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"Mais uma vez sem limite, sem sono. Um coração tão bonito sem dono. Ia ficar em casa mais mudou de plano, deve estar cansada do cotidiano...
Hungria - Coração de aço"

E minha vida normal continua. Nada de diferente, nada de interessante. Só a mesma rotina de sempre. O fim de semana chega e resolvo ir a uma balada com algumas amigas. Minha irmã mais velha vai comigo também. Ela brigou com o marido dela, então venho passar um tempinho aqui em casa.

Se arrumamos e saimos, encontramos as meninas na frente da balada. Não pagamos para entrar, nunca. Pegamos nossas comandas e entramos indo direto pegar bebida. Open bar até 2 da manhã, da para beber muito em 3 horas e é exatamente isso que vamos fazer. Dançamos muito a noite inteira. Tiramos algumas fotos no banheiro e em um espelho bem grande que tem. Subimos para um camarote. Essa é a primeira vez que uso uma droga chamada lança perfume. Todas nós usamos. Quando percebo ja estou em cima do sofá que tem no camarote dançando com as meninas. Bebemos mais durante o resto da madrugada. Minha amiga Bruna fez amizade com um pia que está pagando nossas bebidas.

Quase no finalzinho da noite, perto do horário da balada fechar descemos para perto da porta da saída. Continuamos dançando e algumas pessoas ja estão indo embora. Bruna larga sua bolsa em cima de uma mesa, se distraímos com a música. Quando ela percebe sua bolsa não esta mais la.

- Porra Bruna como você foi fazer uma coisa dessa? - falo indignada.

- Eu não imaginava que iriam levar - ela responde com as mãos na cabeça.

- Não tem como sair daqui sem as comandas, vamos procurar a bolsa - minha irmã fala.

Começamos a procurar por todo lado. Nos banheiros, camarotes, bar, perto dos carros e etc. Não achamos nem vestígio da bolsa em lugar nenhum.

- São 400 reais, nós não temos esse dinheiro. Ferrou - falo.

Mando mensagem para todas as pessoas que conheço, tentando achar alguém para tirar nós 4 de dentro da balada. Ninguém me responde. Quando mais precisamos não encontramos ninguém para ajudar.

- Oi, será que vocês não viram ninguém saindo com uma bolsa pequena? - Bruna pergunta para os seguranças.

- Nossa moça, passou muita gente por aqui né, nem percebemos - uma segurança responde.

- Por favor tem como liberar nós 4, roubaram minha bolsa, todas as comandas estavam dentro, meu celular também, documentos, dinheiro, levaram tudo - Ela fala e começa a chorar.

- Pior que não podemos liberar ninguém, tem que pagar de um jeito ou de outro - um segurança nojento fala olhando para Bruna de cima até em baixo. - Até que você é gostosinha.

Se reunimos juntas para conversar um pouco longe dos seguranças. As duas outras meninas ficam chorando o tempo todo. Quase todas as pessoas estão indo embora, vai saber o que farão com nós quando fecharem essas portas.

Um homem chega para conversar com os seguranças, pede para ir buscar o dinheiro no carro porque ele também perdeu a comanda. Os seguranças não deixam, ele insiste. Um dos seguranças começa a bater nele, bate tanto que o homem cai no chão sangrando, mas ele não para, começa a chutar o homem, até ele desmaiar e ficar jogado em uma poça de sangue. Outros dois seguranças pegam o homem e levam ele para dentro da balada. Minhas amigas ficam mais desesperadas ainda. Minha irmã me abraça para eu não ficar olhando essa cena horrível. Eu fico indignada como algo pode acontecer por um motivo tão estúpido.

Um tempo depois disso um "anjo" aparece para nos tirar de dentro desse lugar. É o amigo da Bruna, aquele que estava curtindo com nós la dentro, pagando as bebidas.

- Vocês ainda estão ai? - Ele fala surpreso. Bruna explica o que aconteceu. Ele conversa com o segurança. - Quanto elas devem? Vou deixar meu celular, ele vale mil reais mas eu quero que as 4 saiam dai de dentro.

Os seguranças concordam. Saimos aliviadas. No caminho até o ponto de ônibus achamos os documentos jogados no chão. Tentamos passar na delegacia que tem na esquina, contamos tudo que aconteceu e simplesmente os policiais debocham de nós como se fossemos culpadas por algo. Desistimos até de fazer o boletim de ocorrência. Seguimos nosso caminho, cada um para sua casa.

Nessa ConfusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora