Capítulo 50

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O domingo estava tranquilo, apesar de ser um final de semana, poucos veículos transitavam por aquela estrada. Olho o celular e o sinal está baixo. As horas?! Exatamente 09:00 daquela manhã ensolarada e gostosa na pequena Taquari.

Parada na beira da estrada, olhando por sob os óculos aquela placa oferecendo serviços de borracharia, ao lado de fora daquela velha oficina. Volto a olhar para o aparelho celular e, como se quisesse que as horas passassem voando, me deparo com as mesmas 09:00 de segundos atrás, o que me faz suspirar ruidosamente.

Jogo minha cabeça para trás e seguro forte o volante, imaginando milhares de coisas que poderia estar fazendo naquele exato momento. "Talvez brincando na praia com Zuma, Gabriel e Paola? Ou, quem sabe, assistindo filmes animados enquanto Paola descansa lendo um livro qualquer?" Tantas coisas, mas, ao contrário, estou ali, parada naquele acostamento na beira daquela estrada deserta.

Fecho os olhos e tento focar no que precisava fazer, mas nada me vem a mente. Volto meu olhar para aquele lugar e parece vazio, morto, perdido no meio do nada. Ouço o som de um veículo se aproximando e diminuindo sua velocidade, estacionando exatamente atrás de mim. Respiro fundo algumas vezes e tento me acalmar diante daquela situação toda.

Vejo como aquele Gol preto estaciona poucos metros do meu carro e logo as portas se abrem, dando visão a dois homens bem mal encarados. Um é negro, alto, forte, veste uma camisa social azul, uma calça jeans desbotada, tênis e, para coroar o vestuário, um óculos, aparentemente, ray-ban. O outro, cabelos bem aparados, barba por fazer, pele levemente morena, usa camisa polo preta, calça jeans, tênis e só. Parece ser tão forte quanto o outro que o acompanha.

Ambos vem em direção ao meu carro, mas eu não me movo nem um milímetro. Caminham cada um por um lado do veículo e, enquanto o negro vem do meu lado, o outro, olhando em volta, caminha do lado do carona. Param, cada um de um lado e o que está parado à minha janela, bate levemente no vidro.

Abro a janela do carro e retiro meus óculos, deixando minha visão livre para ele que, acho que se sentindo convidado, faz o mesmo, me permitindo ver seus olhos negros como a noite.

- Fernanda?! - Pergunta e sua voz é fria, podendo causar medo caso não esteja preparado para ouvi-la.

- Machado? - Devolvi a pergunta e ele só balançou a cabeça em um sim. - É um prazer te conhecer pessoalmente. - Falei estendendo minha mão, que ele segurou e balançou levemente.

- Esse é meu parceiro de trabalho, Brandão. - Falou apontando com a cabeça para o outro, que se abaixou na outra janela e acenou com a cabeça.

Machado e Brandão estavam ali para me auxiliar no que eu precisava fazer. Havia falado com Machado na noite anterior, um dia depois de falar com Marcela e ter lhe dado a resposta sobre o que eu queria fazer.

Pensando bem, minha melhor amiga tinha conexões bem estranhas e perigosas, porém, úteis. Machado era ex policial civil e havia saído do trabalho por motivos que desconheço, enquanto, pelo que soube, Brandão ainda trabalhava na área. Enfim, os dois faziam vez de "detetives" particulares de vez em quando e eram chegados aos tais amigos de Marcela.

- Já o viu? - Brandão perguntou e eu balancei a cabeça que não, voltando meu olhar para a casa velha atrás da pequena oficina.

- Tem certeza que quer fazer isso? Dessa forma?! - Machado perguntou, recostando no meu carro e também olhando para aquela direção.

Suspirei pesadamente e pensei em tudo que havia acontecido esses dias por causa de um maldito filho da puta como ele. Não havia outra saída para tudo aquilo e para que pudéssemos ter paz, senão tomando as devidas providências para esse cara pagar por tudo que ele fez da pior maneira possível.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora