CAPÍTULO 11

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Alice

— Que susto, Bruno. — Digo, com uma das mãos sob o peito, realmente assustada.
— O mesmo acontece comigo todas as vezes que te vejo. — Me zoa. — Mas, e aí, também está sem sono?
— Idiota! — Reviro os olhos e caminho até a pia, deixando o copo ali. — Bom, respondendo a sua pergunta: sim, eu também estou sem sono.
— Por conta do que aconteceu? — Perguntou, com os olhos fixados em mim.
— Sim.
— E o que foi que aconteceu que tirou até o seu sono?

O Bruno me lembra bastante o Oliver, ele que tinha essa mania de usar a técnica de perguntar toda hora exatamente a mesma coisa olhando diretamente para a pessoa no intuito de conseguir a resposta que ele tanto queria.

— Por que você pergunta toda hora a mesma coisa?
— Porque eu quero saber o que aconteceu.
— Mas eu não quero falar sobre o que aconteceu.
— Ok! Ok! Não pergunto mais. — Pegou o isqueiro em cima da ilha. — Estou no meu quarto, qualquer coisa pode me chamar. — Ele já ia saindo.
— Bruno?! — Falei e ele parou.
— Sim?
— Obrigada por ir me buscar e por se preocupar comigo.
— Não precisa agradecer. — Deu as costas.
— Só mais uma coisa... — Falei. Ele virou-se novamente para mim e ficou parado esperando eu falar.
— Como você também está sem sono, imagino que ficará no quarto sem fazer nada, então pensei que poderíamos assistir um filme, uma série juntos... sei lá.
— Aqueles seriados e filmes adolescentes imbecis que você assiste?
Maldita hora que convidei essa criatura para alguma coisa. Isso que dá tentar ser gentil. Inspirei e expirei, mantendo o equilíbrio para não mandá-lo para a casa do caralho.
— Sim.
— Eu topo. Não tenho nada melhor para fazer mesmo.

Gente, custa esse insuportável responder um simples: " Sim" ou " não" ? A chatice se destaca nele de tal maneira... vou te contar, viu?!
Peguei batatas fritas, Cheez-It, chocolates, alcaçuz e M&M's, entreguei alguns ao Bruno e fomos juntos para a sala.
Nota-se que ele não come nada disso, a única coisa que ele se importa é com a carteira de cigarro e o isqueiro.
Jogamos as almofadas do sofá no tapete, sentamos, ligamos a televisão e fui para o catálogo da Netflix escolher algo para assistirmos.

— Já tem meia hora você escolhendo um filme e até agora nada. — Reclama.
— Você também não fala o que quer assistir.
— Você que me convidou, então você escolhe.
— Ok! Vou colocar esse aqui. — Escolhi " Através da Minha Janela".
— Porra, não tem nada melhor não? — Reclama de novo.
— Hmmm... — Continuo rolando a tela em busca de outro filme que essa criatura possa gostar. — Que tal esse? — Clico em " Paixão Sufocante".
— Não. O título lembra minha ex, digo, meu ex relacionamento.
— Ex? — Idago, inevitavelmente demonstrando surpresa.
— Sim, levei um pé na bunda ontem.

Ah, por isso que o gato estava estressado ontem. Tá explicado porque ele chegou daquela maneira e hoje passou o dia inteiro trancado no quarto.
Mas espera aí... gente, quem tem coragem de largar um homem desse? Insuportável, eu sei... mas gostoso é lindo desse jeito, o caráter duvidoso dele se torna apenas um detalhe diante de tanta beleza e charme que esse cara esbanja.

— Sinto muito. — Digo, meio sem saber o que dizer.
— Acontece. — Ele força um sorriso. — Ela tá bem, isso que importa.
— E você? Tá bem? — Sondo.

Ele não responde, mete a mão no bolso e tirando a carteira de cigarro dali, puxa um da mesma e encaixa entre os lábios, o acendendo em seguida.

— Desculpa... eu não deveria ter tocado no assunto. — Me arrependo por talvez ter sido inconveniente.
Ele afasta o cigarro da boca e solta a fumaça.
— Tudo bem. — Responde, calmamente. — Quer mesmo saber da história?
— Quero. — Confesso com sinceridade.

O Bruno começou a me contar sobre o seu ex relacionamento.
Ele me falou desde o dia em que ele conheceu a Jeniffer até hoje, o momento em que ele viu a foto dela com outro cara.
O Bruno está muito magoado e abatido, mesmo ele tentando esconder, ele não consegue.
Ouvi tudo com muita paciência, mas confesso que só de ouvir certas coisas, senti vontade de matar a ex dele. Dá para acreditar que ela não gosta dos meninos? Cara, estamos falando do Arthur, Phil, Kam, Ryan, Eric e Miguel... pessoas maravilhosas e super gente boa.
Sem falar no quanto ela fez o Bruno sofrer quando estava ao lado dela, ele tentava não falar mal dela e estava sempre distorcendo algumas coisas para ela não parecer a megera da história, porém é nítido o quanto ela era uma pessoa soberba e INSUPORTÁVEL.

 Bruno Mars - Com amor, AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora