Amor sem fronteiras

Capítulo 2

A noite passou lenta como uma lesma, minha ansiedade era tanta que até nos meus sonhos eu contava os segundos para que aquele dia se iniciasse. Acordei sorridente, e o que antes seria um dia tedioso de aula e logo após solidão dentro de meu quarto, se tornou um dia cheio de brilho e alegria, meu pensamento me lembrava de forma constante que eu veria ''ele'', todos os vislumbres de qualquer possibilidade daquele dia me levavam apenas a ele.

Minha animação tomou conta de mim por completo, até nos trajes escolares eu caprichei, mesmo sem finalidade alguma. Meus pais se impressionaram com a alegria que fluía de mim naquele dia, e mamãe insistiu em descobrir o que estava acontecendo, porém, não abri o bico.

Na escola, notei olhares sobre mim, olhares curiosos, impressionados, e ao que me pareceu, até invejosos. O professor elogiou-me, dizendo que eu parecia a mais bela flor de um jardim, o que sinceramente achei para lá de clichê, mas agradeci o elogio e fiquei feliz com sua doçura. As aulas não me pareceram tão tediosas como de costume, meu desespero era apenas o tempo, que passava lento e demorado, pareciam-se mais anos que só míseros segundos. Saltei de excitação ao toque de fim de aula, na saída da escola recebi mais um elogio, desta vez vindo de um dos garotos que falava mal de mim, quem diria que uma mudança de roupas afetaria o modo de tratamento das pessoas comigo.

Em casa o tempo continuou me pregando peças, não acelerava de modo algum, já estava impaciente quando olhei para o relógio e vi que eram 14:15 da tarde. Me arrumei um pouco mais às pressas do que o necessário. Às 14:45 desci as escadas, estava com um vestido confortável, com uma estampa de primavera, que ia até a altura de meus joelhos, uma sandália sem salto, uma maquiagem leve no rosto, e um sorriso enorme nos lábios. Minha mãe abriu a boca em um ''O'' perfeito ao me ver, falou milhares de vezes que eu estava linda, e perguntou para onde eu iria, contei-lhe tudo rapidamente e ela sorriu ao ver a alegria com que eu contava a história toda, por fim mandou-me apressar para ir ao encontro dele e me avisou para não chegar tarde.

Como minha casa ficava próxima à praia, pouco depois eu estava sentada à beira-mar esperando pacientemente quando ele surgiu, mais belo que um anjo, com um sorriso doce no rosto, vestido de acordo com a estação e com nosso encontro. Ao me ver adiantou-se nos passos até me alcançar.

– Você está incrivelmente perfeita nesse vestido.

– Obrigada - sentir meu rosto queimar em brasa de vergonha - e você está tão lindo quanto quando atropelei seu dedo.

Rimos de meu comentário e antes que nos sentássemos ele me abraçou ternamente, e ao afastar-se, depositou um leve beijo em minha bochecha, que me fez sorri, totalmente sem graça. Sentados naquele banco conversamos sobre vários assuntos aleatórios, sempre com um comentário cômico aqui e ali, rimos de nós mesmos diversas vezes, e contamos um pouco de nossas vidas pessoais. Quando o sol começou a se pôr, Matheus propôs que caminhássemos na areia macia.

Com um pôr-do-sol incrível que estava acontecendo atrás de nós, Matheus me parou próximo ao mar, as ondas batiam em meus pés descalços e o vento bagunçava meus cabelos castanhos.

– Se arrepende?

– De que, exatamente? - indaguei confusa.

– Desse dia, de ter vindo me ver.

– Esse dia não poderia ter sido mais perfeito para mim, Matheus, pensei que teria notado isso depois de conhecer minha história.

– Eu sei, mas nunca é demais perguntar, principalmente quando se quer fazer o que estou prestes à fazer.

Ele sorriu timidamente, suas mãos que antes estavam ocupadas com suas sandálias rapidamente encontraram meu rosto, seus olhos hipnotizaram os meus, o cheiro de seu perfume me amoleceu, e eu fiquei totalmente sob seu controle.