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Existem pessoas que tem a habilidade de esconder seus sentimentos muito bem.

Nós não fazemos idéia do que as pessoas carregam com elas mesmas,o que elas estão passando,e o que sentem.

Sabe quando você sai de casa,seja para escola,trabalho entre outras coisas,e...você sorri,dá risadas,brinca...e quando você volta,seu mundo se torna completamente outro?

Sozinho.

E é uma sensação tão desesperadora,tem tantas pessoas ao seu redor mas você não consegue dizer a ninguém.

Então você finge.

Ri,sorri,conversa como se nada estivesse acontecendo.

E está.

Mas só você sabe disso.

Suas mãos entraram em contato com a água fria da torneira,ela sentia o sangue que saia do nariz escorrendo para os seus lábios,seus olhos ardiam com a tamanha vontade de chorar.Abaixou a cabeça para jogar a água em seu rosto,passando as mãos por ele para tirar os últimos resquícios de sangue.

Passando o antebraço pelo nariz,ela levantou a cabeça para se olhar no espelho,ela só queria que isso acabasse.

Fechando os olhos,recuou para encostar as costas na parede fria do banheiro,deslizando até estar no chão gelado.

Sua cabeça latejava ao lembrar dos minutos anteriores,coisas que ela queria esquecer,mas não importa o quanto tentava,ela não conseguia parar de pensar,e tudo o que ela queria era que tudo parasse.

- Eu já disse que você não pode ficar por ai tocando suas músicas achando que vai ser alguém na vida! - O homem gritou para a loira que se encontrava a sua frente com o sangue fervendo.

- É o que eu quero fazer,você não pode me impedir! - Ela gritou fazendo o homem trincar o maxilar com força.

- Não só posso como vou!.Amanhã vai para empresa comigo e fim de conversa.

Maya havia perdido a cabeça.

E isso foi um erro.

- Não.Eu não quero e você não pode me forçar a seguir o seu sonho,eu não sou igual a você e nunca vou ser porque você é um egoísta que só se importa com si mesmo,não faça da minha vida a sua só porque não conseguiu o que quer! - A loira gritou com todo ar que tinha em seu pulmão sentindo seu coração martelar no peito.

Mas o que Maya não esperava era a mão de seu pai atingindo seu rosto com força,fazendo a área de sua bochecha agora vermelha,arder.

As lágrimas vieram automaticamente com a dor do tapa,o sangue saindo de seu nariz já era visível.

Ele chegou mais perto a olhando mos olhos.

- Nunca mais ouse me responder assim.

Encostando a cabeça na parede,Maya se permitiu chorar pela primeira vez naquela noite.

Ninguém imaginava.

Não.

Ela sempre escondeu as coisas muito bem.

A dor enchia seu peito de amargura,não conseguia respirar.

O celular em seu bolso vibrou,ela não queria atender,não tinha forças,mas sabia que poderia ser quem ela mais queria agora,então ela puxou ele do bolso,atendendo depois de ver o nome.

- Oi,Riley. - Disse mais suave,tentando disfarçar a voz embargada.

Mas ela também não sabia.

Não sabia que Riley estava do outro lado encolhida entre a parede e o chão de seu quarto escuro,sentindo o mesmo.

- Oi - Riley deslizou a mão pela sua perna,em uma tentativa falha de se acalmar.- Você está bem?

Maya não respondeu de imediato,olhou para parede branca a sua frente sentindo sua garganta fechar.

- Estou - Uma lágrima caiu de seu olho.Deslizando até o pescoço.- E você?

Do outro lado.Riley prendeu a respiração,tentando controlar suas emoções.Ela queria muito dizer,ela achou que ia dizer,mas sua boca sempre dizia ao contrário.

- Estou.

Maya fechou os olhos,encostando a cabeça na parede,sustentando sua dor.- Que bom.

A morena do outro lado se encolheu,puxando seus joelhos contra o peito - É.Bom.

Às duas sabiam das suas verdades.

Só não sabiam a uma da outra.

Still Here »RilayaOnde histórias criam vida. Descubra agora