~ Capítulo 15 ~

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Passei a noite em claro, olhando para a tela do meu celular a cada segundo, esperando uma nova mensagem daquele número anônimo que tanto me intrigava. E devo acrescentar que esse mistério todo ajudou a me distrair um pouco de toda a situação com Max.

Ao longo da noite, conversando com aquela pessoa desconhecida, descobri que ele era um rapaz. Falou que apesar de ser conhecido, não tinha tanta certeza de que eu me lembraria dele. Me senti culpada por isso, pois o quanto mais nos falávamos, mais eu pensava que ele poderia ser uma pessoa legal. 

Mas nem tudo são rosas. Quando eu tentava interroga-lo sobre a sua vida, ele cortava o assunto e agia totalmente estranho, então mesmo me divertindo com ele, decidi ficar com um pé atrás diante daquela situação.

Voltei a vida real com uma mensagem do Max:

Max: Olha pela sua janela.

Estranhei. Era a primeira vez que nos falávamos, desde do seu sumiço repentino. Me aproximei da janela, e ao olhar para o que tinha diante dela, foi impossível controlar meu coração descontrolado. Por um momento, temi que ele sairia de mim e se jogaria pela janela para o seu verdadeiro dono.

Aqueles olhos azuis encontraram o meu no mesmo momento, e um sorriso surgiu em sua face. Não conseguir não replicar o ato. 

Fui correndo para a porta de entrada do prédio, e me odiei por ter decidido optar por usar o elevador, pois a cada segundo que se passava e eu não podia fazer nada a não ser esperar, mais eu ansiava pelo momento que eu o encontraria. Saí correndo em direção a saída de emergência e desci escada a baixo.

Me joguei nos braços de Max, e ele me rodopiou no ar, mas paramos ao perceber que estávamos em um local público. Não percebi o quanto eu tinha sentido sua falta até aquele momento. O puxei para dentro do prédio e subimos, dessa vez pelo elevador. Agradeci no momento que as portas do elevador se abriram e ele estava vazio. Me encostei em suas paredes metálicas e puxei Max para perto de mim. Eu o beijei com desejo.

Minhas mãos se agarravam ao seu pescoço, e meu corpo inteiro pedia por mais. 

- Lexie... - Ele falou, ofegante. Seus lábios vermelhos. Encostei meu dedo em sua boca, pedindo para que ele fizesse silêncio.

Continuamos agarrados, até que quando eu finalmente lembro que estamos em um elevador, a porta se abre, e nós damos de cara com alguém. Lizzy.

- E aí? - Ele fala.

Paramos imediatamente, e nos afastamos. Como se adiantasse alguma coisa. Seu cabelo estava bagunçado - e o meu provavelmente também -, meu vestido estava amassado, e tinha batom em seu rosto.

Que tipo de pergunta é essa? "E aí? Estava beijando sua amiga e você atrapalhou, será que poderia fingir que não viu nada? Ah, e a propósito, não é a primeira vez."

Não sou a melhor com palavras, mas até eu sei que "E aí" não é a melhor coisa para se falar quando se é pego beijando alguém que você não deveria.

- Hum... Eu com certeza vou querer explicações sobre isso mais tarde, mas agora eu estou realmente atrasada para o meu trabalho, então será que os pombinhos podem sair? - Se eu fosse um vegetal, nesse momento eu seria provavelmente um pimentão. Passo por ela, que sussurra. - Não se preocupe, eu não vou contar a ninguém.

Entro no apartamento, e suspiro aliviada. Max está preocupado, posso notar isso em seu olhar, mesmo ele tentando esconder. Eu sempre vou notar.

- Tá tudo bem...? - Pergunto, já temendo a resposta. - Quero dizer... Ontem você não veio, eu fiquei preocupada.

Consigo fazer com que sua atenção se volte para mim, e isso me faz sorrir.

- O que aconteceu? - Arrisco perguntar, mas me arrependo no mesmo instante. Aquele brilho no olhar, aquela ternura que sempre vejo quando ele está me olhando, desaparecem.

- Eu não quero falar sobre isso. - Ele fala, com um tom de voz pesaroso. - Eu não quero te envolver...

- Você não quer me envolver na sua vida, eu sei. - Respiro fundo. Não sei por mais quanto tempo eu vou conseguir fazer isso. - Então... O que nós somos? Porque, sinceramente, eu gosto de você de verdade.

Ele ri. Uma risada sarcástica e desafiadora. Um lado dele que eu não conhecia.

- Bom... Saiba que eu também não sou de ficar me agarrando com qualquer uma. Principalmente com alguém envolvida com o meu trabalho.

- Então me diz. Me fala o que você sente. Me envolve na sua vida pessoal, porque você está na minha, isso é inevitável. - Ele vai começar a falar alguma coisa, mas eu interrompo e continuo. - Porque eu quero ser parte dela, então eu estou aqui, Max O'Brien, diante de você, implorando para isso.

- Eu... - Por um momento eu tenho a esperança de que ele vai quebrar esses muros que tem. Esperança de que ele vai me contar tudo, e que nós vamos ficar bem. - Eu não posso.

- Então eu não consigo mais fazer isso. - Luto contra o nó se formando na minha garganta e as lágrimas sorrateiras tentando escapar. - Eu não posso mais continuar com "o que quer que seja" esse nosso relacionamento. Se não significa nada pra você, eu não posso continuar fazendo uma coisa que só vai afetar ambos os lados.

O rosto de Max fica pálido, e por um minuto eu me arrependo de ter dito o que eu disse. Eu desejo voltar tudo, e não fazer nada.

- Talvez seja o melhor a se fazer mesmo. - Estou prestes a me virar e ir embora chorar em algum lugar que ele não consiga ver. Eu estou tentando não chorar na sua frente o máximo que consigo. Até que ele segura meu braço. - Eu nunca falei que não significa nada. Não pense que isso acabou. Eu não vou desistir de você, Alexa.

Suas palavras não criam nenhum efeito em mim, a minha única preocupação é não parecer frágil e patética na sua frente. Passo por ele, sem me importar aonde eu entro.

Sento no azulejo frio do banheiro e deixo as lágrimas inundarem meu rosto. Ainda não acabou.

♥️

Não sei quantas horas se passaram, até que sinto o meu celular vibrando.

??? : Oii, tá aí?

On FireOnde histórias criam vida. Descubra agora