De Karina para Dani
550 a.c
Houve uma época, antes das guerras e das armas de fogo, onde uma nação era tida como a mais avançada em conhecimento e os estudiosos ligavam sua sabedoria diretamente aos deuses.
Em sua cultura, a morte consistia em um processo onde a alma se desprendia do corpo. Com isso, acreditavam que a morte seria um estágio de mudança para outra existência. Do outro lado, desprendida de toda riqueza que possuía em corpo humano, esta alma era conduzido pelo deus Anubís até o tribunal de Osiris. O processo dado anterior a isto, era chamado de mumificação, um ritual diversificado de técnicas onde cada uma tinha um significado distinto. Separado desde aos faraós que eram mumificados com suas riquezas para depositar no tribunal de Osiris, aos que cometeram um grande crime, sendo mumificados vivos e em seus sarcófagos, depositados várias maldições.
Talijsh conhecia bem as regras, infelizmente a história da doce garota não se encaixou no fim em nenhum dos exemplos citados. Mesmo cheio de conhecimento, seu povo ainda não entendia muito sobre a medicina, dando a resposta de algumas doenças há um castigo dado pelos deuses por algum pecado cometido pela família.
Filha de uma serva da rainha com um soldado do exército de faraó, Talijsh cresceu junto com sua mãe nas dependências do palácio, obsorvendo de todas as regalias que ali possuía. Amiga do herdeiro de Faraó, o príncipe Kaluing, a jovem tinha tudo para ser a futura rainha. Era educada e seu físico atraia de todas as formas o jovem rapaz. A garota de profundos olhos como o mais infinito céu e pele amarelada como as áreas do deserto, era querida por todos e jamais passou pele mente de alguém que dentro das medidas perfeitas e da pele aveludada algo estava errado.Foi em um tarde de verão que tudo aconteceu. A garota havia ido se banhar nas águas do Nilo com a princesa e suas servas, quando ela simplesmente caiu. Deitada nas areias quentes, a jovem garota havia perdido seu pulso e seus batimentos. Para as outras jovens, pensava ter desmaiado de fome ou tonteira, nada mais do que isso. Até ela ser levada a um especialista do palácio e ser informado do pior.
— Ela morreu!
A família ficou aos prantos e todos do palácio pasmado com notícia repentina. Seria um ataque? Mas ela não tinha feridas. Então, quais os motivos levaram os deuses a levar a jovem? Quais pecados cometeram seus pais para tal feito? O príncipe ficou muito abalado, mas concedeu a dona de seu coração um funeral digno de sua beleza. Uma mumificação cheia de ouro, contendo a esperança de um dia reencontra-la do outro lado.
Contudo, após a realização do funeral. Não demorou um dia para a garota voltar a respirar. Uma doença rara desconhecida por todos, porém se encontrou em meio as trevas de um cubículo ao qual não podia se mexer direito. Ela gritava e gritava, mas sabia que não se era ouvida. Após cessar os gritos, ela entendeu como afinal, se daria seu fim. Temendo apenas se morreria pela falta de ar ou pela fome. Não! Ela não podia desistir. Algum soldado deveria fazer uma ronda por ali. Ela precisava tentar. Com o tempo, ela foi tirando os braços da faixa que lhe cercava. Ao conseguir, começou a arranhar a tampa de onde estava com as unhas, antes delicadas, que agora sentia arder e sair do contato de sua pele. O sangue que brotava ela bebia, pra saciar sua sede do calor que o local fazia e a dor emitido pelo ferimento, não era nada comparado a sensação de poder morrer a qualquer momento.
Talijsh não sabia mais a quanto tempo estava naquele lugar. Já não sentia a ponta de seus dedos e o ar começava a faltar. Seu estomago roncava e podia sentir os insetos adentrar o local e aos poucos corroer sua pele. Desistente, ela simplesmente puxou suas pernas para seu peito e cruzou seus braços ao redor delas, esperando sem forças o seu contato com Anubis. Não havia mais saída. Este era seu infeliz fim.
O corpo de Talijsh foi encontrado milhares de anos depois, por arqueólogos que trabalhavam por aqueles cantos do Egito. O corpo foi encontrado desta mesma forma. Sem identificação, porém sentindo o tamanho sofrimento que a garota passou em seus últimos momentos de vida. Atualmente ele é visto em um museu, chamando a atenção dos pesquisadores, turistas e curiosos que passam por ali.*História fictícia, baseada nas suposições do corpo encontrado e atualmente exposto no museu egípcio.
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Amigo Oculto Literário 2
ContoSorteio entre amigos do grupo do Whatsapp ajudando escritores, em que cada participante recebe em sigilo o nome de outro a quem deve presentear com uma one shot.