Bruno
Sábado é o dia perfeito para dormir um pouco mais do que eu costumo dormir, mas hoje me vejo obrigado a levantar cedo. Bom, não sei se isso é resultado da vida adulta ou resultado de namorar uma pessoa problemática.
Ontem à noite, a Jeniffer veio aqui pra casa dormir comigo, mas acabamos brigando e ela foi embora.
Sinceramente, tem horas que me falta paciência para lidar com a Jenny, ela é uma pessoa cabeça dura e muito difícil de lidar. Me esforço ao máximo para entender o lado dela, procuro respeitar as opiniões que ela tem, mesmo eu discordando na maioria das vezes, faço de tudo para evitar discussões entre nós dois e relevo muita coisa, porém, tem horas que eu também chego ao meu limite.
Ela não aceita a minha amizade com os meninos, sempre diz que eles não prestam, se incomoda quando eu saio com eles e se estressar com tudo que envolve a minha ligação com eles, mas já falei a ela que jamais vou abrir mão da minha amizade com os caras por causa das paranoias dela.
Sério, a Jenny viaja na maionese achando que eles me influenciam em algo, sendo que os meninos jamais abriram a boca para me colocar contra ela ou me incentivaram a traí-la, os vacilos que já dei com ela foi porque eu mesmo quis.
Sei que nem de longe eu sou o melhor namorado do mundo, mas me esforço ao máximo para a gente dar certo.
Assim que o Arthur me perguntou se a Alice poderia ficar aqui, eu concordei, pois não vi problema nenhum nisso, apesar da bicha ser insuportável. Mas, quando eu comuniquei a Jeniffer sobre, ela surtou e disse que não aceitaria eu ficar sozinho com a garota aqui em casa, se o Arthur estava precisando de babá para cuidar da irmã, ele que contratasse uma.
Entendi o lado dela, mas não voltei atrás da minha decisão, pois sempre que preciso, o Arthur não mede esforços para me ajudar.
Mas enfim, ontem, ao chegar aqui, ela viu a Alice, e obviamente não gostou, mas fomos para o quarto, eu conversei com ela e ficou tudo numa boa, ou pelo menos parecia ter ficado.
Pedimos comida japonesa que ela ama, ficamos juntos, transamos e quando estávamos deitados, do nada, ela veio com um papo me perguntando o que eu acho da Alice.
Fui sincero, disse que acho ela muito bonita e nada além disso. Acredita que isso foi o bastante para ela surtar? Eu fiquei tipo "???".
Cara, estávamos numa boa, havíamos acabado de transar e do nada ela surta dizendo que não dá uma semana para eu estar pegando a Alice.
Isso não tem lógica. Eu e a garota não nos damos bem, sequer troco ideia com ela, só aceitei ela aqui em consideração ao Arthur, pois não é fácil aturar essa patricinha mimada, ou seja, qual é a lógica da Jenny surtar com essas paranoias sem fundamentos?
Deixei de viajar com a galera com a desculpa de ter que trabalhar quando, na verdade, a minha intenção era aproveitar esses dias ao lado dela, pois malmente temos tempo um para o outro.
Ela vive ocupada com os trabalhos dela na internet, com eventos e viagens; eu também vivo ocupado mergulhado em trabalhos, ambos temos a vida corrida.
Admiro muito a mulher que ela é, mulher forte, independente, inteligente e decidida. Também gosto muito dela, não vou dizer que é amor, mas gosto... ou sou apegado a ela e a nossa história, não sei, só sei que gosto de estar com ela.
Saí do banho com a toalha em volta da cintura e caminhei até ao closet, peguei uma cueca boxer branca, uma camisa vermelha estampada e uma bermuda preta.
Passei desodorante, vesti a roupa, passei perfume, coloquei o colar dourado com o pingente da cruz, relógio dourado, arrumei o cabelo, coloquei um boné preto, óculos escuros, calcei um chinelo preto da Gucci, peguei o meu celular, a carteira, a chave do carro e saí do quarto.
Fui ao quarto que Alice está, abri a porta com cautela e a encontrei ainda dormindo. Quem olha assim, não diz que carrega a vibe patricinhas de Beverly Hills... parece até um anjo dormindo... puta que pariu... essa garota é muito linda. Observo seus fios loiros espalhados no travesseiro e seu rosto angelical numa feição tranquila enquanto dorme; sua pele é tão branquinha e parece ser macia. Caralho, Bruninho, não viaja. Ela é irmã do Arthur! Balancei a cabeça, fechei novamente a porta e fui até a cozinha.
Infelizmente, a Abby não trabalha hoje, então eu mesmo terei que preparar alguma coisa para tomarmos café.
Resolvi ir na padaria que fica aqui perto.
Saí do apartamento, pedi o elevador e quando o mesmo chegou no térreo, caminhei até a garagem do condomínio e entre os meus carros, optei por usar o Audi A4, entrei no mesmo e dei partida em direção à padaria.
