Prologue

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Carrie Collins, Los Angeles- Califórnia.

Eu olho com frustração pra mim mesma no reflexo de espelho, maldito cabelo. Ele simplesmente não se comporta logo pela manhã e isso é algo que me irrita um pouco, pobre genética do pai italiano dos cabelos encaracolados.

Por fim, decido seca-lo como posso com a ajuda do secador enquanto ainda reparo meus trajes. Meu Deus! Não posso chegar atrasada hoje pra primeira palestra do Sr. Laursen, ele é especialista em Literatura Inglesa. Minha área predileta em Estudos Linguísticos e Literários.

Curso Linguagem na UCLA por 2 anos e meio, uma das mais renomadas faculdades do mundo situadas aqui em Los Angeles onde por um milagre de Deus consegui uma bolsa. Sou de Seatle, e cá estou eu vivendo a trajetória do meu sonho com minha companheira de apartamento na Califórnia. Seu nome é Elena, a conheci na terceira semana desde que comecei a faculdade ela era uma louca descompensada no corredor catando papéis quando parei para ajudar. Por Deus, ela é a melhor pessoa que eu poderia ter encontrado. Não demorou muito até que virássemos amigas e decidíssemos alugar um apartamento. Para nenhuma de nós duas era fácil: morar sozinha, correr atrás de emprego e ainda ter que se dedicar ao objetivo principal que é a faculdade.

Elena cursa teatro, desenvolta e talentosa do jeito que é consigo vê-la estrelando num seriado hollywoodiano ganhando milhões como ela mesmo diz, bem diferentemente de mim. Sempre fui do tipo que prefere livros, amo livros e sou apaixonada por Thomas Hardy e essa paixão e hobbie me fez decidir a carreira que quero pra minha vida. Pode parecer tedioso para muitos mas é o meu jeito, me vejo numa firma editorial revisando e aprovando livros e quem sabe publicando um, vivendo um sonho muito maior que me faça ser alguém notada pelo mundo.

Olho no relógio na parede da cozinha e me apresso pegando um casaco junto de minhas pastas com manuscritos e uma maça na fruteira. Elena não dormiu em casa mais uma vez e por culpa dela dormi tanto, ela é louca mas sempre tem compromisso em me acordar cedo já que despertadores não são realmente funcionais pra mim.

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A universidade fica a apenas duas quadras do apartamento então considerando que tenho que estar lá em quinze minutos conseguirei fazer um bom trabalho com minhas pernas. O campus não é lá animador para uma garota como eu principalmente se você é reservada e não faz parte das que estão aqui porque o papai é algum diretor de cinema ou CEO mas tem seus cantinhos especiais.

Não, não me refiro aos cantos pra fazer sexo.

Ao pisar na escadaria que dá ao meu prédio já encontro Elena agarrada com Ryan, por Deus eles nunca vão se largar mais? Eles estão juntos por mais ou menos uns cinco meses não sei ao certo. Ryan é encantador, cursa publicidade e está no terceiro ano. É um cara legal e pelo que vejo gosta da minha amiga e é bom mesmo que goste porque não sou do tipo que está afim de aguentar choro de dor de cotovelo de ninguém.

- Eai! –passo rápido dando um beijo na bochecha de Elena que está de frente para Ryan escorado numa das pilastras – Se larguem um pouco e vão fazer algo da vida como eu... Sorrio nem dando direito de resposta aos dois mandando beijo no ar para Ryan. Tenho liberdade com ele, um dos poucos garotos na verdade.

Corro para a sala e o Sr. Laursen acena brevemente com a cabeça já que sou a dona da única cadeira vaga no auditório onde se encontra minha turma.

Me ajeito na cadeira e por fim pego meus manuscritos dando início a diversas anotações que provavelmente me influenciaram muito na hora de preparar minha tese.

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A palestra dura pouco mais de uma hora e meia. Hoje é quarta-feira, meu horário de inglês só começa às 10h o que me dá um bom tempo de intervalo pra arranjar algo para comer.

No caminho pra extensa lanchonete com direito a food truck do pessoal do grêmio empresarial da faculdade vejo Ryan sentado sozinho a sua mesa e vou até ele. Que milagre!

- Sozinho careca?

- Qual o seu problema em me chamar de careca hein? Eu só raspei não vou ficar careca!

Dou risada do seu tom irritado, alguns homens simplesmente não admitem a calvice precoce.

- Ok, cadê sua sombra?

- Tá na aula né. – puxa minha pasta pondo na mesa me oferecendo a coca ainda fechada com alguns muffins na bandeja. – Come...

- Vou recusar não viu, nem tempo de comer tive.

Ele me ignora olhando no celular e eu reviro os olhos quando vejo o sorrisinho idiota no rosto dele. Ele realmente está apaixonado.

Decido nem comentar o fato e olho pra frente enquanto bebo sua-minha coca tendo a perfeita visão de quem entra no pátio.

Ele.

O cretino misterioso que mesmo sendo amigo de Ryan nunca falou um oi comigo e trata Elena como uma desconhecida, assim como eu.

Mal educado.

Seu nome é Justin Bieber, filho de criação de Jeremy Bieber um dos mais importantes CEOs do ramo empresarial de Seatle, coincidência ou não da mesma cidade que eu. Bom, o que eu posso dizer que nem todos de lá são frios e misteriosos como ele. Chega ser arrogante seu modo de andar com superioridade. Não que ele seja metido por ser quem é, mas há algo nele que o faz ser assim. Algo que atrai e que instiga.

- Jura que eu te dei a coca pra você derramar desse jeito? – Ryan pergunta me fazendo voltar à terra.

- Ai meu Deus! Eu me distraí...

- Sei bem com o que se distraiu – dá uma longa gargalhada me dando guardanapos pra secar parte da minha calça úmida.

- Você é um idiota, eu só fico curiosa. Ele é estranho e não é nada do que você pensa... – nego de uma vez sua má intenção sem eu mesma saber se isso é verdade.

Justin Bieber tem uma carga própria, algo que instiga ao mais e me faz querer descobrir o porque de ser assim. Sua sombra atrai a mim e seu jeito me faz querer mais do que realmente é possível.

Meu Deus, controle-se Carrie! Dois minutos pensando no Sr. Loiro Cretino e já me sinto dominada por um impulso tão inquietante. Sacudo a cabeça num movimento como se quisesse tira-lo definitivamente da minha cabeça decido largar a calça agora úmida e o resto de bolinho na bandeja.

- Vou voltar pra aula, já tá na minha hora. – resmungo para Ryan dando um tapinha leve no seu braço me levantando.

- Até mais tarde magrela... – diz Ryan dando com a mão ao ar enquanto faço meu caminho até a sala sentindo o ar palpável quando passo tão perto do bando isolado que ele se encontra mexendo no celular.

Solto um grunhido suficientemente alto para ele levantar seu rosto e olhar o meu então levantar uma sobrancelha com seu jeito arrogante de ser.

Ignoro totalmente por fora desejando correr pra cima dele e finalmente pôr pra fora tudo o que eu realmente sempre senti ao olhar para ele.

Justin parece ter uma alma escura e meu desejo sufocado me faz querer participar desse seu mundo também.

Lovely DesireOnde histórias criam vida. Descubra agora