Alguns dias se passaram desde a última vez que Yugyeom dormiu em casa, os dias eram corridos para mim e para ele. Com o começo da turnê se aproximando, as coisas começaram a ficar mais difíceis, tudo era uma correria: os ensaios eram mais constantes, assim como as reuniões e os programas de tevê para a divulgação. A apresentação do Music Bank estava chegando e os garotos estavam uma pilha de nervos, sete bombas armadas e prontas para explodirem, estavam nervosos e sentindo uma pressão enorme. As vezes se olhavam estranho, aumentavam o tom de voz um com o outro, Jinyoung estava exausto e se estressava até com o barulho das respirações do restante do grupo.
Yugyeom demorava dias para responder minhas mensagens, assim como eu demorava para responder, agora eu entendia que não era proposital da parte dele. Nós nos vemos todos os dias, mas não é a mesma coisa, eu estou ocupada e ele também. É tudo profissional, superficial.
— Meninos — chamei-os após um fim de ensaio conturbado —, vocês vão ter o dia de folga hoje.
Jinyoung me olhou de forma estranha, se pudesse me bater, teria o feito.
— Nós precisamos ensaiar — iniciou Youngjae. — A turnê vai começar, temos a apresentação no Music Bank e nós estamos errando bastante, eu não estou conseguindo alcançar algumas notas, preciso treinar. Cada hora que não trabalho é um dia perdido.
— Vocês precisam des-can-sar! — Disse pausadamente. — Todos vocês estão nos seus níveis de estresse mais altos, lançando olhares perigosos uns aos outros, errando passos que sabem de cór, não alcançando notas fáceis que cada um consegue normalmente. O nome disso é excesso de cansaço.
— Nós precisamos ensaiar, noona. — Bambam disse, sua voz saiu falha.
— Quantas horas você está dormindo por dia, Bambam? — O garoto ficou em silêncio. — Vocês estão se alimentando de forma correta? Porque eu sei que o Yugyeom não está se alimentando ou dormindo de forma devida.
— Como você...?
— Seus olhos ficam cansados quando não dorme direito, você fica aéreo e perde o foco rápido. Agora, — aumentei meu tom de voz — vão todos para casa descansar. Vou levar algo para vocês comerem.
“Sim”, eles murmuraram em uníssono, saindo um atrás do outro da sala de treino.
Eu já sabia o quê cada um gostava de comer, das coisas que não comiam, do que tinham alergia, de quem não gostavam ou de quem amavam, do que achavam engraçado ou desnecessário, eu poderia escrever uma biografia sobre cada um deles, não teria problema.
Fui em um restaurante perto do dormitório dos meninos, comprei o que cada um gostava de comer, algumas sopas e alguns sanduíches e doces. Eles saíram perto da hora do almoço, deviam estar todos dormindo. Juntei as coisas e coloquei no banco de trás do carro. Era quase cinco da tarde, tempo suficiente para eles descansarem e comerem um pouco.
Fui direto para a casa onde eles ficavam, era bem grande, diga-se de passagem. Toquei a campainha duas vezes, ninguém me atendeu. Jackson disse que sempre guardava uma chave reserva embaixo de um vaso de planta em um dos canteiros de flores ao redor da casa, no primeiro vaso, sendo mais exata.
Estava silenciosa, era como se ninguém a habitasse. Tudo estava em seu devido lugar, um sinal de que eles estavam cansados demais para fazer qualquer bagunça. Deixei as compras em cima do balcão, colocando cada prato em seu devido lugar na mesa, os garotos tinham seus lugares em mente, era um pouco estranho. Jackson, BamBam e Yugyeom nas três cadeiras do lado esquerdo, Jinyoung, Jaebum e Mark nas três cadeiras do lado direito e Youngjae na cadeira da ponta, perto de Jackson e Mark.
Assim que tudo já estava em seu lugar, fui acordar os garotos. Yugyeom estava dividindo quarto com Mark, o que me fez entrar de forma lenta no quarto, para não os acordar de supetão. Yugyeom tinha o costume de dormir sem roupa, eu sempre o fazia vestir roupa quando ia dormir em casa.
— Mark — dei leves chacoalhadas no corpo do garoto, ele virou para o lado. — Mark, acorda. — Murmurei em seu ouvido.
