~ Capítulo 20 ~

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Não existem mais cores. Quando eu olho para frente, onde era repleto de magia, empolgação e fantasia, só vejo uma trágica paisagem em preto e branco. A fumaça já cessou, deixando apenas lugar para cinzas e o resto do que já foi a minha vida.

Sinto um nó se formando em minha garganta e por um momento acho que uma lágrima pode cair do meu rosto, mas logo lembro da minha promessa para Max, e engulo o choro.

- Não mova nada, não toque em nada, não pise em possíveis evidências. - Ergo as sobrancelhas para o policial que surgiu em minha frente. - Você tem permissão para andar sobre o local, nada mais que isso.

Ela sai da minha frente, e eu me vejo finalmente livre para entrar.

Sinto um arrepio, quando percebo, enquanto percorro a trilha, que eu ainda me lembro como chegar até o trailer da minha família.

"Aqui não é mais o meu lar.", fico tendo que me lembrar disto a todo momento, para não ficar embargada em lembranças.

Eu posso recomeçar. Todos nós podemos, na verdade. Todos os dias temos segundas chances para nos tornamos quem sempre quisemos ser. Podemos deixar o passado para trás ou podemos aprender com ele e honrá-lo. Podemos decidir. Nunca é tarde demais para mudar.

Respiro profundamente, orgulhosa com o rumo que os meus pensamentos tomaram, e sigo andando sobre a fuligem.

Depois de olhar dentro do circo e do trailer, percebi que algo estava faltando, algo não estava encaixando naquele quebra-cabeça. Corri para dentro do lugar onde eu e minha família dormíamos.

Max percebeu minha aflição e me seguiu.

— Lexie? Alexa?

Como eu não respondi ele apenas apressou o passo e seguiu o mesmo rumo que eu. Entrei no trailer e corri pelo minúsculo local ap. Havia algumas coisas intactas que dava para descobrir de quem era o "quarto". Dos meus pais.

O segundo era o banheiro que também estava todo destruído e em plena ruína. O terceiro estava completamente — inteiramente, totalmente — queimado e danificado. Todos os móveis, que parecia ter antes ali; a cama que estava murcha e estatelada no chão. Tudo estava incendiado.

E então, eu paro. Olho fixamente para o chão, e fico surpreendida. Diante de mim está o colar que eu ganhei de presente quando tinha 12 anos, antes do fiasco da minha primeira - e única - apresentação. E ele está intacto.

Todos os detalhes; o cordão pintado de ouro, com algumas partes desgastadas, por causa da minha compulsão de mecher nele quando estava nervosa ou ansiosa; o pingente em formato de chave, pintado em tons pastéis e com detalhes em dourado. Tudo estava inteiramente lá. E é isso que mais me deixa intrigada.

Sinto a imensa vontade de pegá-lo, mas as palavras do policial vem em minha mente "não toque em nada", então sigo em frente, fingindo que nada aconteceu.

Depois de parar e refletir sobre isso, o quebra-cabeça completou. Aquele era o meu quarto. O meu quarto que não dava para ser reconhecido. 

Eu comecei a me afastar lentamente dali, segurando as lágrimas que teimavam percorrer meu rosto e a confusão tomando a minha mente. Enquanto eu andava de costas, me bati em alguém. Max. Me virei, a agonia me dominando. Ele pareceu perceber o que estava acontecendo. 

— Lexie, o que houve? — ele tomou meu rosto com as suas mãos e eu me afastei uns segundos depois de lembrar da minha promessa. 

— Este era o meu quarto. Ele é o mais destruído de todos. — Apoiei minhas mãos nos joelhos e respirei fundo com a voz embargada. 

— Aonde você quer chegar? — ele falou preocupado. 

Olhei para ele que fixou os olhos nos meus, e apontei para todos as partes do "quarto". 

— Foi aqui onde começou o fogo, Max. — falei e me virei para a parede atrás de mim, respirando fundo e pesarosamente. Escutei ele se aproximar e tocar meu braço. 

— Sinto muito, Lexie. Sei o quanto isso era importante para você. 

— Me prometa... — minha voz travou. Girei e o olhei no fundo dos seus olhos. — Me prometa que vai encontrar quem fez isso. 

— Lexie... 

— Me prometa, Max. — Usei o tom mais firme que eu consegui sustentar.

Eu olhei para ele, tentando transmitir a minha dor, e é claro que ele percebeu o quanto eu estava sofrendo. 

— Eu prometo.

Assim que escutei ele, me virei para sair, e tentei conter tudo o que estava sentindo. Prendo o máximo de ar que eu consigo em meus pulmões, e depois solto, tentando me acalmar. Ando praticamente aos tropeços, mas já estou satisfeita por estar conseguindo "disfarçar" a confusão dentro de mim.

"A verdade é que... A culpa é sua.". As palavras de Julius rondam sem parar a minha mente, e ocupam todos os meus pensamentos.

Ao longo da minha caminhada, ouço burburinhos e pessoas apontando para mim... com pena, talvez?

Ouço uma moça com a farda azul falando o meu nome pelo telefone, e por algum impulso que eu não consegui controlar, me aproximei dela lentamente para ouvir o que ela estava dizendo.

— Como deixaram ela vir até aqui... — Ela continua conversando, mas não consigo ouvir completamente, por causa da distância. — Eu sei, mas... — mais chiados impossíveis de se ouvir. — Ela ainda está na ficha de investigados, certo?

Engoli em seco, tentando não pensar em nenhuma hipótese ou conspiração, e saio de perto dela rapidamente.

Passo me esbarrando por todos, correndo apressadamente. Sou parada por alguém. Max.

- Alexa, você está bem? - Ele sussurra. Ignoro e o empurro.

Me desvio das viaturas na saída, e me afasto do circo, sem me importar com o fato de estarem gritando o meu nome a todo volume. A minha visão está embaçada, e sinto que estou ficando tonta, mas continuo me afastando. Entro no primeiro táxi que avisto, lhe dou o endereço da minha casa, e vou.

♥️

Todos tem algo para esconder. Não podemos simplesmente expor todos os nossos segredos para o mundo. É como nos machucamos. É como nos arriscamos a machucar outras pessoas. Temos que decidir o quanto contamos e guardamos a verdade para nós mesmos.

É assustador revelar tudo sobre nós mesmos. O medo nos bota para trás. Isso é muito errado? Talvez. Mas ainda assim... Ajuda ser um pouco subserviente, um pouco protetor. Não é seguro apenas despejar todos os nossos segredos.

Não podemos simplesmente soltar a verdade, nos expor para Deus e para todos. Porque uma vez que a verdade é dita.... Nós temos que encará-la.

Oi gente, vou postar o próximo capítulo quando esse atingir 20 votos, ok? Então, por favor não me flopem

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~ XOXO 😘

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