho. -ele falou sério- Eu não admito que isso ainda esteja na sua cabeça! Deixa a criança comigo, eu cuido.
- Não! Não pensei em fazer um aborto! -Aumentei o tom de voz- Perder que eu digo, é de sofrer um aborto espontâneo! Minhas chances são grandes, pelos outros dois que eu fiz. Não quero que me culpe, por favor.
- Não... não vou. -relaxou no colchão- Agora durma, você tem um dia corrido amanhã.
- Me perdoa...
Eduardo continuou fazendo carinho para que eu conseguisse dormir. Foi impossível, eu me remexia na cama, ficava parada olhando as horas, fechava os olhos para que meu sono viesse, e nada, até contar carneirinho eu contei. Abri a gaveta que ficava do meu lado da cama, no criado mudo, e peguei o colar que minha mãe tinha me dado. Era meu barco no meio da tempestade. Parecia que ela estava ali comigo, e eu precisava daquele colar para sobreviver. Sentei na varanda e cantei baixinho a música que eu ouvia desde pequena, tímida, acariciando a barriguinha, preoucupada, ansiosa, com medo e nervosa. Então a luz veio e se transformou no meu pai. Eu não entendia o porquê dele aparecer apara mim, e eu  conseguir... vê-lo... ah! Meu doce conforto.
- Parece que minha menininha está grávida.
- Me perdoa papai!
- Perdoar de quê? -sorri de lado- Eu estou muito orgulhoso de você, desde que você descobriu sua gravidez, não tentou fazer nada contra ela. Olha que avanço!
- Papai... -revirei os olhos e ele riu. Ah! Sua risada... quente e cheia de vida, que fizeram minhas íris verdes irem de encontro ao seu rosto.
- Ô minha menina... -suspirou- Coloque um sorriso no rosto! Imagina se esse filho sai triste como você?
- Nossa papai! -cruzei os braços, meio irritada com a sua provocação- Sou triste porque...
- Não senhora! Não pude culpar eu e sua mãe. -falou sério- Você nunca esteve sozinha, nem vai ficar. -sorri- Vai... deixa eu ver seu barrigão crescendo, e você ficando cada vez mais parecida com a sua mãe, com o corpo se moldando para a gestação.
- Não tem nada de diferente em mim! -gargalhei.
- Tem sim, boba. Seu bebê. Agora eu preciso ir.
- Pai... só me diz se é menino ou menina?!?
- Digo! Será um lindo garotinho.
E assim ele se foi. Meu coração estava calmo agora, e um pouco mais feliz. Mas eu não queria contar vantagem desde agora, queria esperar passar três meses para que eu tivesse segura de quê eu ia seguir com a gravidez sem criar expectativa em ninguém.
- Como você vai querer chamar? -falei, acariciando a barriga lisa- Hm... Hugo? Benjamim? E seu quartinho? Eu sou uma mãe muito ansiosa, eu sei. -revirei os olhos- Mas eu quero te ver logo, filho.
- Eu também. -A voz de Eduardo preencheu os meus ouvidos e eu corri para os seus braços, a minha paz estava nele- Já vi que vocês dois criaram uma intimidade, tô perdendo meu cargo.
- Não, nunca vai perder seu cargo. -selinho- A não ser que... -ele me enlaçou com um beijo, onde nossas línguas entraram numa briga que não teria nunca um vencedor, numa briga por espaço, com direito ao calor subindo pelas minhas pernas e se alojando onde eu era mais quente. Eduardo ativava todos os sentidos do meu corpo, sejam eles bons ou não.
- Por favor... -pedi, quando ele me segurou no colo e olhou no fundo dos meus olhos, onde eu conseguia ver tudo que ele tentou esconder. Principalmente seus sentimentos. Ler suas íris esverdeadas era como conhecer o mundo pelos olhos de um novo alguém. Incrível. E sabia que ele queria tanto quanto eu.
E assim foi. Lento e quente. De todos os jeitos, posições e qualquer outra coisa que podem imaginar. Foi nosso. Detalhes sobre sua pele contra a minha, sua mão segurando minhas ondas enquanto seu volume entrava e saía de mim, que estava cheia, louca, viva.
Querendo ou não, eu tinha meu marido, mas seu lado amante era muito melhor. Seu lado animal, aquele que me devorava com o olhar. Aquele que me possuía com um toque. Não precisava de palavras para decifrá-lo, não precisava de nada subjetivo. E ele me fazia ser a mulher que eu queria ser. Amadurecer sob e entre seus braços, ser adulta.

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