Capítulo 24

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- O que você está fazendo aqui, Anderson? - Perguntei o encarando, enquanto ele continuava brincando com Gabriel.

- Eita mulher! - Ele exclamou me olhando com cara divertida. - Parece que não tá feliz que eu voltei para casa.

Ao ouvir o que ele falou, não consegui evitar rodar os olhos diante de sua cara de pau. Ele continuava com a perna engessada, mas seu semblante estava bom. Mais corado, parece até que engordou um pouco. Não sei onde ele estava, mas a "ração" deveria ser muito boa.

- Você some durante dias... tento te ligar e nada de você atender e agora aparece com a cara mais lavada do mundo? Como se nada tivesse acontecendo?! Me poupa, Anderson! - Falei já nervosa. O dia não tinha sido bom e agora isso.

- Meu celular quebrou... não vi um novo, mas vou comprar amanhã no shopping. - Respondeu sorrindo.

- Mamãe! Papai! - Gabriel falou chamando nossa atenção. - Por que vocês estão brigando? - Perguntou com aquela vozinha linda, nos encarando surpreso e confuso.

Odeio brigar em frente ao meu pequeno. Quero ensiná-lo que as coisas devem ser resolvidas com conversa, diálogo e que brigas não são a saída para nada, só em casos extremos, pois ninguém tem que ser idiota também. Mas, como vou passar isso para ele se o pai é um babaca ordinário que não ajuda?

- Não filho. - Falei me aproximando e me abaixando perto dele. - Mamãe e papai só estão tendo um problema, mas não é briga, tá?! - Disse sorrindo e acariciando seu rosto, recebendo dele um sorriso lindo.

- Sua mãe tá nervosa, mas a gente se acerta, tá bom meu garotão?! - Anderson completou e, mais uma vez, rodei os olhos. Aí dele se ensinar para meu filho que eu sou descontrolada.

- Filho... por que você não mostra pro seu pai que já é um rapazinho e vai indo tomar banho sozinho? - Disse e ele abriu um sorriso maior ainda. Queria tirá-lo dali para poder "descascar" seu pai fora da presença dele.

- Tá! - Falou saindo do colo do pai e já correndo arrancando a blusa, todo desajeitado. - Olha papai, sou um homenzinho grande, já. - Disse indo para o banheiro.

- Cuidado para não cair. Mamãe já vai ver se está tudo bem. - Falei mais alto, me colocando de pé.

Fiquei em silêncio, enquanto Anderson pegou o controle e começou a trocar de canal insistentemente. Assim que ouvi o barulho do chuveiro, notei que já podia falar sem que meu pequeno ouvisse. Melhor assim!

Olhei para Anderson que me devolveu o olhar e sorriu. Que ódio dele.

- Onde você... - Comecei, mas ele me interrompeu de imediato.

- Arrumei um emprego. - Disse e me fez arregalar os olhos o encarando abismada.

- O quê?!

- Consegui um emprego de verdade... vou trabalhar de frentista em um posto em Irajá. - Respondeu me fazendo abrir a boca abismada.

- Quando isso? - Perguntei ainda sem entender direito o que estava acontecendo.

Ele suspirou e abriu mais o sorriso. - Assim... depois do que aconteceu aquele dia, pensei melhor e resolvi dar um jeito na vida. - Começou a explicar. - Então procurei um amigo e contei pra ele que tava precisando de trabalho. - Gesticulou com as mãos. - Ele tem contatos e conhece o gerente desse posto, onde tão precisando de um frentista para trabalhar no horário noturno. Fui com ele e conversei com o cara, logo, estou empregado. - Concluiu.

O encarei não acreditando no que ele dizia. Era algo bom demais para ser verdade. Se for verdade é maravilhoso, afinal, não terei que me desdobrar para dar as coisas para Gabriel, podendo melhorar mais a vida de meu filho.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora