02º - n o v e m b r o

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M E S E S D E P O I S

Tem uma frase de Charles Bukowski que apesar de não ser a melhor que já li, se encaixa muito com o que vivi e com o que eu quero viver.

"Não há nada que ensine mais do que se reorganizar depois do fracasso e seguir em frente"

É isso que preciso fazer, a vida tem seus males, mas isso não é motivo para não vive-la, graças a Deus tenho muitos ao meu redor me apoiando. Miguel, um deles, é um anjo e eu o amo tanto, ele está fazendo de tudo para me ajudar nas recaídas e eu sou grata,mas as vezes isso não é suficiente para meu passado voltar a me atormentar e mais uma vez eu me deixar levar.

A verdade é que por um tempo eu deixei de lutar, tinha chegado a conclusão de que se tudo aconteceu, era um claro sinal de que não era para eu ser feliz, mas percebi que não tinha tido somente coisas ruins na minha vida e isso me deu uma carga de força para continuar.

Vitória e Lia, amigas irmãs, também não me deixam sozinha nem por um minuto.

Nesse momento estou com Vic e Lia no quarto prestes a fazer a maior besteira da minha vida.

- Tem certeza?- Vitória me perguntou.

- O que você quer fazer nessa juba?

- Estou pensado em deixar curto. No ombro.

- Então vamos.

Deixei meu cabelo nas mãos do meu cabeleireiro, que fez o corte e que fez ficar lindo.

Em casa foi a maior alegria e festa. Claro, só os mais próximos.

- Em que você está pensando?- Miguel virou para mim, baixando o volume da televisão onde assistíamos Grey's Anatomy.

- Em nada... Você gostou do meu cabelo? - mexi no pequeno rabo de cavalo.

- Gostei. Dá pra eu ver melhor seu pescoço agora. - ele deu uma pequena mordida me fazendo rir. - Você já mandou as cartas de recomendação para as faculdades? - ele acariciou minhas bochechas.

- Mandei. Mas mandei principalmente a daqui da cidade. - bocejei já querendo dormir. - Como você decidiu sua faculdade?

- Eu era muito inteligente, sem querer me gabar. - ele tocou nos cabelos, já longo. - A professora de matemática me odiava, porquê eu era muito bom. Hoje em dia eu faço engenharia civil, que tem cálculos na maioria da parte. Não foi tão difícil. Estava perto da minha família então...

- Acho que se me aceitarem...

- Vão aceitar.

- Eu vou fazer aqui na cidade. Lá tem várias festas, huh? - ele me deu um beijo casto nos lábios me fazendo gargalhar.

- Hm. Vamos continuar assistindo Grey's que é melhor, né Vitória? - ele gritou pela irmã.

Vitória que estava do meu outro lado, quase dormindo, assentiu.

- Vocês em vez de assistir ficam de grude. Daqui a pouco eu vou embora de vez. E a Lia vai comigo.

- E eu vou mesmo. - Lia gritou no colchão no chão.

Hoje era a noite das meninas, mas o Miguel quis ficar um pouco comigo, e eu aceitei sem pestanejar. Ele vai embora daqui a pouco, eu prometi as meninas que iríamos ter um dia apenas nosso, mas se ele continuar abusando da sorte vai embora agora mesmo.

- Se quiserem ir, vão. Assim eu tenho Mila só para mim. -ele me abraçou. Vitória pulou em cima de nós ficando no meio.

- Ela vai conosco também.

- E eu também. - os dois começaram a repetir a mesma coisa. Vai, não vai.

- Tchau Miguel. Está na hora de você ir. - Lia e Vitória, o empurraram até a porta que sussurrou um "Eu te amo" antes das duas bateram a porta na cara dele.

- Até que enfim. Vocês são lindos juntos e toda aquela baboseira que amiga fala, mas vocês precisam conhecer a palavra limites. - Lia deitou ao meu lado.

Vitória se jogou ao meu outro lado. Nós três suspiramos ao mesmo tempo.

- Deixe vocês começarem a namorar que eu vou zoar vocês também. - peguei meu celular e discretamente mandei: "Eu te amo" para Miguel.

- Milena Cross Swarmed. - Lia gritou no meu pé do ouvido.

- Swarmed Cross - murmurei, corrigindo.

- Você está falando com o seu namorado de novo?-Vitória gritou quando viu que eu mandei uma mensagem para ele.

- Eu só ia dar um boa noite. - eu gritei, sorrindo.

- Que iria virar bom dia. - Lia gritou jogando um travesseiro em minha cara.

Joguei outra almofada nela.

Vitória gritou e eu e Lia nós entreolhamos pensando a mesma coisa.

- Guerra de travesseiro nela! - Gritamos.

- Hm. Se eu pedir para vocês não gritarem, vocês parariam? - Britten falou abrindo a porta.

- Não.

- Vale a pena tentar. - e saiu bufando enquanto nós ríamos e continuávamos a jogar os travesseiros uma nas outros.

Senti a paz me contemplar, mesmo em um momento agitado. Acho que agora eu estou completa.

Nós nos cansamos e jogamos nossos corpos na cama, exaustas.

Agora eu estou completa.



O Amor Que Nos SepareOnde histórias criam vida. Descubra agora