Capítulo 5 - Manter-se longe.

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Este capítulo contém cenas inéditas

Felipe

- Sabe o que é Cris, acabei de ver que já deu minha hora... nos falamos segunda-feira? -

- Sim, sim. Tchau amiga.

- Tchau, até logo.

Felipe observava a garota atentamente enquanto o diálogo desenrolava e ela ir embora dali apressada. Se quer passou na sua cabeça cogitar a ideia desse encontro ser uma coincidência, a garota queria alguma coisa e ele descobriria o que era.

Pegou seu café e logo se pôs a conversar com a irmã sobre as novidades, não demorou muito e seu cunhado chegou com seus sobrinhos. Aquela sem dúvida era a melhor parte da visita, Felipe era completamente louco pelos sobrinhos.

Ficou algumas horas a mais na casa da irmã até que deu a hora de ir embora. Verificou a hora no relógio em seu pulso, já eram quase 20h da noite, dirigiu até sua casa depois de alguns minutos no trânsito já estava estacionando o carro na garagem de seu prédio.

Rapidamente adentrou seu apartamento e tomou um banho rápido, vestiu uma calça jeans de lavagem clara, camisa de botões preta e um tênis também preto. Finalizou a produção com um perfume e saiu, agradecendo por sua esposa precisar dormir na casa da mãe naquela noite.

Pegou seu carro novamente e dirigiu até a boate onde esteve a primeira vez no início da semana. Estacionou o carro e adentrou a boate, a música alta e o gelo seco espalhado no ambiente o atrapalhavam a pensar.

Por fim, pediu um copo de Wisky e Shirley num dos quartos. Demorou cerca de uma hora até que um homem o entregou uma chave do quarto onde encontraria Shirley.

Precisava deixar umas coisas claras entre eles. Sentou-se numa poltrona do quarto com todas as luzes apagadas, não demorou muito e ela apareceu. Felipe observou o contorno do corpo dela no escuro, ela parecia duvidar se havia alguém no quarto.

- Entre, e acenda a luz...- Disse e ela obedeceu, notou a surpresa no rosto dela assim que ela o viu.

- O-oque está fazendo aqui? - Ela perguntou.

- Precisamos conversar, Shirley.

Narradora

- Que tipo de assunto você poderia ter comigo? - Shirley perguntou desconfiada.

- Não sabe mesmo? - Felipe perguntou irônico - Vejamos... Oque você queria na casa da minha irmã, por exemplo, é um assunto que temos em comum.

Shirley o encarou, avaliando oque ele queria chegar com aquilo.

- Já disse, eu a conheço da faculdade!

- Por que será que eu não acredito em você, hein? - Felipe perguntou rodeando-a.

- Você já me fez essa pergunta, e eu já dei minha resposta... - Shirley caminhou até a porta. - Agora se me der licença.

- Quem você pensa que engana, garota? - Felipe a segurou com força pelo braço. - É dinheiro que você quer, não é? Quanto?

- Me solta...

- Vai, responde!

- Larga meu braço senão eu grito! - Ela disse nervosa.

So então Felipe se deu conta do que fazia e largou o braço dela, que ficou um pouco vermelho. Shirley afastou-se dele assim que se viu livre do aperto em seu braço, tentava ao máximo demonstrar que não estava com medo, mas ela estava.

- Eu não quero dinheiro, eu realmente so estava estudando...

Ela respondeu depois de um tempo em silêncio.

- Me desculpa. - Felipe respondeu indo até ela encarando a vermelhidão no braço. - Não foi minha intenção te machucar, eu so... fiquei nervoso.

- Tudo bem... também não foi minha intenção te arrancar dinheiro. - Ela riu sem humor. - Pode não parecer, mas não estou aqui por que quero.

- Se não está por aqui por querer, porque simplesmente você não vai embora.

Felipe perguntou deixando-a sem fala, ela abriu e fechou a boca algumas vezes tentando formular uma resposta.

- Isso não é tão simples quanto parece...

Ela respondeu por fim, virou-se de costas para ele não conseguindo mais conter as lágrimas enquanto as lembranças de sua mãe e irmã apareciam na mente. Lembrar-se da vida que tinha antes de tudo ainda era algo doloroso.

E então Shirley sentiu o colchão afundar-se ao seu lado e em seguida o calor da mão de Felipe sobre o ombro.

- Ei... desculpa. Não deveria ter perguntado aquilo. - Disse virando-a de frente para ele.

- Não foi nada, está tudo bem! - Ela disse com a voz embargada.

- Você... tinha família antes de vir para cá? - Felipe perguntou levantando o rosto dela pelo queixo.

E então Shirley hesitou em contá-lo sobre sua vida, mas algo a estimulou a ser sincera com ele mesmo não contando a verdade inteira a ele.

- Tive uma mãe, que morreu há três anos, e uma irmã mais nova que não vejo desde que fui trazida para cá. - Murmurou de cabeça baixa observando os pequenos círculos que as lágrimas faziam no vestido.

- Eu sinto muito... - Felipe disse lhe dando um abraço apertado, Shirley julgou aquilo como um ato impensado e era algo que ela definitivamente não estava esperando.

Mas no fim das contas, Shirley simplesmente se entregou ao abraço que Felipe, respirou fundo e pode sentir o cheiro amadeirado que o perfume dele exalava. E então, eles já estavam aos beijos naquela cama enquanto Felipe explorava o corpo de Shirley com as mãos de forma ousada, exigente. 

E assim como na primeira vez, sentiram uma sensação estranha começando a crescer entre eles, algo que os fazia desejar que momentos como aquele não acabassem tão cedo, mas logo Shirley se deu conta da situação em que estavam e se cessou o beijo a certo custo. 

- Chega, i-isso já foi longe demais... - Ela disse ofegante e sem encará-lo.

- Desculpa, eu não queria...

- Tudo bem, Felipe. - Shirley a interrompeu. - Vou ficar longe de você a partir de hoje. Sei que é isso que quer.

- Shirley, eu...

- É melhor eu ir embora. Tchau Felipe. 

Ela o interrompeu novamente com um sorriso fraco, encaminhou-se até a porta do quarto e foi embora sem dizer mais nada.

E Felipe ficou lá, encarando a porta do quarto completamente sem ação. 

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