Acordei naquela manhã morrendo de dor de cabeça. Acho que se tivesse sido atropelada, não estaria tão mal quando estou agora.
Virei-me em minha cama e percebi que estava vestindo uma calça de moletom e uma camiseta regata. Suspirei imaginando como consegui chegar sã e salva em meu apartamento e ainda conseguir me vestir.
Estava com um gosto terrível na boca, além de minha cabeça latejar, me mostrando o problema de beber de maneira desmedida como eu fiz no dia anterior. Levantei com dificuldade e fui para o banheiro, precisava de um banho e escovar meus dentes urgentemente. "Tô parecendo um gambá que caiu em um tonel de cachaça." pensei ao me olhar no espelho. Suspirei fundo, arranquei a roupa e corri para tomar um banho frio.
Se eu disser que não lembro de nada que aconteceu depois que me excedi na vodca, vocês acreditam? Pois é a mais pura verdade, não me recordo de nada. Tenho flashs de eu conversando com alguém, meu escritório, um abraço aquecedor, mas, além disso, absolutamente nada mais.
Deixei a água correr por meu corpo, tentando lavar toda aquela desgraça em que me encontrava, mas eu sabia que era difícil.
- Droga! Odeio perder o controle! - Falei socando a parede do box. - Aí! Ainda me machuco!
Olhei para minha mão e vi a marca vermelha nos nós, mostrando que, mais uma vez em três dias, havia me excedido. Aquela situação toda estava me fazendo perder o controle muito fácil e eu precisava resolver isso logo, antes que pirasse de vez.
Saí do banho, escovei os dentes e fiz enxágue bucal. Tentei, o máximo que podia, me deixar apresentável para ir para o trabalho. Era uma semana importante para eu me deixar abater e colocar tudo a perder.
Quando voltei para meu quarto, encontrei sobre a mesa de cabeceira um copo de água com um comprimido, provavelmente um analgésico.
- Quem está aqui? - Perguntei para mim mesma, saindo apressadamente.
Não demorou para encontrar a "boa alma" que havia me deixado aquela pílula com a água toda folgada em minha residência. Assim que cheguei na cozinha, dei de cara com Helena, vestindo um pijama soltinho, fazendo o café da manhã.
- Helena?!
Minha irmã se virou assim que ouviu minha voz e ergueu uma sobrancelha. Estava na cara que ela havia passado a noite ali comigo, portanto tinha me visto em, possivelmente, um estado deplorável.
- Bom dia Gata Borralheira. - Falou se virando e voltando a se concentrar no que estava fazendo.
- O que está fazendo aqui? - Perguntei a olhando estranhada.
Minha querida irmãzinha nem se virou para me olhar. Ela continuou o que estava fazendo e, só quando terminou, deu a volta para servir o café na mesa.
- Responde, Helena.
- Você não lembra mesmo, Fernanda? - Perguntou colocando a mão na cintura e me olhando séria. "Esse olhar dela não é boa coisa." pensei apreensiva. Às vezes ela lembrava muito a nossa mãe, calma e brincalhona, mas quando se irritava com algo, sai de baixo.
Suspirei fundo, passando a mão no rosto. - Não lembro, Helena. Podia me esclarecer?
Minha irmã inspirou fortemente o ar e puxou a cadeira para se sentar. - Senta, toma café comigo e te conto tudo. Ok?
- Estou morrendo de dor de cabeça.
- Bebeu o algésico que deixei no quarto para você?
- Ainda não...
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Sombras do Desejo (Romance Lésbico)
Roman d'amourPaola é uma mulher de 22 anos que, devido a uma gravidez aos 17 anos, viu sua vida virar de cabeça para baixo. Casada com Anderson e mãe do pequeno Gabriel de 4 aninhos, tem que se virar para conseguir segurar os apertos de casa, pois seu marido vi...