Ao chegar, estacionei o carro e entrei no estabelecimento.
Comprei: torradas, muffin, waffle, bagel, queijo, geleia, caixa de suco de uva e maracujá, leite, café expresso, torta de maçã, bacon, ovos e algumas frutas.
Fui até ao caixa e após pagar, levei as compras para o carro e retornei para casa.
Ao chegar em casa, organizei tudo na mesa, tomei apenas uma xícara de café expresso, deixei um bilhete colado na porta da geladeira avisando a Alice que precisei sair e deixei o apartamento.
Espero que a Jeniffer esteja mais calma e disposta a conversar. Quero me acertar com ela, odeio esse clima estranho entre a gente.
Após quinze minutos, cheguei no condomínio o qual ela mora e fui logo pedindo o elevador para o andar que fica o apartamento dela.
Ao chegar no andar desejado, saí do elevador, caminhei até ao apê dela e toquei a campainha.
Sem obter resposta, toquei novamente, até que finalmente a porta foi aberta e ela apareceu com a cara nada boa, vestida em um pijama e um coque mal feito.
— O que você quer aqui? — Disparou, ríspida.
— Conversar com você. — Sem convites, fui entrando.
Ela encostou a porta e caminhou até mim.
— Não temos mais nada para conversar.
— Claro que temos. Você acha mesmo que vou desistir de você por causa de uma briguinha boba?
— Briguinha boba, Peter? Eu falei para você que não queria aquela garota dentro da sua casa, chego lá e adivinha só quem eu encontro? Cara, se coloca em meu lugar, imagina eu colocar um cara dentro da minha casa, passar vinte e quatro horas com ele, isso tudo você e eu namorando, você ia gostar?
— Jenny, você tá viajando, é? Não tem cabimento as coisas que estão passando em sua cabeça.
— Responde! — Exige, elevando a voz. — Você ia gostar?
— Claro que não.
— Então, por que eu tenho que aceitar essa situação calada?
— Não quero que você aceite nada calada, eu quero que você confie em mim, apenas isso.
— Confiar em você? Peter, você já me traiu duas vezes, DUAS VEZES! Eu não vou aceitar uma terceira.
— Porra, Jenny, eu te pedir perdão, te prometi que jamais eu voltaria a vacilar contigo, você me perdoou e a gente voltou, mas qualquer discussão nossa, você traz à tona coisas do passado. Será que você não percebe o quanto isso desgasta o nosso relacionamento? E outra, você acha mesmo que eu te chamaria para dormir lá em casa ontem se eu tivesse a intenção de te trair?
— Eu perdoei, mas não sofro de amnésia. — Esbraveja. — Suas traições me machucaram muito, não estou disposta a me machucar novamente, infelizmente não consigo confiar facilmente em você, pois confiança é como cristal, uma vez quebrada jamais será igual.
— Você também já me machucou demais, Jennifer... — Engoli seco e prossegui. — Já aguentei muita coisa vindo de você, nenhuma traição, não que eu saiba. — Encarei ela que me olhava com os olhos cheios de lágrimas. — Já me fiz de cego e por várias vezes fechei os olhos para atitudes erradas sua, já me calei para evitar brigas e relevei muita coisa, tudo isso para evitar o fim do nosso relacionamento. Ou seja, não foi só você que cedeu, não foi só você que lutou para estarmos juntos até hoje, e você sabe muito bem disso.
— Talvez esse tenha sido o nosso erro, Peter... — Trêmula, passa a mão no rosto, enxugando as lágrimas que escorrem. — Insistir em algo que já deu o que tinha que dar.
— O que você quer dizer com isso? — Indaguei, temendo a resposta.
— Que eu acho melhor pararmos por aqui. — Respondeu, encarando o chão.
— Você tem certeza disso?
Firmou os lábios um no outro e balançou a cabeça positivamente.
— Eu vou respeitar a sua decisão, mas quero que você responda olhando em meus olhos. Tem certeza que é isso mesmo que você quer?
— Sim. — Respondeu, com a voz embargada e os olhos cheios de lágrimas.
A Jennifer está convicta do que quer, eu não posso fazer mais nada diante a isso, eu não posso obrigá-la a ficar comigo e nem insistir em algo que não está dando mais certo.
Não sei como será daqui pra frente sem ela, foram seis anos de namoro, vários momentos, planos e sonhos juntos, tudo isso vou levar comigo. Sem dúvidas, ela marcou a minha vida.
Me aproximei dela sentindo o cheiro doce de sua pele pálida, depositei um beijo demorado em sua testa e com os olhos cheios de lágrimas, deixei o apartamento.
Não será fácil, eu sei, mas a vida segue. Só desejo a felicidade dela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bruno Mars - Com amor, Alice
FanfictionDepois de muda -se para New York para acompanhar seus pais em uma viagem a trabalho, Alice volta a Los Angeles, onde morará com o seu irmão, Arthur. Arthur é universitário, trabalha na empresa da família e valoriza seus amigos que ele considera co...