CAPÍTULO 6

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Alice

É inacreditável como a semana passou depressa, pisquei e já estamos na sexta-feira.
Hoje à noite os meninos viajam para Vegas, e eu serei obrigada a ficar na casa do insuportável do Bruno. Não suporto aquele cara, me irrita ouvir a voz dele e sinto ranço só de imaginar que terei que conviver três dias e uma noite com aquele ser antipático. Sério, o Arthur ainda vai me pagar por me submeter a isso.
Saí do banho e voltei para o quarto. Enrolada na toalha, parei em frente ao espelho, fiz uma maquiagem básica, penteei meu cabelo deixando o mesmo solto, passei desodorante, perfume e fui me vestir.
Vesti um short alfaiataria branco, uma blusa rosa manga bufante, coloquei alguns acessórios rosas e pratas, ah, também uma tiara de padraria rosa. Calcei um mocassim loafer branco, passei perfume, coloquei dinheiro e meu celular dentro da mochila, peguei a mesma e ao sair do quarto, dei de cara com o Ryan saindo do quarto do Arthur.
Ele estava lindo em uma camisa 3/4 social azul escuro, bermuda jeans, tênis preto, seu cabelo estava preso em um coque com palito de madeira e ele carregava de uma alça só uma mochila preta.
— Bom dia, galega.
— Bom dia, Ry.
— Obviamente, você deve saber que o Arthur saiu mais cedo para resolver algumas coisas da viagem e eu que te deixarei no colégio hoje.
— É, eu sei. Ele me avisou por mensagem. Vou só pegar uma fruta e podemos ir.
— Não vai tomar café?
— Não, estou sem fome. — Respondi, já caminhei até a cozinha.
Depois de pegar uma maçã em cima da mesa que estava posto o café da manhã, retornei para sala ao encontro do Ryan e saímos juntos do apartamento.

***

Após alguns minutos, chegamos no colégio e o Ryan parou o carro em frente ao portão.
Tirei o cinto de segurança e quando fui abrir a porta do carro para descer do mesmo, o Ryan pôs sua mão sobre a minha, me impedindo.
— Não vai se despedir de mim?
— Af! Desculpa a minha falta de educação. — Brinco.
— Boa aula... — Depositou um beijo no canto da minha boca.
— Obrigada! — Sorri.
Diacho de homem gostoso.
Abri a porta do carro, desci, bati a porta novamente e caminhei até a entrada do colégio.
Mais um dia tendo o desprazer de conviver com o Joe.
Mas vamos lá...

***


A minha alegria é a mesma toda sexta-feira, pois sei que terei os dois dias seguintes inteiramente meus, ou seja, sábado e domingo, dias que fico sem qualquer compromisso didático. Livre das aulas da escola e das aulas em casa. Entretanto, hoje é a primeira sexta-feira que não estou nada animada, pois sei bem o que me aguarda mais tarde.
Deitada no sofá e com os pés para cima apoiados na parede, mexo no celular olhando a vida dos outros no Instagram enquanto na televisão passa um filme que nem sei qual é.

— ALICEEE? — A Tracy me grita da cozinha.

— OIII? — Grito de volta.

— PREPAREI UM LANCHE PRA VOCÊ, VEM COMER. — Continua falando no mesmo tom.

— TÔ INDO.

Só comida para me fazer levantar daqui. Deixei o celular no sofá e fui para a cozinha onde a Tra estava terminando de preparar uma vitamina de morango.
Sentei à mesa e peguei um dos sanduíches que estava ali e dei logo uma mordida, saboreando o delicioso atum cream cheese.
— Vai viajar hoje à noite? — Perguntou, pondo um copo de vitamina à minha frente na mesa.
— Não.
— Por quê?
— O Arthur só volta terça-feira, eu tenho aula na segunda.
— Quer dizer que você ficará sozinha? — Sua voz soa com preocupação.
— Não, Tra. Infelizmente, vou ficar na casa do Bruno, o Arthur pediu que ele " cuidasse de mim" enquanto ele estiver fora.
— Ah, entendi. Agora fiquei tranquila em saber que você ficará na casa do Bruno. Ele é um rapaz tão bom e responsável, sei que cuidará bem de você.
— Eu não acho, mas ok.
— Por que diz isso? Você não se dá bem com ele?
— Nem um pouco.
— Talvez seja porque você não o conhece direito. — O defende enquanto tira o liquidificador da tomada. — O Bruno é um menino de ouro, não é à toa que o seu irmão ciumento do jeito que é com você, confiou em deixar você sob os cuidados dele.
Reviro os olhos e dou uma mordida no meu sanduíche. Eu estou cansada de ouvir as pessoas defendendo o Bruno e falando: " você não o conhece direito".
Só queria que a galera entendesse que o pouco que eu conheci, eu não gostei... simples assim.
Mas não vou argumentar, deixei ela defendendo o insuportável do bruno e continuei comendo o meu lanche.

***

Era por volta das oito horas, o Arthur havia acabado de chegar do trabalho e subiu direto para tomar banho e se arrumar, pois não quer se atrasar para o voo que sairá às 23h. Eu já havia tomado banho, separado as coisas que vou levar para a casa do Bruno, e agora estou deitada lendo o livro: " Como Eu Era Antes de Você", enquanto esperava o Arthur se aprontar.
Eu não queria ficar na casa daquele ser detestável, mas no final eu cedi, pois sei que essa viagem será importante para o Arthur, para ele espairecer a mente e desestressar um pouco. O trabalho na empresa tem sobrecarregado bastante ele, meu irmão merece um descanso. Não demorou muito e meu gato loiro apareceu todo arrumado e cheiroso. Ele estava usando uma camisa polo preta, bermuda bege e mocassim preto. Seu cabelo liso e loiro estava molhado e bem arrumado.
— Nossa, que gato! Está lindo, maninho.
— Eu não estou lindo, eu sou lindo. Mas obrigado por enxergar o óbvio. — Respondeu, convencido.
— Tu se acha, né, criatura?
— Eu não me acho, eu sou. — Piscou.
— Sua autoestima é invejável, Arthur... Olha que nem tem motivo pra isso. — Ironizo. — Ah, a Ro mandou áudio dizendo pra você não esquecer de comer antes de ir, não esquecer de levar casaco e deixar o celular sempre carregado, pois caso aconteça algo.
— Ela me mandou um áudio falando a mesma coisa e a mamãe me ligou me fazendo mil e uma recomendações, parece até que estou indo para uma missão de guerra. — Diz, aparentemente lendo alguma coisa no celular. — Agora vamos, preciso te deixar na casa do Bruno e ir encontrar os caras lá embaixo, o Eric acabou de enviar mensagem dizendo que já pediram o táxi e só estão me esperando.
Levantei do sofá, peguei minhas coisas, ele pegou a mala dele e saímos juntos.
Logo chegamos no apê do Bruno, o Arthur mandou mensagem para ele avisando que estávamos na porta e não demorou para que o idiota viesse abrir a porta.
— E aí, bro...— Bruno cumprimenta Arthur com toque de mão.
— E aí, gostoso. Bom, tô indo, vim só deixar a Alice aqui e falar contigo.
— Tranquilo. Boa viagem! Ah, vê se não morre de saudade de mim ao ponto de me ligar no meio da madrugada só para ouvir a minha voz.
— Se preocupada não, a única pessoa para quem eu ligo no meio da madrugada é a sua irmã. — Arthur rebate.
— Vai se lascar, Arthur. — Bruno leva na graça.
— Vou nessa, maninha. Te amo muito, tá? Chegando lá, eu te ligo. — Falou me abraçando.
— Me liga mesmo, por favor. Também te amo muito. — Falo e ele beija a minha testa.
— Bruno, cuida dela pra mim. — Pede Arthur.
— Pode deixar. — Respondeu, me lançando um olhar de quem vai fazer da minha vida um inferno.
Dei mais um abraço apertado em meu grudinho, em seguida, ele saiu, eu entrei e o Bruno fechou a porta.
— Agora somos só nós dois. — Jogou a chave na mesinha de centro. — Bom, você vai ficar no quarto de hóspedes, é o segundo da direita.Assim que ele terminou de falar onde eu ia ficar, eu quis logo me livrar dele e fui saindo para ir até ao quarto que ele disse, mas fui impedida de continuar andando.
— Eu ainda não acabei. — Falou firme, me fazendo parar. — Eu aceitei que você ficasse aqui, mas disse ao Arthur que teria regras.
— Regras? — Indaguei, já sem paciência.
— Sim, regras.
— O Arthur não me falou que teria regra nenhuma.
— Aí já é um particular seu e dele. Bom, vamos lá... Primeiro: sempre que você for sair, quero que me avise, ou seja, jamais saia sem me comunicar. Segundo: eu namoro e a minha namorada é ciumenta. Então, por favor, evite andar de sutiã pelo meio da casa como você faz lá na sua casa.
Terceiro: jamais traga moleque nenhum para dentro do meu apartamento.
Quarto: aqui tem horário para dormir, não suporto televisão alta na madrugada ou barulho de celular.
Quinto: Muitas vezes trabalho em casa e outras vezes só quero descansar. Ou seja, evite barulho ou bagunça.
Último: tudo que você bagunçar, arrume. Tudo que você sujar, lave. Tenho diarista, mas gosto de organização o tempo inteiro.
Agora sim, você pode ir para o seu quarto.
Respirei fundo tentando me controlar, dei as costas e saí. Pelo visto, as coisas vão ser piores do que eu imaginei.
Na moral, eu vou matar o Arthur quando ele chegar.

 Bruno Mars - Com amor, AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora