TRINTA E TRÊS: "Trancafiada... De novo"

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Antes mesmo de seus olhos se abrirem, Evangeline já conseguia sentir a pele ardendo e esfolada por ter saltado de uma carruagem em alta velocidade. Ela gemeu quando abriu os olhos por completo, porque o movimento fez sua cabeça dar voltas.

Uma silhueta estava parada diante da cama em que estava, o que a fez pular de susto. A pessoa parada ali era um homem, tinha certeza disso por causa de seu porte forte e do terno que usava. Ele estava com as pernas cruzadas e apoiava as mãos em uma bengala adornada em frente ao corpo. Seu rosto estava completamente tapado pela aba da cartola. Entretanto, dava para ver o pequeno sorriso que alargava as laterais da boca. Boca esta que Eva já foi bastante familiarizada. Boca esta em que já tocara com a sua própria, beijando aqueles lábios intensamente.

As lembranças fizeram seu estômago dar voltas e bile subir pela garganta.

Eva não soube se gritava de medo ou de pavor quando percebeu que o homem diante da cama era...

- Maxwell... – O nome saiu em um sussurro amedrontado.

O sorriso sob a aba da cartola se alargou com a menção do nome, então ele levantou o rosto.

Todos os detalhes.... Extremamente todos os detalhes daquela face – os olhos rígidos e claros, com aquele leve toque de violeta, as sobrancelhas que quase se juntavam, as maçãs do rosto, a mandíbula – fez com que um arrepio de pavor percorresse suas entranhas. Foi como se aqueles sete meses que estivera longe dele não tivesse acontecido, e estava novamente trancafiada na torre.

Maxwell tirou a cartola, e os cabelos mais cumpridos desde a última vez que o vira caiu sobre o rosto.

- Então a senhorita ainda se lembra de mim. – Ele comentou, sorrindo.

A raiva estava fervendo dentro da moça, como um ponto de ebulição. Ela queria tanto arrancar aquele sorrisinho cínico dos lábios dele com as próprias unhas.

- Como se esquecer depois de todas as atrocidades que você me causou? Por que não me deixar em paz, Maxwell? – Ela explodiu. – Eu estava prestes a me casar. Estava prestes a encontrar a minha felicidade, mas como sempre, você, como o demônio que é, apareceu para estragar tudo. – Lágrimas jorraram quando pensou em como Kevison devia estar.

O sorriso dele pareceu vacilar, mas continuou ali.

- Como tem coragem de me pedir para deixa-la em paz? Por acaso sabe se nesses sete meses que fiquei longe de você, eu fiquei em paz? – A voz de Maxwell tomou um tom emocional.

- Eu não me importo! Nem por isso você tinha o direito de acabar com a minha vida! Será que não basta o que já fez? Será que não basta já ter tirado pessoas que eram importantes para mim da minha vida? Coloque-se no meu lugar, Maxwell! Será que não tem um pingo sequer de empatia?

A maior raiva de Evangeline é que mesmo depois de dizer tudo aquilo com a intenção de atingi-lo de alguma forma, ele ainda parecia impenetrável, como se não ligasse para nada.

- Pode dizer o que quiser, Evangeline. Diga que sou um monstro, um demônio... Que seja! Mas minha mãe ensinou-me uma lição tão importante que levei para a vida toda. – A voz dele mudou, como se estivesse imitando sua mãe. – Uma pessoa nunca deve desistir do seu amor.

O quê? Era baboseira demais para ela abrir a boca e discutir com o idiota e ignorante que era Maxwell Ryvera. Todavia, estava tão furiosa que não conseguiu se conter.

- Ou você é muito ignorante ou é um burro mesmo! – Vociferou, deixando-se ser dominada pela raiva. – De todo modo, não irei perder saliva com pessoas como você. Só quero que entenda uma coisa. EU. NÃO. TE. AMO. – Ela disse pausadamente, gritando. – E nunca vou te amar, Maxwell. Mesmo que você me mate. Sou incapaz de amar um monstro como você. Kevison é quem eu realmente amo.

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