Capítulo 11

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Acordei naquele sábado morrendo de dores nas costas. Ainda eram 07:00 quando abri meus olhos devido à claridade que entrava pela janela de vidro, anunciando mais um lindo dia ensolarado.

"Mas que droga, estou cansada!" foi o único que consegui pensar, mas não adiantava reclamar, não é mesmo? Estiquei meus braços e pernas o máximo que pude, joguei a coberta de lado e me sentei, colocando meus pés no piso e sentindo sua temperatura, até fria.

- Mais um dia... - Sussurrei suspirando e me levantando.

Eu queria poder dizer que não vou cair naquela dura rotina de dona de casa: lavar, passar, cozinhar, arrumar tudo, etc, etc, etc, mas, infelizmente, é impossível. Agora, além de ter que cuidar do Gabriel, preciso ficar de olho no Anderson que está debilitado.

Vou até a porta do quarto após realizar meu asseio matinal e olho lá dentro com cuidado, tendo a imagem que, de certa forma, me enternece. Anderson estava deitado de barriga para cima e, estirado sobre seu braço esquerdo, vejo nosso pequeno, agarrado com seu bichinho de pelúcia. Ambos dormem serenamente, o que é, de certa forma, bonito.

Sorri diante dessa cena e fechei a porta. "Podia ser assim sempre, mas é tão complicado" é o que penso. Suspiro, passando as mãos pelos cabelos e vou pelas minhas coisas, afinal, querendo ou não, eu preciso cuidar dos dois.

A manhã passa rapidamente, dando indício que será um final de semana ligeiro – ainda bem. Quando Anderson se levantou, já era quase 11:00, o que me deu uma mostra que ele não havia mudado tanto assim, ou melhor, não havia mudado nada, pois em outros casos ele teria acordado mais cedo.

Como o dia passou? Comigo dando uma de dona de casa. Anderson, com aquela cara de cachorro que caiu do caminhão da mudança, dizendo que queria me ajudar, coisa que ele nunca fez, e Gabriel, coitadinho do meu filho, nem tem culpa das coisas que estão acontecendo, agarrado ao pai.

Quando a noite chegou, eu me sentia cansada e um pouco desanimada. Tomei um banho enquanto Gabriel e Anderson estavam na sala, assistindo a um filme de animação, coloquei minha roupa mais ralé – queria ficar desarrumada mesmo, não tinha ninguém para me ver – e pedi um lanche para a gente comer. "Não quero me matar na cozinha."

Estava no quarto, arrumando algumas coisas no guarda-roupa, quando meu celular tocou, numa chamada de Plínio.


- Alô, mano.

- E aí mocinha... pronta para amanhã? - Plínio alegremente falou, me fazendo levar a mão a cabeça. Fiquei tão ocupada durante o dia que havia esquecido que íamos a praia.

- Aí Jesus! Eu tinha esquecido... - Respondi alarmada.

- Como assim esqueceu, Paola? Estamos combinando isso têm dias...

- Eu sei... eu sei... é que... - Tentei me explicar, mas não tinha explicação ou desculpas. - Desculpa!

Ouvi-o suspirando do outro lado da linha. Meu irmão é um amor de pessoa, mas não combina nada com ele e desmarca não, pois ele vai declarar guerra.

- Vou correr na venda de baixo para comprar algumas coisas para levar... vou deixar o Anderson aqui e... - Tentei falar, mas fui cortada.

- Como é?! O imprestável tá aí?! Na sua casa?! - Meu irmão perguntou. Só pelo tom de voz, eu já sabia que ele não tinha gostado da novidade.

- Está sim... ele quebrou a perna e precisa de repouso até melhorar, então trouxe ele para cá.

- Você só pode estar brincando! Paola, esse cara é 71. - Plínio falou revoltado.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora