A professora substituta é maluca. Disso eu tenho certeza. Ela ficou rodeando a bancada em que eu e Lia, estávamos sentadas. Lia não ficou calada, óbvio, fez piada com a professora e piada sobre ela está nos cercando.- Eu vou denunciar essa professora. Afrontosa ela. Não fizemos nada e ela está que nem um pinto na lata do lixo, toda hora nos rodeando. Eu hein. - Falou e riu. A mulher que estava dando a aula veio até a nós.
- Qual motivo da graça, senhoritas? Posso saber? - Ela falou, apertando os olhos.
- Saber, a senhora pode. Querer, mas acho que não vai querer não. - Lia não perdeu o momento.
Eu revirei os olhos, batendo a mão na testa.
Eu não sou cúmplice disso.
A professora fez o mesmo que eu, mas continuou dando aula. E que aula demorada foi essa, os minutos pareciam estar passando bem lentamente. Pareceu que os minutos viraram horas.
- Liga pra sua mãe agora. - ela falou, me lembrando do compromisso para mais tarde.
Peguei meu telefone e percebi que tinha três chamadas perdidas dela. Retornei.
- Mãe?
- Oi.
- Eu tinha esquecido de perguntar, mas a equipe tem treino até mais tarde hoje, e como eu já faltei muitas aulas, eu não posso perder esse, né? E vai ser para uma apresentação aqui da escola. - Pisquei o olho pra Lia, em confirmação.
Ela ficou muda por alguns segundos.
- 16:00 esteja em casa. Não. Esqueça. Eu vou resolver com seu pai aqui.
- Certo. Beijo! - E desliguei.
- Ela deixou com tanta facilidade que eu me assustei. - Falei pra Lia que mantinha os olhos fixos num ponto.
- Precisamos falar com a treinadora.
- Falamos isso depois. Vamos comer, eu estou com fome. Muita.
- Eu também. Eu tô com uma vontade de comer comida...
- Ah! Nossa. Não sabia! Pensei que queria comer uma cadeira. - ironizei e ela gargalhou.
- Idiota. Claro que eu vou comer uma cadeira, sabe?
- É gostoso?
- Sim! Tem um gosto de molho amadeirado incrível.
Eu ri e minha mão cercou minha barriga tentando-a fazê-la parar de roncar.
- Mais o quê?
- Ah, sei lá. Qualquer coisa te levo pra comer lá em casa.
- Tá brincando, né?
Ela olhou sério pra mim.
- Tenho cara de palhaço?
Rimos mais uma vez e fomos encontrar o pessoal. Lia deu Oi para todos que reciprocamente responderam. Menos Vitória. Lancei um olhar atravessado pra ela que deu de ombros. Ainda me deu língua.
Logo depois, Lia foi embora.
- Não gosto dela.
Paula, que comia, perguntou:
- Por quê? Ela parece ser legal. - falou revirando os olhos.
- E é. Vitória que tem essa mania de falar dos outros sem saber.
- Você também, Milena. - Ela começou a ficar brava, então peguei mais leve.
- Não tanto quanto você, meu anjo.
Abracei-a , que se afastou.
- Sai de perto. Não quero ninguém na minha cola.
O recreio acabou minutos depois e fomos para aula. Que demorou um século para acabar, mas quando deu o horário, eu já estava cansada.
Paula, que estava ao nosso lado riu, mas Bernardo chegou e ela foi falar com ele.
Casal...
- Vitória? Está com ciúmes?
- De quem?
- De Lia.
Ela olhou pra mim, debochando da minha pergunta.
- Não. Rá! Eu?
Assenti.
- Você com ciúmes. - Falei, puxando seu braço.
- Com ciúmes? Ah tá. Ora bolas. Macacos me mordam, viu Milena!
Eu gargalhei, muito!
- Onde você aprendeu isso, menina? Palavras de baixo calão. Olha esse palavriado, viu? - Entrei na onda dela.
Paula se juntou a nós mais uma vez.
- Que foi, gente? Vocês estão gritando. Ben se assustou.
Vitória me olhou, com cara de malicia.
- Ui, cara de fuinha tá na pegada com o Bernardo, né?
Nós três, rimos.
- Para de ser bocó, Vitória.
- Bocó nada. Vocês vão ver. Um dia - Ela chegou perto, e sussurrou. - vocês vão se pegar que nem dois condenados.
Paula deu tapa no braço dela.
- Eu hein, Vitória. Já se viu uma conversa dessa, Milena?
Dei de ombros.
- Eu concordo com a Vi.
Ela segurou um olhar raivoso para mim.
- Duas, bobocas, - soletrou. - bobocas vocês.
E Paula saiu, mas para o descontentamento de Vitória, Lia chegou.
- Ih, chegou quem não devia. - murmurou ao meu lado.
Lia fingiu que não escutou.
- Está na hora do treino. Vamos?
- Vai não. Fica comigo. - Vitória pediu.
- Não posso. Tenho que ir treinar.
Dei uma bagunçada em seu cabelo e quando saímos Lia falou.
- Pelo menos você não é sedentária como ela.
Bati a mão na testa.
- Vocês ainda vão virar amigas.
Ela me encarou, zangada. Mas nem assim ela ficava séria.
- Ah tá. Nem vem que não tem.
Revirei os olhos e prometi a mim mesma: elas vão virar amigas.
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O Amor Que Nos Separe
Fiksi Remaja1° postagem: 1° de junho Essa é a história de Milena, a qual passou por situações difíceis e não sabe o que fazer quando volta a sua antiga escola. Ninguém sabe, mas ela é filha dos donos da Swarmed, uma empresa enorme que é praticamente um banco...