27° capítulo
Dois meses se passaram. Dalila estava crescendo muito rápido, e eu me surpreendia com seu jeitinho a cada dia. As madrugadas foram ficando menores, e agora ela me acordava somente duas vezes, e geralmente era uma mamada e uma troca de fralda.
Hoje era o dia da audiência. Rodrigo ficou com Dalila no bebê conforto, a meu pedido, caso a pequena quisesse se amamentar.
- Boa tarde à todos. -o Juíz começou a audiência- A audiência refere-se a presidência da Adidas do Brasil. -nós assentimos- Que agora está com o senhor Eduardo Rosa, porém a senhora Liliana Hernani pede a presidência porque herdou do pai. - ele leu o papel e eu fuzilei Eduardo.
A audiência foi caminhando para frente até o juíz permitir que os réus (eu e Eduardo) falassem.
- Eu ganhei a presidência por voto. Eleições, democracia. -assenti- Porém eu era casado com a Liliana, e ela permitiu que eu cuidasse da empresa para ela, assim que soube que seu pai era o ex-presidente.
- Eu falei que deixaria até eu me formar. Eu já fiz até mestrado! -contestei na hora, mas o advogado segurou na minha mão.
- Então eu assumi a empresa como minha, afinal eu ganhei a presidência por voto, e não por ser herdeiro.
- Agora sim, é sua vez, senhora Liliana.
- Como Eduardo disse, nós éramos casados. Aceitei que ele presidenciasse a empresa, pois eu não tinha nenhuma formação acadêmica.
- Nem segundo grau completo. -Eduardo alfinetou.
- Silêncio, senhor Eduardo. -pediu o juíz.
- Obrigada. Continuando... -contei toda a minha história desde quando casei com o infeliz na minha frente. Fui interrompida pelo choro de Dalila, mas logo a recebi nos meus braços e a deixei mamando, enquanto falava sobre meu pai. Claro que meus olhos se inundaram diversas vezes, não é fácil falar da sua família, com o pouco de lembrança que você tem dela.
Quando finalmente me calei, vi os olhos do juíz meio marejados, mas ele não deu importância, pediu licença para avaliar o caso com o júri e decidir quem por fim iria ficar com a empresa. Olhei para a minha garotinha, com os olhinhos azuis quase se fechando para que caísse no sono. Ela tinha o pode de me deixar mais calma, mais feliz, e principalmente, me tirar do universo que conspira contra mim sem dó nem piedade.
Fechei os olhos e encostei na cadeira, fazendo carinho na minha garotinha. Rodrigo sentou ao meu lado e me ajudou a relaxar. Ele sabia que eu estava nervosa e angustiada. Amanhã eu iria para o Sul! Ele iria brigar muito comigo caso eu não fosse, e com certeza levaria Dalila com ele. Esse pensamento me fez apertar Dalila aos meus braços. Eu precisava ficar mais um dia.
Assim que o juíz voltou, Dalila soltou meu seio, e eu quase passei por uma exposição por conta daquela menininha. Fechei os botões da minha blusa e a coloquei no meu ombro, esperando seu arrotinho fofo.
- O júri, junto com a minha opinião impassiva de erros, decidimos que a Adidas do Brasil volta para a presidência de Liliana Lovatti Hernani. -Dalila soltou seu arrotinho- Amanhã a senhora já pode assumir. -bateu o martelo.
O advogado de Eduardo bateu o pé, mas o meu tinha argumentos e nós saímos vencedores daquela batalha. Eduardo não me olhava com raiva, ele me olhava com um olhar de saudade, com sentimento. E também olhava para Dalila, que dormia no meu peito.
Nós levantamos, eu cumprimentei o advogado e fui até Rodrigo, que me acolheu em seus braços e beijando minha cabeça. Coloquei Dalila no bebê conforto, e saí sem falar com ele. Mas ele foi atrás de mim. Esperou Rodrigo sumir das nossas vistas e me puxou pelo braço, fazendo meu corpo colar com o dele.
- Eu sinto muito. -ele me abraçou- Eu ainda amo você, Liliana, mais do que eu imaginei. Eu fui um idiota, a Thalia... a Thalia ficou grávida, mas era filho de outro e eu caí na dela, acabei com o nosso casamento... -choramingou- Essa menina é a coisa mais linda do mundo, e nossa filha. Ela e o Samuel nos une intensamente.
- Eu sinto muito... -debochei, saindo de seu abraço e protegendo Dalila dos olhos dele- E agora, se me der licença... preciso arrumar minhas coisas, e você, as suas.
Caminhei para longe dele, ignorando meu coração, que dizia: pela primeira vez ele está dizendo a verdade. Eu não queria acreditar nele.
- Está tudo bem? -Rodrigo perguntou assim que encontrei com ele.
- Tudo perfeitamente bem. -sorri.
Nós fomos para o apartamento dele, ajeitar as últimas coisas para a viagem. Samuel passou a tarde comigo resolvendo os papéis que ele precisaria assinar, e bem, eu podia viajar amanhã. Dalila que estava agitada e não parava de chorar, ela sentia cólicas. Rodrigo ficou massageando sua barriguinha enquanto não resolvia seus problemas por telefone. Seu emprego já estava garantido, tanto aqui, como lá, portanto, não tinha com o que se preocupar. Eu que estava ansiosa com a proximidade do amanhã. Finalmente! Pensei comigo mesma. Mal consegui dormir.
Assumir a empresa não foi muito impactante. Passei para Samuel no mesmo dia, porém fiquei um pouco na sala que era do meu pai. Eduardo tinha mudado a sala dele, mas sua essência ainda estava ali, e eu podia sentir. Passei um bom tempo relendo a carta que ele escreveu para mim, chorando diversas vezes. Meu padrinho precisou me controlar quando ouviu meus soluços passando além da porta. Era desesperador.
À noite, nós estávamos prontos para ir. A despedida não foi tão cruel, tanto que Samuel, Bia e Mila não choraram, nem nós. Até que Dalila foi bem quietinha a viagem toda... E bem... eu amanheci no Sul do país, na minha nova cidade. O táxi nos levou para a nossa casa, e os pais de Rodrigo já nos esperavam por lá. Abri um largo sorriso ao receber o caloroso abraço-mãe de Marta e o beijo na minha testa gentil de Sérgio. Ambos se apaixonaram na minha menininha, e não lhe restaram dúvidas quanto à paternidade, já que ela abriu seus olhos e estampou seu mar.
- A casa está linda. -Marta disse- Bem aconchegante. -abriu a porta- E meu cômodo preferido é o quarto da Lila. -fez carinho na neta, que dormia no colo de Rodrigo.
- A sala é linda! -me admirei com a minha sala. Tinham fotos minhas, do Rodrigo e de nós dois juntos. Até da pequena família que nós éramos. Sorri. Parei no porta-retrato que exibia uma foto minha bem pequena com os meus pais... o quanto eles sorriam e se mostravam apaixonados. Suspirei. Contos de fada, não acontecem com você, Liliana. Meu inconsciente era meio doido. Ah! A sala tinha paredes da cor creme, muito espaçosa, além dos sofás em cinza, junto com o móvel que deixava a televisão em destaque. Sem tapete, porém confortável o suficiente. Logo havia uma mesa de jantar para oito pessoas. Suspirei. Era de se imaginar que logo iriam vir as pessoas, nossos novos amigos e... Ai meu Deus, a Alana!
Terminei o tour pela minha casa e pedi licença aos pais de Rodrigo. Fui para o nosso quintal e liguei para Alana, que atendeu no mesmo segundo.
- Amiga, é sério?
- Seríssimo. -falei, sorrindo- Os pais dele me amam, ele me ama, ama a Lila... e sem contar que eu ganhei uma família... tudo que eu sempre quis está aqui, bem na minha sala. Quero que venha me ver, e eu estou morrendo de saudade de você.
- Eu vou te ver, e ver a minha afilhada. Ou você acha que eu não vou nem ver o rosto da menina? -riu- Espero que aproveite, Lili. É hora de viver! Agora beijo, as crianças estão fazendo merda. Tchau!
- Beijo! -desliguei o telefone e voltei para a sala, abraçando Marta e beijando sua bochecha. Nosso dever agora era desfazer nossas malas e acomodar Dalila.
Mais tarde, onde ficaram apenas nós três, Rodrigo me chamou para deitar em seu colo. Eu fui. Dalila dormia no bebê conforto enquanto eu ganhava carinho do meu namorado.
- Enfim sós! -Rodrigo disse.
- Já estou pensando em inaugurar essa casa... -mordi o lábio- Ei... a minha quarentena já passou... -levantei a camisa dele, passando as unhas pelo seu peito e barriga- Dalila está dormindo bem ali e eu estou morrendo de saudade de você.
- Se aquela pizza que nós encomendamos atrapalhar... -abriu sua braguilha.
- Não vai. -gargalhei, abaixando a calçinha e levantando a saia do vestido.
Rodrigo soltou meu coque e deixou meu cabelo cair em suas mãos, decorando as minhas costas e eu me encaixei nele. Neguei com a cabeça enquanto ele calculava se colocava ou não preservativos, mas, nada como uma boa "sentada". Com um gemido alto, Rodrigo começou nossa inauguração. Olhamos desesperados para Dalila e ela continuava dormindo. Continuamos com nossas atividades.
Seus toques macios, suas puxadas no meu cabelo, as minhas nos seus fios louros, nossos beijos sem freio... tudo isso misturado ao calor dos nossos corpos se misturando. Como era reconfortante, mágico, doce e gentil. Era simplesmente incrível!
- Eu amo você, Lili. -Ele falou, beijando meu pescoço enquanto nossos sexos sofriam colisões- Mais que tudo... Oh! Liliana!
Num momento de pura emoção, hormônios à flor da pele, ele disse meu nome. Abraçei seu pescoço e me entreguei junto a ele, falando seu nome e que o amava do mesmo jeito. E enfim a pizza chegou. (...)
