O domingo estava tranquilo, apesar de ser um final de semana, poucos veículos transitavam por aquela estrada. Olho o celular e o sinal está baixo. As horas?! Exatamente 09:00 daquela manhã ensolarada e gostosa na pequena Taquari.
Parada na beira da estrada, olhando por sob os óculos aquela placa oferecendo serviços de borracharia, ao lado de fora daquela velha oficina. Volto a olhar para o aparelho celular e, como se quisesse que as horas passassem voando, me deparo com as mesmas 09:00 de segundos atrás, o que me faz suspirar ruidosamente.
Jogo minha cabeça para trás e seguro forte o volante, imaginando milhares de coisas que poderia estar fazendo naquele exato momento. "Talvez brincando na praia com Zuma, Gabriel e Paola? Ou, quem sabe, assistindo filmes animados enquanto Paola descansa lendo um livro qualquer?" Tantas coisas, mas, ao contrário, estou ali, parada naquele acostamento na beira daquela estrada deserta.
Fecho os olhos e tento focar no que precisava fazer, mas nada me vem a mente. Volto meu olhar para aquele lugar e parece vazio, morto, perdido no meio do nada. Ouço o som de um veículo se aproximando e diminuindo sua velocidade, estacionando exatamente atrás de mim. Respiro fundo algumas vezes e tento me acalmar diante daquela situação toda.
Vejo como aquele Gol preto estaciona poucos metros do meu carro e logo as portas se abrem, dando visão a dois homens bem mal encarados. Um é negro, alto, forte, veste uma camisa social azul, uma calça jeans desbotada, tênis e, para coroar o vestuário, um óculos, aparentemente, ray-ban. O outro, cabelos bem aparados, barba por fazer, pele levemente morena, usa camisa polo preta, calça jeans, tênis e só. Parece ser tão forte quanto o outro que o acompanha.
Ambos vem em direção ao meu carro, mas eu não me movo nem um milímetro. Caminham cada um por um lado do veículo e, enquanto o negro vem do meu lado, o outro, olhando em volta, caminha do lado do carona. Param, cada um de um lado e o que está parado à minha janela, bate levemente no vidro.
Abro a janela do carro e retiro meus óculos, deixando minha visão livre para ele que, acho que se sentindo convidado, faz o mesmo, me permitindo ver seus olhos negros como a noite.
- Fernanda?! - Pergunta e sua voz é fria, podendo causar medo caso não esteja preparado para ouvi-la.
- Machado? - Devolvi a pergunta e ele só balançou a cabeça em um sim. - É um prazer te conhecer pessoalmente. - Falei estendendo minha mão, que ele segurou e balançou levemente.
- Esse é meu parceiro de trabalho, Brandão. - Falou apontando com a cabeça para o outro, que se abaixou na outra janela e acenou com a cabeça.
Machado e Brandão estavam ali para me auxiliar no que eu precisava fazer. Havia falado com Machado na noite anterior, um dia depois de falar com Marcela e ter lhe dado a resposta sobre o que eu queria fazer.
Pensando bem, minha melhor amiga tinha conexões bem estranhas e perigosas, porém, úteis. Machado era ex policial civil e havia saído do trabalho por motivos que desconheço, enquanto, pelo que soube, Brandão ainda trabalhava na área. Enfim, os dois faziam vez de "detetives" particulares de vez em quando e eram chegados aos tais amigos de Marcela.
- Já o viu? - Brandão perguntou e eu balancei a cabeça que não, voltando meu olhar para a casa velha atrás da pequena oficina.
- Tem certeza que quer fazer isso? Dessa forma?! - Machado perguntou, recostando no meu carro e também olhando para aquela direção.
Suspirei pesadamente e pensei em tudo que havia acontecido esses dias por causa de um maldito filho da puta como ele. Não havia outra saída para tudo aquilo e para que pudéssemos ter paz, senão tomando as devidas providências para esse cara pagar por tudo que ele fez da pior maneira possível.
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Sombras do Desejo (Romance Lésbico)
RomancePaola é uma mulher de 22 anos que, devido a uma gravidez aos 17 anos, viu sua vida virar de cabeça para baixo. Casada com Anderson e mãe do pequeno Gabriel de 4 aninhos, tem que se virar para conseguir segurar os apertos de casa, pois seu marido vi...