Alice
Sinto uma vibração incomodativa debaixo do travesseiro, mas não consigo distinguir se estou sonhando ou se a vibração em contato com meu rosto é real. Na intuição e com olhos fechados, apalpo debaixo do travesseiro em busca do que insiste em me incomodar, provavelmente o meu celular. O pego e clarão da tela me faz semicerrar os olhos para ver o que há na tela. Com a visão meio embaçada, vejo o nome do Arthur e logo o atendo, colocando o celular no ouvido.
— Alice? — Sua voz grave sai com irritação.
— Hum?
— " Hum" uma porra! Você ainda está dormindo, é?
— Se eu estivesse dormindo, eu não estaria falando com você.
— Ah é? E porque porra você não atende a merda do celular? Meu pai me ligou e disse que já te ligou várias vezes e você não atendeu. Ele está querendo falar contigo.
— Eu vou ligar para ele.
— Acho bom você ligar logo.
— Tá. Você está onde?
— No mercado. Vim comprar algumas coisas pro churrasco.
— Que churrasco? — Bocejo.
— O que eu vou fazer amanhã na casa de praia.
— O papai e a mamãe sabem?
— Não e nem precisam saber. Vê se não abre essa boca.
— Ok, mas em troca do meu silêncio eu quero alcaçuz, traz pra mim.
— Chargista! Quando levantar, prepara seu café. Hoje a Tracy não trabalha.
— Ok! Tchau.
— Tchau.
Desligo. Ignoro todas as notificações no meu celular, levanto e caminho me espreguiçando até ao banheiro.
É normal acordar às onze e meia da manhã e ainda estar morrendo de sono? Pois, essa é a minha situação nesse momento. Ontem os meninos e eu inventamos de ficar batendo papo e assistindo filmes até às três da madrugada, agora aqui estou eu levantando esse horário ainda morta de sono.
Escovei os dentes, tomei um banho pra acordar, vesti um short jeans e um sutiã de renda rosa, prendi meu cabelo em coque, peguei meu celular e fui procurar o que comer.
Ao chegar na cozinha, abro a geladeira que estava farta, seguro a porta da mesma e fico ali analisando o que vou comer, até que ouço a campainha tocar.
O idiota do Arthur deve ter esquecido a chave.
Fecho a geladeira, caminho até a porta e ao abri-la, dou de cara com um mal-educado que passa por mim e já vai entrando sem sequer me desejar nem um " Bom dia".
— Arthur, voc... — Ele procura pelo Arthur.
— O Arthur não está em casa. — Informo, mas ele parece não ouvir e segue rumo ao quarto do Arthur.
— O Arthur não está em casa, você está surdo? — Falo novamente, dessa vez mais alto.
Ele retorna pra sala mexendo no celular e eu olho diretamente em seu rosto, ficando boquiaberta com tanta beleza. Sua pele negra era visivelmente macia, seu cabelo perfeitamente cacheado parecia molas castanhas, seus olhos redondos cor de amêndoas ostentavam um brilho lustroso e seus lábios eram deliciosamente desenhados.
O cara é dono de uma beleza surreal, porém, um mal-educado sem noção.
— Você deve ser mais uma peguete do Arthur, né? Avisa a ele que deixei o notebook dele em cima da cama. — Falou enquanto mexia no celular, sem sequer me olhar.
— Eu não sou...— Tentei falar, mas ele me interrompeu.
— Pouco me importa quem você é, apenas dê o recado, por favor. — Disse num tom ríspido e saiu.
Quem esse idiota acha que é pra falar comigo dessa maneira? Ainda me rotular sem nem me conhecer.
Babaca! Idiota.
Bato a porta com raiva e volto para a cozinha para tomar meu café.
Pego um pedaço de pizza e um copo de Coca-Cola que havia sobrado de ontem e faço meu desjejum.
Melhor café da manhã, sim ou claro?
Ao terminar, lavei a louça que estava na pia, organizei a cozinha e fui pra sala.
Tirei meu celular do bolso, me joguei no sofá e liguei a televisão. Enquanto passava um programa qualquer, liguei para o meu pai quatro vezes, mas ele não atendeu, então resolvi mandar SMS, inclusive já havia mensagens dele e da minha mãe.Papito ♡
" Filha, por que você não me atende? O papai está quase indo te buscar de volta para New York.
A saudade é tanta que não estou aguentando.
Me liga, tá? Te amo! "Respondi a mensagem dele:
"Bom dia, minha vida. Eu estava dormindo quando o senhor ligou. Desculpa, tá? Eu também estou morrendo de saudade, paizinho. Te amo!"
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bruno Mars - Com amor, Alice
FanfictionDepois de muda -se para New York para acompanhar seus pais em uma viagem a trabalho, Alice volta a Los Angeles, onde morará com o seu irmão, Arthur. Arthur é universitário, trabalha na empresa da família e valoriza seus amigos que ele considera co...