Pagando o Preço

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De Taise para Bia

Caminho até a mercearia e compro uma cartela de cigarro, saio e vou até o banco da pracinha, acendo o cigarro e dou uma tragada me sentindo instantaneamente relaxado. Abro minha mochila e pego o celular respondendo a mensagem da minha mãe, Clarice, que pensa que eu estou no curso pré vestibular que meu pai me colocou, porém estou aqui esperando o Bruno. Ele é meu fornecedor de drogas, pedi 5 kg de cocaína, o pessoal do curso vai cair matando. Avisto o Bruno vindo em minha direção e vou ao seu encontro em um lugar mais afastado das pessoas.

- Ta com a grana? - ele sempre era bem direto comigo, não gostava de mim. Não entendia o motivo, eu dava muito lucro para ele. Não disse nada, apenas passei a mochila e ele passa a que está com ele.

- Toma mais cuidado com as vendas, tão começando a falar e não queremos que seu papai descubra né. - solta um risinho batendo no meu ombro e vai embora.

Odeio que falem do meu pai, não nos damos bem. Ele é policial, todo certinho, quer que eu siga a carreira de direito, mas eu não quero. Ele passou anos trabalhando e correndo risco de vida ganhando um salário de merda. Agora ele é tenente e recebe melhor, porém ganho muito mais vendendo drogas, tenho dinheiro para comprar tudo que eu quero. Vou encontrar o pessoal do curso que compra droga comigo, o esquema é o mesmo de sempre. Eles pagam e eu entrego a mercadoria, chamo eles para uma festa que vai ter hoje a noite na casa de um amigo. O Felipe sempre dá festas com muitas mulheres e bebidas, e o melhor de tudo as drogas que eles gostam. Vão ficar ainda mais viciados e comprar mais na minha mão.

[...]

Como o curso termina às 18:00 e meus pais pensam que estou lá fico matando o tempo na casa do Felipe acabei dormindo e acordei quando o pessoal já estava chegando para a festa. Estava tudo animado, eu estava bebendo uma Skol beats e dançando com garota muito gostosa com certeza ia acabar bem a noite.

Ouço um estrondo na porta e vários policiais entram na casa e o Bruno era um deles. Meu sangue ferve, não acredito que esse panaca é um traidor. Eles nos levam para a cadeia, me preparo mentalmente para o surto dos meus pais, mas não me preocupo meu pai vai dá um jeito de me tirar daqui. Estou com medo do Lucas, quando ele descobrir que apreenderam as drogas que estava comigo e com o Felipe, ele vai nos dar uma surra com certeza. O policial avisa que meus pais chegaram, eles entram e minha mãe desata a chorar e perguntar o motivo de eu ter feito isso, fico calado, eu não me arrependo. O meu pai me olha com uma cara de decepção que eu quase me sentir culpado.

- Quando eu vou sair daqui pai?

- Eu não sei.

- Como assim?

- Eu não vou fazer nada para te tirar daqui, você vai pagar pelo que fez. - ele me olha com o semblante irredutível.

- Você não pode está falando sério! - exclamo indignado, ele não pode fazer isso comigo. - eu vou ficar preso por sua coisa.

- Não, você vai ficar preso por sua causa Rafael.

- Saiam daqui! Saí! - grito com uma raiva descomunal, minha mãe chorava muito. Um policial tirou eles da sala.

Eu comecei a chorar de raiva e desespero. Eu estou muito fodido, minha ficha tinha começado cair.

Amigo Oculto Literário 2Where stories live. Discover now