5 - I'm here, Mommy.

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Sábado, 10:00am.

Me remexo na cama ao sentir o sol adentrar meu quarto. Abro meus olhos e os fecho instantaneamente por quase ficar cega com a luz que vinha da janela e por pouco de dor em minha cabeça. Levanto embrulhada no lençol pelo frio e fecho a cortina para voltar a dormir, mas meu plano nem começou e já deu errado. Minha mãe entrou no quarto, cuidadosamente, com uma bandeja com café da manhã.

— Olá, mãe. — Disse me jogando na cama. Ela se assustou levemente.

— Menina, eu achei que você estava dormindo, ia te fazer uma surpresa. - —Disse e eu ri.

— Mas hoje não tem nada de especial. Ou tem? — Perguntei.

— Não, não tem. Mas agora, fingi que está dormindo e só acorde quando eu deixar a bandeja no criado-mudo. —Falou antes de sair do quarto e fechar a porta antes de eu dizer que ela é maluca.

Me ajeitei na cama e não foi tão difícil fingir que estava dormindo, já que estava com sono. Mas em segundos, uma batida de porta me interrompeu. O rangido comprovou que minha mãe estava entrando. Passei um braço por baixo do travesseiro e uma mão afagou meu cabelo.

— Bom dia, meu amor! — Sua voz era baixa e parecia triste. Abri meus olhos e me estranhei ao ver sua feição de cansada, com algumas olheiras abaixo de seus olhos claros. Com toda a minha loucura de trabalho, me senti culpada por não ter tanto tempo para dedicar aos meus pais.

Sentei na cama e encostei minhas costas na cabeceira. 

— Eu que deveria estar levando isso na sua cama, mãe.— Disse ao ver ela se sentar ao meu lado e pegar uma de minhas mãos.

— Quando você era menor, você já fez muito isso com seu pai. Agora deixa eu retribuir. — Sorri e assenti ao lembrar do quanto ela ficava feliz ao ver a gente levando o seu café da manhã, junto com uma flor em minhas mãos de criança.

Comecei a comer uma torrada com geléia de amora - que estava uma delícia - pensando no que está acontecendo com minha mãe.

—Mãe, você está bem? — Perguntei com certa preocupação ao ver ela chorar. Rapidamente a abracei e senti seu corpo tremer com alguns soluços que escapavam de sua boca. Enconstei sua cabeça em meu ombro e mexi em seu cabelo. — Shii... Vai ficar tudo bem! — Disse sem ao menos saber o que estava se passando na vida dela.

— Não, não vai. Me desculpa, Kath. — Lamentou ao segurar meu rosto com suas mãos e olhar no fundo dos meus olhos. - Eu juro que não queria que isso acontecesse. - Enruguei as sobrancelhas.

Eu não sabia o que estava acontecendo, mas eu sentia a sua dor. Eu sentia meu coração se despedaçar ao ver minha mãe tão triste e para baixo, derramando lágrimas bem na minha frente. Isso é o pior de tudo. Vê ela chorar.

Mesmo não sabendo o que é, vou dar total apoio à ela. Sei que minha mãe já fez muito por mim e, afinal, o que custa retribuir?

— Isso o que, mamãe? — Ela negou com a cabeça e eu enxuguei suas lágrimas. — Pode me contar, estou aqui. — Disse carinhosa. 

Minha mãe me deu um sorriso fraco e passou aos mãos em meu rosto.

— Não quero que você saiba agora, não estou confortável para falar. — Sua voz era quase inaudível. — Obrigada por ser minha filha tão adorável. Eu te amo. — E assim, ela saiu do meu quarto e eu fiquei extasiada, sem saber o que fazer.

Me levantei e fui ao banheiro, vendo o quanto meu rosto estava com uma semblante não muito bom. Suspirei e comecei a escovar meu dentes. Quando acabei, desci correndo ao ouvir um carro estacionar na frente da casa. Vi meu pai entrar pela porta da frente, que dá de encontro na sala, e corri para lhe dar um abraço, que se assustou.

— O que está acontecendo com minha mãe, pai? Por favor, me conte. Eu preciso ajudá-la. — Disse com certa velocidade na voz. 

Ele me olhou e pegou em minha mão para se sentar no sofá.

— Eu preciso que você fique ao lado dela. Quero que cuide dela, como farei. Sua mãe precisa do nosso apoio. — Explicou, mas não falou o que eu queria.

— Mas o que está acontecendo? — Meu pai suspirou e se ajeitou no sofá desconfortável.

— Katherine... É difícil! — Praquejou.

— Também está sendo difícil para mim e eu nem sei o que está se passando. — Respondi.

— Uma hora ela irá te contar, afinal... Nós iremos te contar, mas só não será agora. — Assenti derrotada. — Comprei flores para ela, vamos levar? — Sugeriu mudando de assunto.

— Ok, vamos. — Nos levantamos e a flor desta vez, era uma rosa linda. Peguei ela em minhas mãos e meu pai preparou um café da manhã reforçado para minha mãe. — Ela ainda não comeu? — Ele negou. — Logo subimos e a ela não estava no quarto e sim no banheiro, vomitando. Meu pai correu para ajudá-la, antes deixando a bandeja na cama, e gritou para que eu ficasse fora do quarto quando eu ia ficar com minha mãe.

Fui para meu quarto, pois não aguentava ouvir os soluços de dor da minha mãe que atravessavam as paredes do quarto dela. Depois de um tempo, meu pai veio até mim.

— Ela está doente, não, é? — Falei e senti meus olhos marejarem ao ver ele afirmar.

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