15º - j u n h o

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Em quem confiar? Eu tenho em quem confiar? Eu tenho meus pais, meu irmão... Em quem mais? Será que todos são confiáveis?

Será que todo com quem eu falo são realmente as pessoas que eu acho que são? As pessoas são hipócritas. Fingem ser quem não são para fazer coisas para destruir os outros.

Isso pode ser verdade. Duas pessoas podem guardar um segredo, mas se essa pessoa não for a certa? Você pode confiar? Eis a questão. Em quem eu posso jurar fidelidade? Em quem eu posso confiar de olhos fechados sem ser minha família.

Aqui estou eu, recebendo uma gororoba na boca. Britten está me dando comida, como se fosse normal. Estamos em uma casa desconhecida, presos, e ele normal. Como se a gente estivesse brincando de casinha amaldiçoada.

- Sério? Você vai fingir que nada disso esta acontecendo, Britten?- Ele parou a colher a alguns centímetros da minha boca. Ele se encosta a parede e olha pra mim.

- Sim. Eu vou fingir. Melhor do que ver a realidade. - ele bagunçou os cabelos e relaxou os ombros cansados. - Você acha que eu queria estar aqui? Eu passei três anos da minha vida correndo de tudo. Agora que eu voltei, poderia estar com minha família, mas não. Estou nessa merda. Eu não queria estar aqui. - ele pareceu mais cansando que o normal.

- Eu também não queria estar aqui. Olha o meu estado. Eu tenho mais hematomas do que nossas férias na fazenda da vovó.

Faz dois dias que estamos aqui e não tenho nenhuma notícia sobre minha mãe ou meu pai. Eu fico praticamente nesse quarto com Britten e nós tínhamos alguns minutos para conversar apenas.

A porta se abriu em um estrondo. Dois capangas junto a duas mulheres, Paula e Emily, mãe do Carlos Euzênio apareceram fechando a porta com um chute só. Elas já tinham aparecido ontem, mas só para ver se eu estava "bem acomodada".

- Já está virando costume, né? Daqui a pouco vai ter que comprar uma porta nova. - Eu falei e Britten segurou a risada com uma tosse forçada.

- Você acha que eu estou brincando?- Emily falou com Paula ao lado.

Britten pousou a mão em minha perna pedindo silenciosamente para eu não dizer nada.

- É. Eu acho que ela está brincando, Emily. Eu posso calar se você quiser. - Paula se fez presente.

- Desculpa, docinho. Eu tenho namorado! - Ironizei para ela.

- Tire a corda da mão dela, Bruno. - Emily pediu.

- É Britten.

- Tanto faz, nenhum deles me faz diferença.

Britten suspirou e jogou a cabeça para trás.

Ele tirou a corda das minhas mãos e eu vi o estado que elas estavam. Minha palma estava seca e ressecada e meus pulsos estavam em um vermelho intenso.

- Seu namorado fez uma surpresa para você. Olhe. Foi até mesquinho.

Ela me deu o celular e me mostrou uma foto que estava eu e Miguel abraçados um ao outro. Fiquei surpresa e eu não consegui acreditar naquilo. Forcei para as lágrimas não desceram à tona.

- Ele postou isso? - perguntei lendo os comentários com algumas lágrimas nos olhos.

- Ele postou. Que tal nos fazermos uma surpresinha pra ele também?

- Que tipo... - limpei a garganta - Que tipo de surpresa?

- Você vai ligar pra ele e vai dizer que é pra colocar 25 milhões de dólares nessa conta que eu vou escrever para você. Como recompensa você vai poder ter 5 minutos conversando com quem quiser.

O Amor Que Nos SepareOnde histórias criam vida. Descubra agora