- Acredita se eu disser que estou apaixonado por você?
- Acredito. -sorri de lado- Porque eu também estou por você, quase me debruçando por cima e fazendo você ser meu de novo. Porém... -olhei para baixo, e Dalila mamava com seus olhos bem abertos.
- Vai tomar conta do papai e da mamãe.
- Pelo jeito, vai. -revirei os olhos.
- Se controle, e além do mais... pode estar sendo produzido um novo ser humano nesse exato momento.
- Que seja! -sorri de lado- Eu quero encher a casa de filhos, quero ver minha barriga crescendo, quero... -Rodrigo me beijou. Com todo o amor e todo sentimento que alguém poderia ter sobre mim. Me senti completa, e finalmente em casa. Ai meu Deus! Eu sabia o que aquele beijo significava para ele. E para mim! Era emoção demais: casa nova, Dalila, mudanças, declarações de amor, filhos, casamento.
Dalila terminou de se amamentar e nós terminamos o beijo com seus resmungos fofos. Rodrigo falou que já iria estar de volta e eu assenti, fazendo Dalila arrotar e ficar com a bonequinha, sem sono, no meu colo.
Do nada uma pedrinha na minha janela. Abri o bilhete preso nela. Nossa luz. A chama que nos une, nos ilumina e abençoa a cada momento que vivemos juntos. Que seja para sempre.
P.S.: Eu te amo.
Meus olhos se encheram de lágrimas. Mais uma pedrinha.
Que brilhe igual seus olhos quando você sorri, e que seja infinito.
P.S.: Saia de perto da janela.
Aí meu Deus! Aquele louco estava aprontando alguma.
Sentei na cama, mas abri a janela antes, se não, haja vidro para comprar. Mais um bilhete.
Há um vestido longo no armário. Ele é verde-água, vista-o e jogue essa pedrinha de volta. Ah! Se Dalila ainda estiver com seus olhinhos bem abertos, vista ela com o vestido pendurado ao lado do seu.
P.S.: Vocês são as minhas princesas.
Abri o armário numa velocidade absurda e vesti o meu vestido. Vesti Dalila e abri a cortina, saindo para a varanda do nosso quarto. Aí meu Deus! Rodrigo!
- Desce!
A grama estava lotada de velas formando um enorme "Casa comigo?" A piscina também tinha velas flutuantes e um lindo barquinho. Coloquei a mão na boca, emocionada demais para falar qualquer outra coisa que não fosse um "eu te amo, meu príncipe". Ah! Ainda tinha o terno que ele vestia perfeitamente bem.
Corri escada abaixo. Dalila abriu um sorriso sem dentes sentindo o ventinho no seu rosto enquanto corriamos.
- Ei! -Mila me impediu de continuar correndo para os braços dele- Esse momento é de vocês. -pegou minha filha no colo, que foi rindo, coisa que ela nunca fazia. Dalila odiava um colo que não fosse o meu, da avó e do pai- Vai!
Corri em direção à porta, não sem antes receber uma coroa. Abri a porta e aquela imensidão alaranjada coloria meus olhos e o meu quintal. Corri para os braços do meu namorado, que me pegou no colo e me girou no alto, rindo alto e me beijando logo depois.
- Você é maluco! -falei, na euforia.
- Por você, minha princesa! -me deixou no chão.
- Como assim você fez isso tudo? Você... você...
- Mila e meus pais me ajudaram. -olhei ao redor e lá estavam os quatro- Mas... -virou meu rosto delicadamente para ele- Uma pessoa muito especial para você me ajudou muito mais. E olhe, ela te ama. Mas depois eu falo dela. Quero saber se... -se ajoelhou- você aceita se casar comigo?
- Drigo... -mas olhos se encheram de lágrimas novamente- Claro que sim!
Rodrigo sorriu e se levantou, me beijando lentamente, mas com um sentimento mais forte, mais ousado, intenso feito nós dois.
Então ele olhou para o lado, e eu consequentemente olhei também. Alana trazia em seu colo: Dalila e nossas alianças. Olhei para Rodrigo, que abriu seu sorriso mais lindo e recebeu Dalila e as alianças no seu colo.
- Eu te amo, minha irmã. -sorriu de lado, me abraçando muito forte e se voltando para Rodrigo- Cuida muito bem delas, ok? -falou séria, mas seus lábios não negaram que queriam sorrir. Rodrigo assentiu e logo depois Alana saiu, ficando perto de Mila. Ele e Dalila colocaram a aliança no meu dedo, logo depois um doce beijo e eu recebi minha menina no colo.
- Você colocou um barco na nossa piscina. -falei baixinho, rindo.
- Coloquei. -sorriu- Mas é só para depois... -selinho.
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Só mais uma Noite
RomanceEu não espero nada além de respeito. Minha vida era perfeita até eu ficar sozinha. Sozinha e isolada de todos que me fizeram mal, o que não é tão ruim assim. Mas, eu odeio o amor. Todas as pessoas que amei, foram embora, me deixaram. Amor não é comi...