Ele abriu os olhos com dificuldade, piscou algumas vezes e me encarou. Suas bochechas ficaram vermelhas e seus olhos pareciam assustados quando se deu conta de que eu o estava acordando e ele estava sem camisa, usando apenas um short fino.
— Acorda! — Disse um pouco mais alto. Ele se sentou na cama, cobrindo o corpo com o lençol. — Não é como se eu fosse ter interesse em algo aí. — Ele fez uma careta. — Me ajude a acordar os outros garotos para comerem.
Ele me olhou com relutância, mas se levantou depois de alguns segundos, ainda com o lençol enrolado no corpo, indo em direção ao quarto dos outros garotos, fechando a porta em seguia.
Me aproximei do Yugyeom, e ele estava de roupa, por incrível que pareça. Deveria estar tão cansado que dormiu sem tirará-la. Tirei os fios de cabelo que caíam sobre seus olhos, ele mexeu o corpo e eu sorri, parecia um anjo, alguém que precisava de cuidados, que precisava ser guardado em uma caixa de vidro.
— Yuggie — disse baixinho.
— Hum... — ele respondeu com a voz fraca e longe.
— Acorda — sacudi seu corpo de forma leve, seu coração acelerava mais que o normal quando acordava assustado, sua respiração ficava descompassada e ele ficava sem ar.
De um solavanco, vi meu corpo fazer um giro e parar na cama, ao lado de Yugyeom, seus braços em volta do meu corpo e sua perna enroscada na minha.
— Mais alguns minutos, por favor...
Seu por favor saiu como um sussurro.
Seus olhos foram se abrindo, encontrando os meus assustados. Ele sorria, de forma calma e doce, como se tudo estivesse bem.
— Do que está rindo? — Perguntei, tentando sair de seus braços, o que foi falho.
— De você... assim... comigo... — o garoto me apertou mais contra seu corpo.
Eu o olhei intrigada. Yugyeom e eu já dividimos a mesma cama algumas vezes, não era novidade alguma para mim.
— Não é como se nunca tivessemos dividido uma cama antes, Yugyeom.
— É diferente. — Ele levou a mão em meu ombro exposto, colocou seu polegar e fez círculos repetitivos. — Eu queria mais. Mais tempo para responder suas mensagens, escutar como foi seu dia, ver os vídeos e fotos que você manda, conversar por Skype até tarde — ele dizia pausadamente, sem parar de fazer círculos em meu ombro. — Queria mais de nós.
Jackson abriu a porta do quarto com força, fazendo um barulho enorme, me deixando tão assustada que pulei da cama.
— Uau, queria ser acordado assim, mas a primeira pessoa que vi foi um Mark enrolado em um lençol branco.
— Vamos comer? — Mudei de assunto brutalmente, Jackson não iria perder essa oportunidade, iria repetir isso até o fim da turnê.
— Que mudança de assunto tão repentina, você não é nada sútil. — Provocou.
— Quem não é sutil? — Um Bambam recém acordado apareceu na porta, todo descabelado, usando uma camisa amarela e um short preto cheio de símbolos das Relíquias da Morte. — Noona... — gritou quando me viu, correndo em minha direção — que bom ver você aqui. Afinal, o que está fazendo aqui?
— Vim alimentar vocês. — Passei a mão nos seus cabelos, enquanto ele estava agarrado em mim.
— Você pode desgrudar dela, Bambam. Parece uma preguiça pendurado desse jeito.
O ciúme dele era nítido, podia quase tocá-lo. A verdade era que Yugyeom nunca gostou da possibilidade de eu ter uma relação igual a nossa com outra pessoa, sempre disse que eu iria deixá-lo de lado se saísse achacesse amigos mais interessantes. Ele ficou um pouco chateado quando me aproximei bastante dos garotos, principalmente de Bambam, ele amava o amigo e a mim, mas nunca gostou da ideia de uma relação forte entre nós.
— O que é preguiça, fora a que estou sentindo? — perguntou Youngjae, escorando-se no Jackson.
— É um animal encontrado no Brasil, ele é bastante lento e vive pendurado em árvores do mesmo jeito que o Bambam está pendurado na Seohyun.
— Isso tudo é ciúmes? — Youngjae provocou.
— Ignorem o Yugyeom e venham comer. Trouxe a comida preferida de cada um de vocês.
Todos nós saímos, menos Yugyeom.
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friends? [ Kim Yugyeom ]
Fanfictionvocê está bem com apenas sermos amigos? todos os direitos reservados. {♡}