QUATRO: "Bonjour, 'senhorrita'"

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A casa de Mirella há muito havia sumido do seu campo de visão. Depois de uma corrida cansativa para longe, agora caminhava em passos calmos, ao lado do Duque Maxwell Ryvera. E sobre o silêncio que pairava sobre os dois, começou a repara-lo. Reparou em seu cabelo castanho-escuro, em como os finos fios lisos cobriam sua testa. Ela viu seus olhos quando o mesmo a encarou, seu olhar era rígido, porém tinha um fraco tom de violeta.

Ele sorri.

- Por que está me olhando assim? Estou começando a ficar demasiadamente constrangido, senhorita.

Ela desvia o olhar para os pés, com vergonha.

- Oh, desculpe-me, senhor. É que... – Perguntou a primeira coisa que veio em sua mente. – O senhor estava na festa de casamento da minha prima. Por acaso a conhece ou conhece lorde Bryan?

- Na verdade, não conheço nem um nem outro.

Evangeline o olhou, confusa.

- Lembra que eu disse a senhorita que vim a trabalho? – Ela faz que sim. – Vim como mensageiro de sua prima Ana Mary. Ela foi convidada para a festa, mas teve alguns imprevistos e não pôde vir.

- E por que Ana simplesmente não mandou uma carta?

- Ah, por favor, senhorita, não dificulte as coisas.

Ela corou. Mas olhou para o rapaz ao seu lado quando o mesmo começou a rir.

- Desculpe-me. – Pediu ele. – O que quero dizer é: quando vi que Ana Mary não viria para a festa, eu mesmo me ofereci para mandar a mensagem.

- E por que vir de tão longe para entregar uma simples mensagem? – Será que estava sendo intrometida demais?

- Odeio meus irmãos. – Respondeu Duque Maxwell com severidade agora. – São uns bandos de preguiçosos que só ligam para jogatinas e bebidas. Então, todo o serviço que temos na propriedade cai nas minhas costas. E eu estava ficando cansado. Então vi uma oportunidade para ir para longe, pelo menos por um tempo, e cá estou.

Evangeline sorriu sem mostrar os dentes.

- Muito inteligente de sua parte, senhor.

Ela o ouviu sorrir do seu lado, mas nada disse. Depois disso outro silêncio caiu, mas não pararam. Os passos ainda eram lentos, porém firmes sobre o solo. O vestido longo que usava não ajudava em nada, e seus pés a estavam matando.

- O senhor, Duque, disse que a noite não estava muito boa. – Resolveu quebrar o silêncio. – Por quê?

É. Estava sendo intrometida. Mas não ligava. Era melhor que ficar em silêncio.

- Assim que dei meu recado de Ana Mary para Mirella, ela disse que eu poderia ficar para a festa e aproveitar. Mas não conhecia ninguém. Estava solitário. Então comecei a andar pela casa e achei um piano.

- Adoro piano. – Cantarolou, e se arrependeu. Será que ele acharia que aquilo era um flerte?

Os passos do Duque cessaram, e Eva parou ao seu lado.

- Está vendo aquele lugar? – Ele apontou para uma construção de madeira velha que continha dois andares e parecia um tipo de taverna. – É a estalagem onde estou hospedado.

A estalagem estava pouco mais que 150 metros de distância, e as luzes das velas tremeluzentes que vinham de dentro do local pareciam assustadoras em meio à noite que fluía sobre Evangeline.

Maxwell, o Duque, começou a andar novamente, em direção ao local onde estava hospedado. Evangeline tirou os sapatos que a estavam matando e levantou a barra do vestido e seguiu o rapaz.

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