Eu estava flutuando, meu dia não poderia ter sido mais perfeito. Fernanda é uma pessoa maravilhosa, encantadora em todos os sentidos.
Conseguimos conversar, nos amamos e ainda mostrei para ela várias fotos de Gabriel que eu tenho no celular. Ela achou ele muito parecido comigo e, devo admitir, ele é minha cópia – ainda bem, pois se tivesse puxado o pai... deixa pra lá.
Estou voltando para casa sentindo meu corpo leve e minha alma livre. Estranho falar isso, mas é a mais pura verdade. Falar sobre meus sentimentos com ela e ter o retorno deles, foi algo que... nem sei explicar direito, foi espetacular.
- Eiii... tá dormindo mulher! - Isabel perguntou me dando um baita susto.
Eu estava de pé em frente ao portão da minha casa, igual uma árvore, rememorando os momentos que vivi ao lado de Fernanda e, pelo visto, estava fazendo cara de boba.
- Desculpa... estava viajando aqui. - Respondi encabulada por ter sido pega no flagrar.
- Deve ser A VIAGEM, para tá com essa cara de quem comeu doce. - Isabel falou rindo da minha cara e, com certeza, estou vermelha. Sinto meu rosto quente. - Me conta... o que aconteceu para essa cara de boba que tu tá fazendo?
Engoli em seco, realmente, não sei o que falar com ela. Isabel é minha melhor amiga, uma irmã, mas, não me sinto à vontade de falar com ela sobre meu "relacionamento" com Fernanda. Eu sei que ela demostrou ter a cabeça aberta, mas, vamos concordar, ela ainda é irmã de Anderson e ninguém começa um relacionamento do dia para a noite, ela desconfiaria que eu tinha algo antes. "Melhor esconder isso, pelo menos por enquanto."
- Não é nada... só tive um dia bom no trabalho e... - Respirei fundo buscando uma desculpa coerente.
- E?! - Ela "pressionou" rindo de forma debochada.
- Encontrei um lugar pra morar. - Falei apressadamente, lembrando da casa que meu irmão conseguiu para mim e meu filho.
Ao me ouvir, Isabel logo fechou o semblante, mostrando tristeza. Eu sabia que ela não queria que eu fosse embora dali, mas eu não tinha motivos para permanecer na casa dela, pelo menos não me sentiria confortável ficando ali enquanto o irmão dela estivesse morando sabe-se lá onde. Além de eu querer construir algo novo e ficar naquele lugar me remontaria lembranças que não queria ter.
- Você vai embora mesmo? - Perguntou triste.
- Vou sim... - Respondi num tom triste também, afinal, querendo ou não, ali eu tinha ela e sentiria falta de sua companhia. - Eu preciso começar algo novo e ficar aqui não me deixaria confortável. - Expliquei e a vi suspirar.
- É... eu sei. - Olhou-me com carinho, como sempre me olhava quando eu tinha algum problema ou quando ia me dar um conselho. - Não queria que você fosse, mas, eu sei que é complicado ficar aqui. - Falou compreensiva.
- Eu também queria, mas não é correto. - Falei segurando suas mãos. - Mas vou vir te visitar sempre e minha casa sempre estará de portas abertas para você e o Lauro. - Disse e ela sorriu, vindo me dar um abraço.
Estava uma cena curiosa e engraçada. Nós duas, de pé fora do portão, trocando um abraço apertado enquanto as pessoas passavam observando.
- Digo o mesmo... nossa casa sempre estará de portas abertas para vocês. - Falou se afastando do abraço. - Quando pretende mudar?
- O mais rápido possível, só estou esperando o contrato de locação ficar pronto pra assinar e ir. - Expliquei. - Segundo Plínio me disse, acho que quarta já vai tá tudo certo e eu vou pegar as chaves.
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Sombras do Desejo (Romance Lésbico)
RomancePaola é uma mulher de 22 anos que, devido a uma gravidez aos 17 anos, viu sua vida virar de cabeça para baixo. Casada com Anderson e mãe do pequeno Gabriel de 4 aninhos, tem que se virar para conseguir segurar os apertos de casa, pois seu marido vi...