Eu passei um dia de cão, andando de um lado para o outro com Cláudio para resolver solicitações de última hora feitas pelo cliente que, do nada, pediu mudanças em um projeto já aprovado e, ainda por cima, todo preparado para ser lançado este final de semana.
Imaginem como eu fiquei? Sim! Uma pilha de nervos, a ponto de explodir. Infelizmente para esse tal cliente eu estava, como minha falecida avó materna falava, "com a macaca", então não é difícil imaginar que saí dos saltos e, simplesmente, disse que não mudaria uma vírgula do que havia programado e, se ele quisesse, ele que pagasse a rescisão contratual e fosse procurar outra agência para resolver seu caprichos.
Não! Não estou inventando, aumentando ou "romantizando" a história para parecer mais aceitável para seus olhos, eu agi exatamente assim. Claro que o cliente não gostou nada, mas não estava nem aí, demorei para explodir diante de tudo que está acontecendo comigo, não é complicado dizer que o dele foi só o pingo final para o copo transbordar. Enfim!
Deixei Cláudio lá com ele, pois meu amigo e sócio saberá atuar melhor para resolver isso e não perdermos esse "bendito" de uma vez por todas, além de jogar nossa reputação no lixo. Estou arrependida de ter feito? Não! Acho que poderia ter maneirado? Talvez, mas não aguentava mais essa pressão toda. Azar o dele.
Voltei para a agência já havia passado mais da metade do dia. Ou melhor dizendo, já havia acabado o dia de trabalho. Assim que pisei no andar, fui para minha sala e na antessala já visualizei Paola, arrumando uma pilha de papéis. Eu estava bem irritada, então resolvi não falar nada com ela logo de cara, pois, se o fizesse, era capaz de eu perder as estribeiras e piorar nossa situação de uma vez por todas.
Entrei em minha sala, joguei a bolsa de canto. Peguei um pouco de água e bebi, precisava me acalmar, não poderia deixá-la ir sem antes falarmos, mas também não podia agir precipitadamente.
- Calma Fernanda! Você precisa respirar fundo e se acalmar. - Falei para mim mesma, andando de um lado para o outro.
Não sei precisamente quanto tempo fiquei naquela aflição, mas foi o suficiente para sentir minha tensão diminuir e meu corpo relaxar. Peguei o telefone e respirei incontáveis vezes antes de ligar para seu ramal. Disquei e não demorou para ela atender, denunciando que esperava que eu tomasse a atitude de chamá-la.
- Pois não?!
- Por favor Paola, venha a minha sala. - Foi o único que disse, desligando logo em seguida.
Esperei alguns segundos e logo pude ouvir toques leves à porta, era ela. Pedi que entrasse e ela o fez, entrando, fechando a porta às suas costas e vindo em minha direção, ficando de pé a minha frente, mas mantendo uma certa distância.
Fiquei um tempo a observando, olhando seus trejeitos e maneira de me encarar. Ela não me olhava diretamente, mantinha seus olhos baixos, como se estivesse ressabiada. "Talvez eu agiria assim também se tivesse feito o que fiz com minha chefe antes" pensei me apoiando na mesa e cruzando os braços.
- Acho que você sabe o porquê de te chamar aqui, não é?! - Comecei o assunto, mas sem desviar o olhar dela.
- Sei sim. - Ela respondeu ainda sem me olhar, mas sua voz estava firme. Decidida.
- Então?
- Então o quê?! - Ela me questionou, finalmente me olhando diretamente.
- O que tem a dizer sobre seu "ataque"... - Sinalizei com os dedos a palavra. - De mais cedo?!
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Sombras do Desejo (Romance Lésbico)
RomansaPaola é uma mulher de 22 anos que, devido a uma gravidez aos 17 anos, viu sua vida virar de cabeça para baixo. Casada com Anderson e mãe do pequeno Gabriel de 4 aninhos, tem que se virar para conseguir segurar os apertos de casa, pois seu marido vi...