Narrado por Kim Yugyeom
A madrugada gélida de Paris me deixava inquieto e ansioso, sentia vontade de gritar para Seohyun que gostava dela, mas o medo emaranhado em mim, correndo por minhas veias, me impedia de fazer ou dizer algo.
Não esperava que ela me chamasse para dormir do mesmo jeito que não esperava dizer sim. Mas, lá estava eu, embriagado pelas palavras dela, batendo na porta do seu quarto, desejando vê-la mais que tudo. Eu queria gritar e beijá-la, como se nunca mais fossemos nos ver, queria que ela se sentisse do mesmo jeito.
Meu medo me congela, me paralisa. Ela dormiu tão rápido que nem pude pensar em dizer algo, então, resolvi a acompanhar no sono.
Acordei sonolento, não havia dormido quase nada, escutava alguns grunhidos vindos dela. A olhei, seu rosto reluzia de suor até que acordou.
— AH! — Ela gritou.
Perguntei se estava tudo bem e se era um pesadelo, ela me olhou, ainda atordoada, dizendo ser um sonho. Um sonho que a deixou suada? "Não brinca comigo, Seohyun!", pensei.
Acabamos não voltando a dormir, ela foi escovar os dentes e eu a acompanhei. Após conversas trocadas, eu a seguia até a varanda. Só conseguia pensar em beijá-la, talvez esse fosse o momento certo para fazê-lo e dizer a ela como me sinto. Vou estragar tudo, pensei. As ideias e possíveis finais para tudo isso iam e vinham na minha cabeça, minha mente parecia um tornado.
A virei para mim, observando-a com a paisagem de um amanhecer, o sol aparecendo pelas brechas da Torre Eiffel, tudo combinava com ela, tudo combinava com o momento. Até a Paris cinza ganha cor com ela, eu não acredito no quanto estou apaixonado, se eu não fizer nada agora, não faço nunca mais.
— Ultimamente, você é a pessoa que mais quero ver, acima de tudo. Eu poderia estar com a garota que fosse, mas iria correndo atrás de você, para qualquer coisa, caso pedisse. — Disse, tentando não parecer louco ou assustado, queria que ela me compreendesse e não fugisse, queria que fosse recíproco, queria mais ainda que tudo ficasse bem.
Ela me encarava, seus olhos vidrados em mim deixavam meu coração acelerado.
— Eu vou me aproximar e acabar com o espaço entre nós. — Eu disse, tentando não transparecer meu nervosismo. — Se você não quiser, apenas recue e vai ser como se nada tivesse acontecido.
Agora nossos corpos estavam colados, unidos um no outro, tão próximos que eu juro que poderia escutar seu sangue correr pelas suas veias, era assim estar apaixonado? Estava com medo de estragar tudo, mas ela não se moveu um centímetro para longe de mim, nos olhamos, seus olhos fecharam e eu a beijei.
Um beijo carinhoso, delicado, cheio de significados, meu coração queria sair do peito enquanto a beijava. Nossos lábios agora se movimentavam, se encaixavam e dançavam juntos, como se já tivéssemos feito aquilo diversas vezes. A puxei para mais perto, minha mão segurava a sua nuca, as mãos dela apertaram minhas costas suavemente, seu toque me arrepiava.
— Acho que não deveríamos ter cruzado a linha, Kim Yugyeom! — Ela disse, seu rosto estava vermelho.
— Então você estava bem com apenas sermos amigos, Seohyun?
Ela me olhou, revirou os olhos e entrou no quarto, colocou um cardigã e ignorou minha presença no local.
— Fala comigo, Seohyun! — Gritei.
— O que você quer que eu diga? — Ela disse, virando-se pra mim, sua voz parecia alterada. — Você me beija e quer que eu diga o quê, Yugyeom?
— Não sei, queria que você dissesse tudo, menos que não deveríamos ter cruzado a linha porque meu coração não aguenta mais ser partido e machucado desejando você! — Despejei.
Só me dei conta do que disse depois de olhá-la, um misto de decepção e incredulidade estavam em seu rosto, nunca havia visto essa expressão para algo que eu disse.
— E enquanto ao meu coração, Yugyeom? Você acha que só os seus sentimentos importam? Porque durante os anos que eu amei você, isso nunca foi um problema. Você não pode complicar as coisas assim.
— E por que você nunca me contou sobre isso? — Perguntei, incrédulo.
— Porque você estava bem com sua vida, com sua música, com as coisas que estava ganhando e com as garotas que você sempre se gabava para mim, eu te amava demais para acabar com tudo!
— E por que deixou que eu te beijasse? — Questionei, me sentindo o cara mais idiota do mundo.
— Porque eu gosto de você, Yugyeom! Mas, eu não posso perder você, posso me casar e perder o casamento, mas não sei o que faço se eu perder você!
— A gente não daria errado…
— Eu sou uma Lee, Yugyeom! As coisas com os Lee sempre dão errado. Você é a única coisa que não deu errado e quero manter isso por quanto tempo eu puder.
Passei as mãos no cabelo, com raiva.
— Seohyun, você acha que a sua vida dá errado por causa da sua família, mas é você quem estraga tudo! É você quem está fugindo disso, quem está me afastando, você poderia ter negado esse beijo, mas correspondeu e quis mais, me deixou com esperanças para depois destruir tudo com esse seu discurso de garota problemática dos Lee. Eu vou me forçar a esquecer tudo isso, espero que você faça o mesmo.
Peguei minhas coisas e me direcionei a porta, parei por alguns segundos e a olhei.
— Só não me procure quando perceber que fez a maior besteira da sua vida, porque eu não quero estar lá sabendo que você só precisa de mim quando não tem nem o chão sob seus pés.
Bati a porta do quarto.
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friends? [ Kim Yugyeom ]
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