A primeira coisa que pensei antes de acordar, totalmente, foi: hoje o dia vai ser maravilhoso. Fui irônica comigo mesma. Naquela manhã eu estava sem ânimo pra nada, fiquei calada todo o café da manhã, enquanto meus pais me olhavam, desconfiados.
Entrei na escola com o pé direito, pode parecer idiota, mas o que custa tentar deixar o azar de lado pelo menos no primeiro dia de aula? Peguei meus horários na secretária, a chave do armário, módulos , e os horários da ginástica. Organizei meu armário e vi que todos passavam no corredor com pressa para não perder suas aulas.
Chego na sala e o professor não tinha entrado ainda, suspirei, criando coragem e entrei. Todos estavam conversando em cima das mesas, no chão, sentados. Era impossível ver uma cadeira vazia no meio, quando achei uma, corri para pega-la antes que alguém fizesse.
- Ah. -Uma menina pareceu ter o mesmo pensamento que eu, pois se decepcionou ao me ver sentando na cadeira que por hora, poderia ser dela.
-Se você quiser eu posso ficar naquela cadeira ali no fundo. - apontei, já pegando minhas coisas e indo para a tal cadeira.
O professor adentrou na sala no momento em que sentei.
- Bom, alunos da casa já sabem quem eu sou e como eu sou. Para alunos novos, eu sou o professor Fernandes, de Biologia. Não conversem ou tentem fazer piada. -Ele deu um sorriso discreto e se voltou para escrever algo no quadro.
Ninguém tentou nada, mas como sempre, todo turma tem seu engraçadinho, e alguém fez continuou conversando. O professor fingiu que não escutou e continuou a aula. Esse alguém eu já sabia quem era, pega todas, não liga pra ninguém. Tipicamente, bonito, audacioso, vaidoso, malicioso, antipático. Sempre.
Ele percebeu que alguém estava o olhando e olhou para os lados para achar a pessoa, isto é, eu. No momento em que ele virou para mim, me virei para o quadro e fingir não ver nada.
Peguei meu caderno e tentei escrever ou me concentrar no que o professor explicava, mas a ideia de que eu era novata e não conhecer ninguém, me deixava totalmente aflita.
Observei a ampla sala e vi de cara algumas panelinhas, dos nerds, dos populares, dos normais e dos alunos novos. Com quem eu iria conversar? Ninguém, desabar ou até perguntar algo, ninguém.
O sinal bateu longamente, fazendo eu sair dos meus devaneios. Catei minhas coisas, mas antes pus meu casaco e sai da sala.
- Ei - Uma voz me chamou a atenção.
- Ah, oi - Era a mesma menina que queria pegar a mesma carteira que eu.
- Eu esqueci de te agradecer.
Eu a interrompi.
-Pelo que? - Ri, mesmo tendo nenhuma graça.
- Pela cadeira, sabe, ninguém nunca fez isso por mim. Todos esses anos aqui.
-Tem muito tempo?
- Onde? - ela sorriu com minha curiosidade.
- Aqui na escola.
- 2 malditos anos. - bufou, revirando os olhos. -Enfim, obrigada.
- Por nada.
- Bom, a gente se vê por ai? - ela apontou para os corredores atrás de mim.
- Sim, claro.
E nós acenamos e fomos cada uma por um lado do corredor.
E quando eu saí da escola, quando todas as aulas haviam acabado, senti um alívio tomar conta de mim. Tudo tinha ido bem.
Até agora.
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O Amor Que Nos Separe
Novela Juvenil1° postagem: 1° de junho Essa é a história de Milena, a qual passou por situações difíceis e não sabe o que fazer quando volta a sua antiga escola. Ninguém sabe, mas ela é filha dos donos da Swarmed, uma empresa enorme que é praticamente um banco...