~ Capítulo 4~

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Uma pessoa realista é aquela que tem o pé no chão, que não vive sonhando com coisas que nunca vão acontecer, ou coisas improváveis. Uma pessoa que sabe quando parar, e quando aceitar os fatos que a rodeiam. Uma pessoa que não fica sempre pensando "E se...", e simplesmente vive com o que tem, sem pensar o pior, ou achar que uma hora vai melhorar. Eu queria ser assim.

Infelizmente, para mim as coisas são diferentes. Eu sempre penso que tudo vai ficar bem, e que não tem como nossa vida ser ruim. Quando isso não acontece, eu fico abalada, e não consigo aceitar os fatos. Sempre fico achando que foi tudo um sonho, que uma hora vai aparecer algo bom, e que tudo vai melhorar.

Eu fico imaginando e criando expectativas, situações que deixariam tudo perfeito ou coisas que eu podia ter feito. Eu não queria ser assim, mas fazer o quê? Essa sou eu.

♥️

Já se passou 1 semana desde que eu soube sobre o catastrófico incêndio, mas ainda penso "Talvez eles não tenham morrido. Talvez todos estejam vivos, é isso tudo é apenas uma pegadinha de mal gosto, ou coisa do tipo". Mesmo que, no fundo eu sei que eu sei que isso não é verdade.

Mas eu tento. Eu tento ser realista, e pensar que não vai acontecer nada que possa fazer tudo voltar, e que eu vou ter que aprender a viver aqui, gostando ou não.

Eu tenho que aprender a gostar daqui, e a melhor forma de fazer isso é aprendendo a gostar das pessoas que estão ao meu redor. Isso faz eu me sentir mais segura.
E foi por isso que hoje eu decidi começar o dia mandando uma mensagem para o Max, que para falar a verdade, não foi minha primeira opção. Na verdade, de início, eu planejava fazer um piquenique - eu nunca pude fazer um no circo, mas sempre que eu via, ficava desejando poder ter aonde fazer - e convidar a Lizzy e o Mike. Eles realmente parecem muito legais, mas quando eu fui convidar, já tinham compromisso, ou trabalho.

Quando eu liguei para o Max, ele já estava a caminho, e falou que poderia me levar para algum lugar se eu quisesse. Aproveitei a chance, e resolvi tentar conhecer ele melhor.
Não sei se é permitido ter uma relação de amizade com o policial que está te vigiando, mas é o que eu estou tentando fazer, e quero deixar registrado neste momento que eu não tenho nenhuma intenção de interferir ou atrapalhar na investigação.

- Senhorita Alexa, está em casa? - Reconheci a voz na hora. Era ele. Abri a porta imediatamente.

- Oi, pode entrar! Você já está acostumado né? - Falo, tentando fazer gracinha, mas por algum motivo, seu rosto toma um tom vermelho, e seus olhos ficam tentando fugir de mim. - Tá tudo bem...?

Então eu olho para baixo, e percebo que estou enrolada em uma toalha um pouco curta. Digamos que ela quase mostra coisas que... Hum... São impróprias, dada a situação. Dou um gritinho, que sai mais agudo do que eu pretendia, e vou correndo para o quarto.

Quando volto, provavelmente estou mais vermelha do que o laço em minha cabeça, porque ele fica tentando amenizar a situação e mudar de assunto.

- Então... Eu queria te falar uma coisa. - Falo, ainda tentando amenizar a vergonha. - Estava pensando em, se você quiser, é claro, sair para algum lugar, sabe? Para nós nos conhecermos melhor.

- Aprecio o convite, mas infelizmente vou ter que negar. - Por que ele fala que nem o senhor de 70 anos, quando deve ter um pouco mais que minha idade? - De acordo com meus chefes, eu não posso me relacionar com ninguém que esteja envolvido de alguma forma com esta investigação, me desculpe.

Na hora eu achei um absurdo. Desde quando seu trabalho deve interferir em sua vida pessoal? Quer dizer que se o amor da sua vida estiver na sua frente, você não irá poder fazer nada? Tem que simplesmente ignorar, ou deixar passar?

- Ora, não seja estúpido, não é como se eu estivesse querendo te passar a perna, ou te seduzir! Eu estou apenas me aproximar. Afinal, se nós passamos dias inteiros juntos,eu preciso ter confiança em você, e a única forma de fazer isso, é sabendo que você não me deixaria cair de um precipício se puder segurar a minha mão! - Ok, talvez eu tenha exagerado no sermão, mas ele pareceu compreender. Sua expressão estava mais doce, posso dizer que até vi compreensão em seu olhar.

É estranho com ele. É como se eu pudesse decifrar suas emoções só pelo olhar.

- Ok, vamos sair então! - Agora ele parece atordoado, provavelmente por ter que abrir mão dos seus ideais, mas ele entende, e isso é o que importa.

Finalmente!

- Então... O que você sugere? Não sei se você percebeu, mas eu não sou da cidade. - Para falar a verdade, devido a tudo que está acontecendo, eu sempre acabo esquecendo de sair um pouco para conhecer o lugar onde moro.

Ele ri em um tom debochado. Prendo o ar em meus pulmões em uma tentativa de manter aquele sorriso para sempre na minha memória.

- Olha, sinceramente, se você não tivesse falado, eu nunca iria perceber! - Diz, com sarcasmo. - Parece que você mora aqui há anos.

Sorrio, e peço para ele indicar logo algum lugar - o tempo por aqui passa rápido até demais -, acabamos decidindo pedir comida mexicana, seja lá o que for isso.

Fico responsável por arrumar a mesa, enquanto ele promete que após a comilança, vai lavar toda a louça. Em seu celular, ele entra em contato com o restaurante, e pelo que me parece, está sendo complicado fazer a moça do outro lado da linha entender o que ele está falando. Os dois estão nervosos, assim não chegarão a lugar nenhum. Resolvo intervir.

Não é que eu queira me gabar ou nada do tipo, mas eu tenho um dom para acalmar as pessoas em momentos de surto. Isso não funciona quando eu também estou nervosa, mas na maioria das vezes dá certo. Tomo o celular da mão de Max, e explico para a mulher de um jeito que ela entenda - até eu tenho que admitir que aquela atendente era meio lerda -.

Liguei a TV, e começamos a assistir um programa aleatório enquanto a comida não chegava.

Eu posso não ser uma pessoa realista, mas nem sempre isso é algo ruim.

Até porque, sendo sincera, eu não posso esperar para conhecer ele melhor.

Até porque, sendo sincera, eu não posso esperar para conhecer ele melhor

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